sexta-feira, 1 de agosto de 2014


Essas duas semanas foram bem complicadas para mim. Ano passado foi um dos piores da minha vida. Fiquei doente, muito estressada, passei por um período bem difícil. Só não foi pior porque, ao contrário de outros períodos da minha vida, minha cabeça estava bem. O budismo e a meditação me deixaram muito mais forte hoje. Com a virada do ano eu estava certa que a tempestade tinha passado. Mas ouvir notícias de que voltei exatamente onde estava há um ano só me deixou mais estressada. É um inferno astral que vem com alguns medos, muita fragilidade e uma tonelada de consultas em médicos. É como quando a gente toma um caldo da onda no mar. A água faz um turbilhão, leva a gente com ela. Às vezes perdemos o sentido de direção. Não sabemos mais onde é superfície ou fundo. Engolimos água, perdemos o ar. Depois somos arrastados no chão do raso, enchendo o biquini de areia, tentando recuperar o ar. Eu estou tão irritada com isso tudo. Já nem sei mais se é legítimo ou se é sintoma. O problema é que a irritação drenou o pouco de paciência que eu tenho. Me enfureço de ouvir qualquer voz humana, sou agressiva com as pessoas, tenho andado com cara de poucos amigos. Amigos a gente tem poucos mesmo. Ainda mais nessas horas. Nem é pelo estado do humor, é mais pelos questionamentos do que se busca na vida. Quando a vida fica assim, tão frágil e tão rarefeita, fica difícil desperdiçá-la com nada que não seja excepcional. Talvez a irritação venha disso. De nunca aprender a lição, permitir ficar me perdendo com o que não vale repetidas vezes. Melhorei nisso. Tem gente que diz que é da idade. Eu acredito nas experiências. Não existe um tempo futuro em que tudo vai estar perfeito, em que minha saúde vai estar ótima, e eu vou poder enfim viver a vida. Só existe esse momento, essa vida. Eu tenho que me virar com ela. Só quero aquilo que me arrebate o peito.