domingo, 11 de março de 2012

SUBINDO PAREDES


Eu gosto de esportes. No geral gosto. Gosto de correr, da minha yoga matutina. A cada aula fico mais e mais apaixonada pelo ballet. Como eu sou uma preguiçosa crônica, variar as modalidades de esporte é uma ideia inteligente. Há algum tempo tenho alguns amigos comentando sobre escalada. Essa coisa de subir parede mesmo. Eu já escalei quando era mais nova. Não, assim, “in a regular basis”. Escalei de brincadeira, umas duas vezes. Na mesma época em que meus colegas irresponsáveis jogavam cordas dos viadutos da Rodovia dos Bandeirantes para a gente descer de rappel. Até que a Polícia Rodoviária chegava e a gente fugia. Era molecagem, mas era saudável. No fundo a gente só estava praticando esportes. Então essa semana resolvi experimentar escalada novamente. Fui com a cara e a coragem, sozinha, lá na Casa de Pedra. A Casa de Pedra é uma academia de escalada indoor. Funciona em um galpão aqui perto, em Perdizes. Você paga a diária, e pode ficar o tempo que quiser, subindo e descendo paredes. Eu senti falta de uma orientação maior. Foi meio na raça mesmo. Cheguei, me deram o equipamento e eu entrei no galpão onde dezenas de pessoas pareciam mega entrosadas. Ninguém veio falar comigo, então eu abordei um rapaz que estava com o uniforme da academia. Ele pareceu um pouco impaciente de pegar uma novata, olhou em volta, perguntou para um outro aluno se ele estava sozinho e nos apresentou. Deveríamos fazer a segurança um do outro. Primeiro o rapaz subiu uma via, e o instrutor me ensinou como fazer a segurança. E depois desapareceu. Quem me deu dicas mesmo de como escalar foi o rapaz que acabou fazendo par comigo e era a quinta vez que ele escalava. Tentei subir a primeira via. Fui até a negativa, então eu senti tanta adrenalina no sangue que minhas mãos tremiam e eu não conseguia me segurar mais. Então eu desci. Depois fiz travessia lateral algumas vezes, subi por vias mais umas três. O resultado é que esse final de semana inteiro, mal posso levantar o braço. Sinto TODOS os músculos super trabalhados. E nas costas, sinto músculos que nunca imaginei que tinha. Achei perigoso para quem não tem noção de perigo e nunca trabalhou esporte de aventura, o esquema da Casa de Pedra que deixa os freqüentadores largados fazendo o que querem pendurados nas paredes. Mas adorei o esporte. Quem sabe com pessoas de confiança, que possam me ensinar e me dar dicas, eu não faça “in a regular basis”.

sábado, 10 de março de 2012

SEM AGROTÓXICOS

Nos últimos três meses eu passei por um bocado de provações. Ainda estou passando. Entre elas, minha saúde me fez lembrar que ela também é de papel. Como quase todo o resto, senti que podia se desmanchar até sumir com a chuva. O que importa é que, na necessidade de ficar o mais saudável possível, eu estou com atenções redobradas sobre tudo o que entra no meu organismo. Seja física ou energeticamente. E foi assim que eu descobri “O Bom Verdureiro”. Alimentos orgânicos sempre foram mais um flerte do que um objetivo em si. De vez em nunca eu dava um pulinho no Parque da Água Branca, ou comprava uma ou outra coisa na secção de Orgânicos do supermercado. Mas no geral eu achava tudo muito feio e mirradinho. Acabava fazendo feira aqui na praça em frente de casa ou indo na “Quitanda” na Vila Madalena. Quando percebi que, cuidar da minha saúde, havia se tornado uma coisa necessária e não apenas um luxo, resolvi que mudaria minha alimentação. Muitos grãos. Além do vegetarianismo, passei a comer alimentos orgânicos. Sim, eles são mais caros. E podem pesar muito no orçamento, principalmente para quem tem família. Mas eu sou sozinha, e como eu disse, virou necessidade. “O Bom Verdureiro” funciona assim. Você assina o mailing deles e eles possuem uma rede de produtores nas redondezas de São Paulo. Duas vezes por semana eles enviam uma lista com os legumes, frutas e verduras que vão estar disponíveis. Você assinala o que quer, envia por email e às 3as e às 6as feiras eles entregam na sua casa. Tudo é colhido no dia anterior para vir direto para minha geladeira. Por isso você só compra o que está fresco e na época. Reduz as emissões de carbono, e o sabor... É inacreditável a diferença! Além do básico da feira, eles fornecem leite, queijos, geleias, temperos, papinhas de bebê, barrinhas de cereal, ovos e congelados. Tudo orgânico! Eu acho luxo, verdade. Mas se não é exatamente por essas coisas que viver em SP é tão maravilhoso.

terça-feira, 6 de março de 2012

ONTEM


Ontem eu fui dormir a pessoa mais solitária do mundo. Sem drama nenhum. Só tentando entender como – se eu passei os últimos anos tentando ser uma pessoa melhor – eu cheguei até aqui. Não posso dizer que não tenho amigos. Eles só não estão ao meu lado. Estão muito longe. Em outro fuso horário. E por mais que eu ame essa cidade de uma maneira irracional e intensa, eu sinto que só me restou mesmo esse amor aqui.
Ontem eu fui dormir com saudades de Roma. De como eu fui feliz lá. Fui dormir pensando em como eu quero voltar, de como eu quero viver lá por um tempo.
Ontem fiquei pensando no ditado: “Quando Deus fecha uma porta, em algum lugar ele abre uma janela.” Fiquei por dias pensando que todas as portas estavam fechadas. Talvez o que esteja sendo aberta é a janela para o mundo.
Ontem eu fiquei pensando que eu devo partir. Que eu preciso me fortalecer espiritualmente e nunca mais voltar. Eu finalmente entendi que a vida me tirou todo o círculo social para que eu possa, enfim, mergulhar na minha alma.
Ontem eu me despedi.