sábado, 12 de maio de 2012

CARTA DA MINHA PESSOA

Eu não respondo comentários, raramente respondo emails sobre o blog. Vira e mexe alguém dialoga com o meu post, porque geralmente eu escrevo buscando algum diálogo. É paradoxal mesmo, eu busco diálogo e não respondo. Simone de Beauvoir dizia que o silêncio é uma forma de diálogo. Hoje resolvi publicar uma carta linda que recebi da minha irmãzinha Carol, que é minha pessoa no mundo. Nunca a incluo quando falo que me sinto abandonada ou solitária. Mesmo os anos em que perdemos contato uma da outra, entre a infância e a idade adulta, nunca deixamos de nos pertencer, e ela me arranca lágrimas e entende minha alma, porque nossas almas são irmãs. O que respondi a ela, em síntese, é que não menosprezo o amor que tenho, mas não consigo evitar me ressentir pelo amor que me foi tirado. Pelas pessoas que eu amo e que me abandonaram. Ainda não consigo. Estou trabalhando o desapego, estou meditando entender que pessoas vem e vão. E quando dói muito, deságuo no blog. Só porque acho que é melhor vazar em algum lugar do que fingir que não está lá. Não me ressinto por estar triste. Agradeço a tristeza pungente. Sem ela acho que nunca terminaria meu livro. Estou me alimentando dessa tristeza, fazendo do limão, caipirinha. 






Minha querida Dri,
Acredito que de quando em quando temos que reforçar as opiniões e admirações que temos pelos "Nosso Seres no Mundo". Em todas as conversas que temos, criamos o hábito da sinceridade e da troca de elogios (que no fundo são só verbalizações da admiração que nutrimos uma pela outra). Como não temos nos encontrado muito on-line resolvi escrever-te uma mensagem. Curiosamente li, há pouco, o teu blog e resolvi alterar um pouquinho esta mensagem. Ao invés de ser uma mensagem “conversa”, farei dela uma mensagem EXCLUSIVA de elogios e miminhos. 
Desde que te conheci admirei sempre a tua força de vontade, apesar de estares (acredito que seja mais o teu ditador interno) sempre a se auto-recriminar de começares algo e não chegares ao fim. Como uma amiga de muitos anos que sou, tenho que discordar de ti. http://static.ak.fbcdn.net/images/blank.gif Podes “desistir” de algumas coisas, porém não desistes NUNCA daquilo que é importante para ti e que acreditas que seja verdade e correcto para ti e para o mundo. É a mesma força de vontade que eu conheci há mais de 20 anos atrás, que eu continuo a ver hoje em ti.
Tens um coração de mãe, sempre tem espaço para mais um… mais um beijo, um abraço, uma conversa, uma pitada a mais de sinceridade, um amor, mais um carinho, uma atenção especial, uma amizade.
Tens coragem de enfrentar a mais dura viagem – que é importante reforçar aqui, que é a viagem mais evitada pelos seres humanos – que é a viagem interna do conhecimento, sem anular o meio que te rodeia. Tivestes coragem de “largar” o conforto da tua vida, para partir numa busca pelo teu interior, percorrendo o mundo. Te enriquecendo de outras culturas e aprendendo o que te é mais importante e querido na tua própria cultura, estando longe – arrisco até a dizer “imparcialmente – da tua, podendo analisar a ti mesma como pessoa. Saiba que a maioria sucumbi a estas tentativas, e tu não sucumbiste. Trilhaste o teu caminho inteiro e para isto é preciso muita coragem!
Em todos os lugares por onde passas, deixas amigos, conhecidos e pessoas que não conseguem ser catalogadas, que são aquelas que te acompanharão por toda a tua vida, por muito que nunca mais as encontre. Isso significa, empatia, amizade e um coração cheio de amor. Há pessoas que nos acompanham fisicamente durante a maior parte da nossa vida, há pessoas que nos acompanham durante pouco tempo e há mais tantas outras que nos aparecem em momentos específicos da nossa história, que nos fazem sentir as mais diversas sensações e apresentam uma infinita panóplia de lições. Todas elas fazem parte da nossa malha de conhecimentos e experiências que formam o nosso carácter. Eu, tenho muita sorte de ter-te como uma das “minhas pessoas no mundo” e ainda ter-te na minha malha.
Lembre-se sempre e principalmente nos dias que precisas de colo e não tenhas ninguém para te o oferecer, que há neste mundo as “tuas pessoas” que TE AMAM muito e que querem pôr-te em baixo das tuas asas sempre que precisas. Por muito que muitas delas estejam distante fisicamente, espiritualmente, energeticamente ou em pensamento, elas estão sempre contigo. Carregam-te nos corações, carregando-te assim em muitos momentos das suas vidas, passando-te o carinho que mereces e atenção que a ti é destinado.
Receba um beijo muito carinhoso e abraço carregado de miminhos e cafunés. Espero que a tua gripe vá embora logo e que fiques rapidamente melhor.

Love

sexta-feira, 11 de maio de 2012


Acordei nocauteada por uma gripe. Daquelas que nos fazem ter vontade de passar o dia em posição fetal. A ela se juntou uma tristeza aguda que está me acompanhando há alguns dias. Tristeza e gripe. Duas coisas que pedem cama, chá e colo. Estou pegando tudo isso e usando para um conto. Pelo menos tentando arrumar algo de útil, para não virar tristeza por tristeza. Fiquei pensando muito de onde vem a tristeza. Não sei. Sei que ela cutuca, o tempo todo. Talvez venha da minha sensação de estar à deriva, de estar em vias de desmoronar. Do quanto eu tento fugir da autopiedade do abandono. Ou talvez seja tudo isso agravado pelas vias aéreas entupidas, o pulmão dolorido e o paracetamol insuficiente. Hoje escrevi para uma pessoa querida, disse que não sabia receber elogios. Nunca soube. Falta de prática. Não fui uma criança elogiada, muito menos uma adolescente. Quando cheguei a idade adulta já havia me convencido de que não precisava de elogios, e tinha aprendido a falsear minha própria segurança. No geral o que as pessoas enxergam é uma mulher metida, que não precisa de nada nem de ninguém. Arrogante até. Então bloqueiam os elogios, como se eu já tivesse tido minha cota na vida. Então sinto pânico de elogios, porque nunca me chegaram com sinceridade, ou sempre vieram atrelados de segundas intenções. Parece tão patético. Eu sou aquela garota que quer tanto ser a amiga, ser a companhia, ser amada; mas a quem nunca ninguém disse que ama. Quem tem cabelo crespo sempre sonha em alisá-lo. É o que dizem. Às vezes as pessoas querem nos machucar só porque não mostramos o quanto dói. Só para ter certeza de que sentimos. Eu nunca fui boa com elogios. Também nunca fui boa em gritar quando dói. Eu deito na cama em posição fetal, tomo uma sopa, faço um chá e me entupo de paracetamol. Até o dia em que eu acordar e der para respirar.

quarta-feira, 9 de maio de 2012


Tinha lido em algum lugar que a Nigella emagreceu um monte comento um macarrão japonês que não tinha calorias. Esse é o tipo de informação que deixa uma mulher insana. Alguém famoso emagrece comendo algo gostos que nem caloria tem. Coloquei o tal do macarrão mágico na lista das minhas prioridades em descobertas gastronômicas. Na minha imaginação era uma espécie de miojo, gostoso e leve; e eu ia comer aos quilos como se fossem pepinos. Ou eram transparentes e de textura irresistível como aquele macarrão servido frio no couvert dos restaurantes da Liberdade. Sempre que eu ia no supermercado procurava o tal macarrão. Pegava cada embalagem e ia checando as calorias. Ficava frustrada quando constatava que todos tinham pelo menos 180Kcal por 100g. Ninguém emagrece com macarrões assim. Fui até um desses mercadinhos da Liberdade. Comprei salgadinho Okaki, bala de melão e fiquei procurando calorias nas embalagens de macarrão. Quando eu já estava desistindo uma senhora se ofereceu para me ajudar. Procuramos o nome do tal macarrão que fez Nigella emagrecer no Google do celular e a velhinha me levou até o tal milagre: um saco de água turva com uma coisa minhocuda boiando. Comprei. Estava decidida  a experimentar, mas “e coragem”? Imaginei receitas, ensaiei cortar a embalagem. Deixei na geladeira até dar a data de validade ontem. Não tive coragem nem de abrir a embalagem, foi para o lixo com pacote e tudo. Medo do cheiro. Medo maior do gosto daquilo. Na minha concepção de comida, aquilo não é macarrão. É comida de peixe. Como é que ninguém nunca falou sobre isso? Nem minha revista de Boa Forma, nem mesmo a Folha de São Paulo. Todo mundo fala que a Nigella emagreceu comendo o tal macarrão mágico, mas eu acho que na verdade ela emagreceu de intoxicação alimentar com esse troço nojento. Fiquei estarrecida que tenham pessoas que realmente comem aquilo. Até entendo se faz parte da cultura da pessoa, agora comer aquilo só porque alguém emagreceu? Meus instintos femininos que me perdoem, vou copiar algum outro hábito de dieta de pessoas famosas. Eu sou daquela filosofia de que você é o que você come. Eu não quero ser comida nojenta de peixe. Prefiro ficar mais gordinha. A vida é curta demais para ficar sentindo gosto ruim.


terça-feira, 8 de maio de 2012

A GOOD DAY


Andei sem postar não porque tinha feito a proposta de só falar de coisas boas e não estava conseguindo. Só por falta de tempo mesmo. Mas ontem foi um dia tão... tão... que achei que seria mesmo um desafio falar coisas boas dele. Cansada, atrasada, sobrecarregada, triste, com dor de dente, a gata doente, TPM... Vai, fala algo de bom de um dia assim! Tenta! A gente acaba ficando com o pavio curto. E comendo Nutella de colher. E mandando a yoga catar coquinho na esquina. É assim que funciona. Até queimei miojo ontem! Juro. Depois trabalhei até às 2h. Mas deu tempo de parar um pouquinho e fofocar com a Manú sobre nossa próxima viagem. Se tem algo que muda completamente meu humor é planejar viagem. Eu vou de velhinha rabugente pra Polyanna otimista em dois segundos sem escala. E nossa próxima viagem vai ser daqui 15 dias. Vou realizar um sonho: conhecer Fernando de Noronha. Melhor! Fiz um curso de mergulho nesse final de semana e vou fazer meu batismo lá. Eu tinha uma visão completamente diferente do que era um batismo de mergulho. Achei que ia ser algo mais poético, tipo, alguém jogando água na minha cabeça e eu me tornaria uma “mergulhadora”. E depois ia ficar nadando com os peixinhos, beijando as moreias, abraçando tartaruga. Na prática não é bem assim. Um batismo de mergulho é uma série de 4 mergulhos divididos em 2 dias em que eu preciso mostrar para o instrutor que eu não vou morrer afogada quando eu for mergulhar. Eu preciso mostrar que eu sei montar o equipamento, colocar adequadamente. Verificar se ele está apropriado. Entrar na água, fazer a descida. Então eu preciso mostrar que eu sei como fazer caso o respirador escape, eu perca a máscara. Tirar a máscara embaixo d’água, tirar água de dentro da máscara. Tenho que fazer uma série de simulações de falta de ar, de acidentes com o cilindro. Fazer subidas de emergência e simulações de controle do acúmulo de nitrogênio no corpo. Tudo para garantir que eu não tenha que ficar em uma câmara hiperbarica quando sair da água. Fora os exercícios de navegação e flutuabilidade, para mostrar que eu não vou afundar além do limite que eu sou capacitada. Como mergulhadora de águas abertas eu estou apta a descer até 18m de profundidade desde que não entre em locais confinados ou com teto (cavernas ou naufrágios). Depois disso tudo, ele vai me deixar brincar um pouquinho com as tartarugas marinhas. Fora que a brincadeira é uma pequena fortuna. De qualquer forma, estou em êxtase! Vou tirar minha carteirinha PADI em um dos maiores paraísos de mergulho da Terra. Quando eu penso nisso não tem dor de dente, nem rabugice, ou TPM. Mas a gata ainda está doente...