segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

NUTELLA NOS OLHOS DOS OUTROS É REFRESCO




Chega aquele dia em que você resolve jogar a toalha. Descer do salto. Abrir mão de todo seu orgulho. E admitir que precisamos de ajuda. No meu caso vou ser muito sincera. Acordei de um transe semana passada. Engatei um ano de reflexões pessoais, com um vício maldito em um jogo estúpido online. Coisa de quem é gordo, infeliz e não tem mais nada para fazer. Verdade que eu não sou infeliz, e tenho muita coisa para fazer, mas viciei no jogo. Então você vai pensar: Ahá! Tá gorda... Não é que eu esteja gorda (afinal, quem me conhece sabe que isso nunca vai acontecer), mas existe comprovação científica das consequências físicas de Nutella combinada a horas bundando jogando besteira no IPad. Depois de exaustivas pesquisas com mulheres entre 18 e 45 anos, das mais diversas classes sociais, que foram submetidas ao hábito da inércia somado ao consumo de Nutella de colherinha concluiu-se: 80% delas culpam a TPM, mesmo não estando em TPM. 10% culparam os próprios sobrinhos. 5% culparam o cachorro. 3% desenvolveram bulimia, e apenas 2% não sentiram nenhuma diferença por se tratarem de mulheres alienígenas com alto metabolismo e que não engordam com cremes de avelã. De qualquer forma o resultado da pesquisa foi contundente: Nutella faz com que suas formas fiquem mais roliças do que o desejado. Sim! Estou roliça. Pessoalmente acredito em uma conspiração malévola da empresa fabricante de Nutella para alterar as formas das minhas nádegas. Tudo bem que não precisava ficar aquela coisa esquálida de quando eu voltei da Guatemala, mas é de conhecimento público que coxas do tamanho das de assistentes de palco dos programas de auditórios só ficam bonitas em filmes de chanchada ou gosto duvidoso (Dúvida: Ainda fazem chanchadas?). Pode ser um baita preconceito meu (e quem não tem nenhunzinho preconceito, que atire a primeira pedra), só sei que a coisa não está legal. Sábado à noite fui parada por um bêbado na rua para elogiar minhas formas, caminhões de feira adoram buzinar quando estou andando na calçada (mesmo que eu esteja vestindo tailleur e com cara de brava), e ontem um morador de rua não sossegou enquanto não amarrou um balão de gás no meu pulso. De presente. Nutella deixa nossas curvas mais populares. Faz a gente cair no gosto do povo. Ganhar assobio na frente da obra, e ouvir na calçada do Trianon um cantado “Ô lá em casa!”. O que me levou a conclusão de que é uma grande injustiça da mídia nacional ao apelidar de frutas as mulheres roliças que tanto fazem nossos homens salivarem. Mulher melancia, mulher maçã, mulher jabuticaba. Meus senhores! Nenhuma dessas mulheres comeu melão ou banana com aveia para alcançar aquelas curvas. Vamos falar a verdade: estou virando a Mulher Nutella. Daquelas mulheres que passam bem longe da Vogue e se encaixam melhor em folhinhas de borracharia. Deus do céu! Como minhas ambições passam longe da exposição do corpinho em cadeia nacional, e eu sempre fui muito mais Audrey Hepburn do que Marilyn Monroe, tá na hora de assumir o problema, parar com a negação e procurar ajuda. Ah, principalmente: Jogar a Nutella fora! Portanto amiguinhos, vale tudo. Convite para corrida de rua. Indicação de nutricionista. Parceria para passeio de bike. Programa de trekking em montanha. Escalada em parede de alpinismo. Mergulho no final de semana. Dupla pra jogo de tênis. Companhia para massagem modeladora. Endereço de spa. Convite para jantar folhas e, principalmente, não me deixar voltar a fumar. Podem até dizer que eu estou bonita e estou bem e que "para-de-besteira-adriana-você-está-ótima, mas no fundo, quem passa o dia inteiro nesse corpo sou eu. E sou eu quem precisa se sentir bem.