segunda-feira, 30 de abril de 2012

Coisa boa 1

Coisa boa de ontem - Terminei mais um capítulo do livro. Estou começando a sair da parte mais dolorida, espero que daqui para frente ele flua mais rápido. Não sei se está ficando um livro muito triste ou muito piegas. Estou procurando não pensar muito nele todo. Não tenho um pingo de distanciamento. Estou tentando escrever um livro bonito, só que falar de luto... É. Pode ficar um livro muito piegas. Hahahaha!

GATA ESCALDADA




Ontem resolvi dar banho na gata. Pois é, eu dou banho na minha gata. Dizem que não pode. Pura lenda. Verdade que gatos são infinitamente mais limpos do que cachorros e, por isso, não precisam de tantos banhos. Eles se lambem o tempo todo, e a língua deles já vem com uma espécie de “escovinha” que mantém os pelos limpos. Conheço gente que dá banho nos gatos de 6 em 6 meses. Acho exagero. Principalmente porque são bichinhos que não conhecem muitos limites, então eles vão subir no sofá, na mesa, na cama... Questão de higiene. Eu gostaria de dar banho na Holly toda semana. A alergia é à saliva e não ao pelo. Os banhos ajudam muito no consumo de lenços de papel. Mas a veterinária e tia disse que pode causar dermatite. Então eu dou banho a cada 15 dias e alterno com limpezas de baby wipes e escovadas diárias. Tudo isso, junto com Allegra D diário, funciona. Eu e a gata podemos conviver no mesmo espaço. Mas ontem ela não escapou. Subimos eu, toalha, shampoo e gata. Enchi a pia com água morna e tchibum! Holly até que não esperneia ou arranha muito. Julie era complicada. Houve vezes que o pessoal do Pet Shop a devolveu sem banho porque não conseguiram. Julie era kamikase. Holly é paz e amor. Isso não quer dizer que ela não reclama. Reclama. Muito. Grita, mia, me olha decepcionada. Como se eu fosse o ser humano mais cruel do mundo. Dá para sentir no tom do miado o quão magoada ela está. Se algum vizinho estivesse ouvindo tenho certeza que ligaria para a Sociedade Protetora dos Animais. Se algum dia minha foto aparecer rodando o Facebook, podem ter certeza! Eu estava dando banho na gata. Mas Holly é sem vergonha. Faz um escândalo quando está molhada, mas depois de seca e perfumada, pula na minha cabeça e me lambe a cara. Talvez seja vingança pelo banho dado. Como se ela soubesse que eu evito a saliva. Vem e me lambe a narina. Sua estratégia espiã de me causar mais alergia. Ou talvez Holly seja adepta do olho por olho. Você me dá banho, eu dou banho em você. 

sábado, 28 de abril de 2012

MUTLEY



Sempre morri de rir com aquele cachorro vira-latas da Corrida Maluca. Ou quando ele e o Dick Vigarista perseguiam o pombo correio e sempre dava tudo errado. Adorava vê-lo resmungando, e a risada rouca. O Mutley é o rabugento mais icônico da minha infância. Acho que todo mundo adorava ele. Na vida real o excesso de rabugice não faz tanto sucesso. Essa semana eu estava escrevendo um post e depois de dois parágrafos me dei conta que eu só reclamava. Dois parágrafos reclamando de como eu não conseguia cumprir as coisas que eu me propunha, de como a alergia estava fazendo minha casa ficar repleta de lencinhos de papel usados, de como a grana está curta, e o meu tratamento dentário está ficando uma fortuna, de como eu não tenho vida social e me sinto sozinha, e de como eu estou sempre, constantemente, irremediavelmente, insatisfeita. Pensa só nisso! Vontade de jogar a pessoa pela janela do 15º andar. Não existe nada mais chato do que gente que só reclama. Gente que está sempre com algum problema, enfrentando alguma “adversidade”, sendo vítima de alguma coisa. Eu mesma não tenho 5 minutos de saco para aturar gente que, quando você pergunta se está tudo bem, responde “Tudo...”, então dá um profundo suspiro e começa toda a ladainha e o mimimi. Nós vivemos em uma sociedade que tende a engrandecer as agruras pessoais. “Ah, coitadinha! Passou por tanta coisa!!!”. Quer saber? É um saco! Todo mundo tem uma certa dose de drama na vida. Passar por dias difíceis ou experimentar tristeza, insegurança, injustiça, traição não é exclusividade de ninguém. Nós viemos nessa vida para viver exatamente essa experiência. Ser humano. E a experiência vem com uma gama muito ampla de sentimentos que são incríveis de serem vividos. Então se você está experimentando sentimentos negativos, que bom para você! Significa que a vida está acontecendo de forma completa para você. E sim! Ela está acontecendo de forma completa para mim. Tem épocas que é mais aventura, é mais como um filme de ação. Tem outros que é romance daqueles que nos fazem sonhar no sofá em dia de chuva. E tem momentos que é chata e monocórdica como um filme iraniano (Ok! Até gosto de alguns filmes iranianos, mas vamos combinar que cinema iraniazzzzzzzzzzzzzzzz). Claro que tem um grupo de sentimentos que a gente não fica muito empolgado em sentir. Mas eu acho que a graça da brincadeira é pintar o quadro com várias cores. Que a felicidade só acontece quando existe parâmetro de comparação. Então eu apaguei o post e deixei o blog vazio. Porque eu também acredito que, apesar de querer toda a gama de sentimentos a que eu tenho direito, eu não sou boba o suficiente para ficar reforçando os que não são tão legais de sentir. Reclamar é tão somente isso. Valorizar o que acontece de ruim na nossa vida. Todos os dias, por pior que sejam, acontece pelo menos alguma coisa boa. Ainda assim há sempre quem prefira reforçar o negativo ao positivo. Não estou falando de ser irritantemente otimista, ou aquele papo chato de Polyanna. Tô falando que não é muito inteligente ficar reforçando o que a gente tem de pior. Assim como o Google, a vida reproduz os temas mais recorrentes, exibe em primeiro lugar os sites mais acessados. Então, aqui, eu baixei nova regra. Só reforçar o que for bom, o que for bonito, o que for gostosinho. O Mutley é uma gracinha, mas ele nunca terminou uma corrida. ;-)

terça-feira, 24 de abril de 2012

Eu escrevo


Eu escrevo. É a coisa que mais gosto de fazer, o que me dá mais prazer. Não estou falando de textos para internet ou posts para blogs. Eu escrevo literatura. Sei que para muita gente isso soa arrogante, um pouco pomposo. Existe um certo glamour na ideia de escritores, criações. Talvez porque somos obrigados a ler clássicos na escola, e (muitos de nós) descobrimos uns tantos outros na vida adulta. Existe mesmo uma reverência à pessoa capaz de nos hipnotizar ao longo de um livro. Por aquele capaz de construir um universo tão rico e fascinante apenas com palavras. Talvez venha daí a sensação de pretensão quando alguém diz que escreve. Eu vejo como um ofício. Um objetivo na vida. É a minha cenorinha a frente do cavalo. Quando eu fecho os olhos e derreto tudo o que está a minha volta, onde me vejo é escrevendo. Não sei como vou chegar lá. Eu tenho uma porção de outras coisas que também são importantes para mim. Eu tenho um padrão de vida (do qual eu não abro mão de jeito nenhum). Tenho minha família. Tenho meu sonho de conhecer o mundo. Então a literatura fica encaixada no meio de tudo esperando o momento de virar protagonista. É muito fácil ela virar coadjuvante. Às vezes até figurante. Talvez meu maior esforço de 28 dias, é ser constante na literatura. Além de bonita e com uma bunda legal, eu quero chegar aos 40 anos escritora. Porque tem também a vaidade. Não a de ego, a física mesmo. Mas enfim, eu escrevo. E um dia eu vou trocar todos os “ex” que me descrevem nesse blog por uma única palavra: “escritora”. Só não troco porque ainda não sou. E porque ainda não me sinto uma. Porque isso é sério e é importante para mim, eu estudo. Eu leio. Eu apanho da gramática. Eu tento fazer a lição de casa com o que eu tenho em mãos. Há alguns anos descobri a Noemi, e seu curso de escrita criativa. Descobri por acaso, lendo um caderno de domingo no jornal. Me inscrevi e ganhei uma família. Fiz uma série dos cursos que ela ministra na Casa do Saber com um mesmo grupo de pessoas, que se tornaram amigos (e são hoje basicamente toda minha vida social). No começo desse ano ela fez pela primeira vez um módulo “avançado” do curso, exclusivo para esse pessoal que está há um tempo na estrada com ela. E o formato do curso foi completamente diferente do que fazíamos até então. Tem sido um processo mais intenso, mais exigente. Tem me deixado muito mais exposta e fragilizada. Mas acho que é assim mesmo quando você começa a sair da zona de conforto do puro hobby (aquele quando sua mãe fala para as visitas que você escreve bem), para perseguir uma tridimensionalidade maior de técnica, de estilo e conteúdo. Esse final de semana terminei um conto. Não foi o primeiro conto que escrevi. Já escrevi vários. Algumas vezes partilhei com alguns amigos buscando ouvir sobre ele. Mas o retorno (sempre bem intencionado, obviamente) foi o mesmo da minha mãe. Dessa vez terminei um conto dentro de um processo mais profissional. Terminei um conto de verdade. Não foi a melhor coisa que já escrevi na minha vida, mas foi uma das que mais me arrisquei. Foi dolorido e maravilhoso. Então agora estou voltada ao meu livro novamente. Aquele que se retarda por ser terminado há tanto tempo. Ideia para livros tenho aos montes. Ideias de clássicos já foram enterradas com seus donos à baciada. No final do dia a única literatura que existiu é a que se realizou. A que foi escrita. Um ofício a gente faz todo dia. A gente acorda, escova os dentes, toma café e realiza. O resto é papo furado. Não é nada, não é nada. Não é nada mesmo. É um ofício solitário. Muito solitário. Não é a vida uma danada? Fez desmoronar todas minhas muletas até que sobraram somente eu e a literatura. Eu sempre achei que tinha uma rede de segurança. No final do ano, durante um dos piores infernos que enfrentei, não tinha ninguém lá. Agora o caminho que se abre é solitário. É para que eu faça sozinha. Mas por ironia, vem com essa rede de proteção maravilhosa, que não vai deixar minha escrita cair. Eu andei tanto para chegar até aqui e é isso. Eu precisava descobrir. Eu escrevo.

domingo, 22 de abril de 2012

O DIA DA TIA DRI


Ontem fiz o “Dia da Tia Dri” com meus sobrinhos porque minha irmã e meu cunhado foram para um congresso em MG. Dormi na casa deles na sexta à noite. Eles sempre pedem para eu dormir lá. Adoram ter a tia acampada no quarto deles. No sábado me acordaram super cedo. Depois do café da manhã, fizemos cupcakes decorados (que ficaram um desastre), brincamos de fazer cabaninha na sala. Fomos almoçar no shopping. Eles queriam McDonald´s, mas eu fiz um terrorismo sobre como aquilo não é comida e que existe até veneno na carne do hambúrguer, e que se eles comessem iam morrer, então eles escolheram outro tipo de fast food menos nocivo. Bonitinho o mais novinho que ficava assim para mim:

- Tia Dri, McDonald´s é veneno, né!?
- É! Tudo veneno. Se comer muito, você morre.
- Minha mãe não quer que eu morra!
- Viu só! Eu também não quero que você morra.

Adoro a lógica infantil! Depois do almoço pseudo-saudável, fomos assistir “Espelho, Espelho Meu”, que acabou se mostrando mais divertido do que eu esperava, e ainda os levei até a Adventure Sports Fair na Bienal. Cheio de coisas que eu adoro. Encontrei um guia para me levar até o topo do Aconcágua (agora é fazer o preparo físico), descolei um curso de mergulho com descontão, e as crianças enlouqueceram. Viram carros fazendo trilha de 4x4, pessoal descendo uma pista artificial de snowboard, parede de alpinismo, tanque de mergulho, raia com caiaque. Minha sobrinha até arriscou cruzar o vão da Bienal em uma teia de homem-aranha. Ganharam adesivos, subiram em barracas de safáris e fizemos planos e sonhos de aventuras que cada um gostaria de fazer. Para ganhar o título irrevogável de “tia favorita do ano” ainda encarei a fila horrorosa para jantarmos no Outback. Um lugar onde eu só como a cebola gordurosa. Voltamos todos exaustos e barrigudos. Dei banho no menor, coloquei os três na cama e esperei minha irmã voltar e ainda ficamos batendo papo por uma boa hora na sala. Já era meia-noite quando saí de lá. Cheguei em casa cansada, com saudades da minha gata. Abri a porta e chamei a Holly e nada. Ouvi um miado fino, bem distante, quase falhando. Fui em busca do miado no andar de cima, e como ela não aparecia comecei a me preocupar. Imaginei se tivesse caído, se estava atrás de alguma porta. Só então descubro que a gata estava fechada dentro do guarda-roupas. Quando saí na sexta a Jô estava passando roupas. Deve ter subido para guardar, a gata entrou, ela não viu, fechou a porta e foi embora. Lá estava Holly em pânico. Pulou no meu colo e grudou na minha blusa sem parar de miar. Foram 30 horas presa no armário. Eu apertava ela e chorava, me sentindo a dona mais irresponsável do mundo. Levei até a vasilha de comida. Ela comia esganada, enquanto miava e olhava para minha cara. Se eu tentasse sair de perto, largava tudo e corria atrás de mim miando. Voltei. Só comia se eu estivesse do lado. Tive de ficar 20 minutos sentada no chão da cozinha até que ela terminasse de comer. Depois abracei, enchi de beijo e carinho. Mas ela continuou. Tremendo, miando, e se aninhando no meu colo, quase em cima da minha cabeça. Me lambia a cara inteira. Hoje ainda está um pouco manhosa. Passou a manhã dormindo nas minhas pernas enquanto eu escrevia, e agora deu para pedir colo. Vem correndo, sobe no sofá e estica as patinhas para que eu a pegue. Não sei se é trauma ou só manha, porque assim que abri a porta do guarda-roupa de novo, lá foi ela entrar e explorar minhas coisas. Uma bota de camurça foi arruinada, ela fez de caixinha de areia. Em um mesmo dia eu fui de “melhor tia do mundo” para “pior dona da história”. Sem escalas. Por isso que a gente não pode ficar se achando muito. Sempre vai ter alguma coisa lembrando que as falhas acontecem, elas são humanas. O segredo é sobreviver a elas. (Ou garantir que seus bichinhos de estimação sobrevivam!)

sábado, 21 de abril de 2012

ERRATA

O nome do filme é "28 DIAS", não 21. Errei. Mas Freud explica. A pesquisa dizia 21 dias mesmo. Mas talvez eu, assim como a Sandra Bullock, precisemos dessa semaninha a mais... ;-) (E obrigada MH por ter me dado um toque de que o filme estava passando ontem no Sony HD. <3 - Adoro esse filme, mas ontem estava dormindo de cabaninha com meus sobrinhos. <3<3<3)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

21 Dias

Será? Ontem eu estava fazendo pesquisa de conteúdo e geralmente eu leio muita coisa de todos os assuntos possíveis e imagináveis. Entre um clique e outro caí em um artigo que falava que nosso cérebro precisa de 21 dias para mudar um hábito. Ok, já tinha ouvido falar sobre isso.  Tem um filme com a Sandra Bullock com esse nome. É o tempo que ela passa em uma clínica de reabilitação para se livrar do alcoolismo. Achei até que fosse senso comum. Mas sabe quando você sabe de uma coisa, mas parece que está vendo aquilo pela primeira vez? Então. Eu nunca fiz nada com tanto controle assim. Do tipo, planejar, criar uma estratégia, seguir cada passo com o objetivo a frente. No geral eu tomo uma decisão e vou me debatendo até conseguir. Vai aquela coisa torta, irregular. Acho que talvez por isso eu acabo me sentindo frustrada e indisciplinada. Acho que o segredo talvez seja esse. Acreditar nas pesquisas. Começar a seguir técnicas que já foram comprovadas cientificamente. Afinal, 21 dias não é tanto assim. Um plano. 21 dias. Falamos lá então.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

TEMPO, TEMPO, MANO VELHO


Hoje perdi minha agenda. Fiquei como barata tonta a manhã inteira. Não sabia o que tinha de fazer, para onde ir. Sabia que tinha de estar na escola a tarde para acompanhar as fotos que estamos fazendo lá, além de zilhões de outros compromissos. Eu não lembrava. Então fiquei andando de um lado para o outro da casa, enquanto ouvia o “Bom Dia Brasil” na TV e tentava inutilmente achar a agenda. Eu trabalho com agenda dessas tradicionais. Capa preta, uma folha para cada dia, com linha separando horas e meias-horas. Eu sei que existem milhões de organizadores e agendas virtuais, que conectam email, celular e tudo o mais. Mas eu funciono bem com agenda de papel. Nada de mais, é só minha preferência. Essa eu comprei por R$9,90 na Kalunga e adoro. Depois do pesadelo do burnout tenho encarado meu tempo de uma maneira completamente diferente. Mesmo porque o pesadelo não está longe e eu sei que não passou totalmente. Questão de sanidade. Preciso ter momentos de lazer, momentos de fazer coisas que me deem prazer além de trabalhar. Preciso de momentos para vida social, mas como minha vida social é nula, tento criar alternativas mesmo que sozinha. Por causa disso estou seguindo algumas técnicas de gerenciamento de tempo que se mostraram milagrosas nas últimas semanas. Tenho conseguido ser mais produtiva, mais organizada e focar nas coisas que realmente gosto. Tenho conseguido escrever, relaxar e ouvir música tomando uma taça de vinho. Assisto minhas séries favoritas, estudo sobre budismo. Ainda está faltando sair mais. Ir a restaurantes e shows de jazz, coisas que sempre amei fazer, mas para isso ainda está faltando um pouquinho de coragem de fazer sozinha. Eu chego lá! Bom, o que faço é organizar todo o meu tempo na agenda, calculando o espaço do dia que cada atividade vai me tomar. Incluo tudo. Até refeições, academia e banho. Mantenho também uma pasta sanfonada onde vou colocando cópias de emails que tenho de dar follow up do trabalho, inscrições de corrida, anúncios de exposições que quero ver. Tudo nos dias que acontecem. Assim, antes de programar minha semana checo cada dia e monto a programação na agenda. Fica mais fácil achar espaço para buscar a blusa que estava na costureira há 15 dias, ou comprar velas para decorar a casa. Esses detalhes menos importantes que sempre ficam de lado porque a gente acha que não dá tempo de nada. Então dá para entender porque o pânico dominou minha vida hoje. Quando a gente não sabe o que fazer não faz nada mesmo. Imaginei os lugares prováveis. Poderia estar no carro, ter ficado na academia ou na loja de produtos naturais que passei antes de voltar para casa ontem. Então eu ouvi os repórteres falando do prazo do Imposto de Renda na TV. Lembrei que isso era uma das coisas que eu precisava fazer. Fiquei duas horas separando notas fiscais e relatórios para enviar para o contador. Olhei o carro. Nada. Continuei com o que lembrei da minha programação do dia. Acabei não conseguindo ir malhar e quase dei furo com dois clientes porque só lembrei MUITO em cima da hora de programar algumas postagens e anúncios. Fiquei tão estabanada que quebrei meu salto. Me estabaquei no chão igual a mamão maduro. Na frente de um monte de criança. Foi meio vexame. Estou com um puta hematoma no joelho. Antes de ir para a Casa do Saber passei no shopping para comprar uma sandália nova (adoro ter desculpa para comprar sapato novo!). Passei na academia e nada da agenda. Depois na loja de produtos naturais. Também. Cheguei atrasada ao meu curso de escrita criativa. Engraçado como a gente cria uma ilusão de segurança e controle com alguns artifícios e tudo desmorona quando nos tiram uma única peça. Eu não tinha ideia do que eu tinha de fazer no dia seguinte de manhã. Era como se, de repente, alguém tivesse dado um pause na minha vida. E eu precisasse ficar parada esperando a pessoa voltar do banheiro ou buscar um balde de pipoca. Voltei para casa sem saber por onde terminar, e eis que ao entrar dou de cara com a minha agenda em cima dos livros de fotos na sala. Eu juro que procurei pela casa toda! Provavelmente ela tenha caído entre almofadas, ou embaixo do sofá e a empregada tenha deixado achado e deixado ali para quando eu voltasse. Talvez a agenda tenha apenas se tornado invisível para mim por um dia inteiro. Vai saber!? Só sei que acendi as velas que consegui comprar para decorar a casa, abri um vinho e sentei com a minha gata no colo para ouvir Leonard Cohen. Não porque era o que a agenda me dizia para fazer. Mas porque me dei conta de que entrar em uma paranoia de gerenciamento de tempo com medo do burnout só seria uma outra forma de engessar minha vida. Às vezes a gente precisa relaxar e aproveitar o momento só porque esse é o momento, e não porque estabelecemos como regra uma garantia de controle do nosso ideal de vida perfeita. Saúde também está na flexibilidade, no improviso, na espontaneidade. Assim como a total imprevisibilidade não é saudável, também não é saudável o excesso de controle e disciplina. Gerenciar o tempo tem sido de grande utilidade, não quero mudar isso. Mas eu estava quase caindo na armadilha de transformar isso em uma obsessão. Minha agenda é um guia, não uma ordem. Vou terminar minha taça de vinho sem olhar para o relógio hoje. Mas, só para registro, amanhã às 8h eu tenho dentista. 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

EM BUSCA DO FÔLEGO PERDIDO

Primeiro dia é fácil, né!? Eu levantei da cama, fiz minha meditação, desci para a academia do prédio e corri 4K. Não precisa ser gênio para saber que saúde tem tudo a ver com exercícios físicos. E se você quer continuar com uma vida ativa por muitos anos, viajar para muitos outros países, fazer trilhas, subir vulcões, escalar montanhas, explorar florestas... então você precisa ter fôlego. Não existe nenhum jeito de conseguir pique, disposição e fôlego sem suar a camisa. Ainda não inventaram. Então tem de malhar. De brinde ainda vou conseguir entrar em 70% das roupas do meu guarda-roupa. Esse é o plano. Só acho que a coisa não vai ser tão simples quanto eu achei. Porque eu não contei, mas eu estou muito enferrujada. Sempre tive uma genética favorável. Colocava a testa no joelho e nem sentia. Hoje tenho sentido algumas dores quando tento alongar meu corpo que eu nem sabia que eram possíveis. Bom, não passo vergonha nas aulas porque, mesmo enferrujada, meu alongamento é legal. Mas como eu sei qual é o meu potencial, fico sentindo como se estivesse literalmente atrofiando. Não sei se é a idade, ou a cara de pau de não levar uma rotina mais intensa de exercícios. Só sei que senti dificuldade, e isso era uma coisa que nunca tinha sentido antes. Como fiquei preocupada com isso, resolvi ir para a academia à noite. Usei meu horário de rodízio para fazer algo que me ajudasse a chegar lá. Fiz 1h30 de transporte, que é minha nova descoberta. É ótimo para pernas, bumbum e até que é divertido de fazer. Coloquei os fones de ouvido e fiquei assistindo Law and Order até enjoar. Depois encarei uma aula puxada de 1h15 de yoga. A única coisa que foi bem estúpida, nem foi a quantidade de esforço físico. Foi ter feito tudo isso sem um lanchinho, ou uma barrinha de cereais no intervalo para me dar pique. Como sou hipoglicêmica, terminei a meditação da yoga quase desmaiando. Tive de correr no empório natural na frente da academia e quase me afoguei em um saco de frutas secas. (São ótimas para devolver os níveis de açúcar do sangue.) Por isso acabei jantando um pacote de salgadinho de arroz japonês (que sou viciada!), um prato de quinoa com saladinha de tomate e um pote de abacate com limão. Concordo. Peguei pesado. Sempre cometo esse erro. Jogo toda a energia que tenho em um único objetivo e depois não tenho fôlego para segurar a rotina por muito tempo. Assim é com alimentação, trabalho, literatura. Tudo. Mas afinal de contas, não é para conseguir mais fôlego que eu estou fazendo tudo isso?

COMPROMISSO 40


Hoje eu fui colocar um shorts de corrida que comprei há exatamente um ano. Ele ficou justo. Muito justo. Só para registro esses shorts de corrida são bem folgados porque precisam auxiliar os movimentos, deixar as pernas confortáveis e livres. Há exatamente um ano meu problema era que eu tinha emagrecido demais. Então, como em um susto, engordei 10Kg que fizeram questão de preencher todo o espaço livre do shorts. Nesse tempo também eu parei com o cigarro for good, excluí baladas e vida noturna do meu estilo de vida, voltei ao vegetarianismo, intensifiquei a meditação, voltei para a yoga, para o ballet, mudei a maneira de me relacionar com as pessoas, e também as pessoas com quem eu me relaciono. Voltei a escrever literatura, e isso na verdade é a coisa mais importante da minha vida. Tenho tentando desenvolver uma atitude otimista e positiva em tudo que faço. Foram muitas mudanças, que começaram 3 anos atrás e estão culminando hoje no lugar que eu sempre quis chegar. Ou quase... Acho que todo mundo tem aquele momento em que sente que não dá para ficar mais em cima do muro. A gente vai fazendo mudanças, mudanças, até que chega uma hora que precisa assumir alguma coisa. Eu cheguei no momento de resolver esse quase. Se tem uma coisa que me deixa insatisfeita em tudo o que eu busquei e almejei transformar minha vida, é o tamanho da minha bunda. Sempre fui vaidosa e isso não faz parte das coisas que quero mudar, então resolvi que era hora de assumir de uma vez uma atitude efetiva para melhorar meu corpo e fazer com que ele acompanhe a leva de boas conquistas. Isso significa que, a partir de hoje eu vou me comprometer a escrever aqui (também) minhas ações para conquistar um corpo saudável e legal. Eu quero voltar a correr 10K sem precisar andar no meio ou ficar com a língua de fora. Eu quero controlar a asma, reforçar meu sistema imunológico. Quero que minha pele tenha mais viço e menos espinhas. Quero saber que eu estou caminhando para os 40 anos com todo o pique que eu vou precisar para fazer todas as coisas incríveis que a vida oferece. Então é isso! Nem que seja por orgulho, para não ter de vir aqui dizer que não aguentei e desisti, eu vou contar aos poucos como está sendo me tornar uma mulher madura (para não dizer “envelhecer”!!!) com saúde e garantindo que esse corpinho ainda tenha muita kilometragem para percorrer.


domingo, 15 de abril de 2012

Chás, aniversários, escolhas e outras obrigações

Hoje foi um desses dias de extremos. Eu tinha o chá de bebê da Carol H. e o aniversário da Jô. A Carol H. está quase tendo o Nuno. Está linda, redondinha. Ela está apostando em tudo de radical que a experiência pode oferecer. Vai ter o parto em casa, com uma doula. Vai abolir o berço e criar o filho na própria cama, e vai adotar fraldas de pano em vez das descartáveis. Acho que se eu algum dia resolver ter um filho não vou fazer nenhuma dessas escolhas. Não são do meu perfil. Mas isso sou eu e eu nem sei se quero passar pela experiência de ter um filho. Mas existe sempre a obrigação. Mesmo que ela não seja explícita parece até que nós somos geneticamente programadas para nos sentirmos obrigadas a algumas coisas. Toda vez que eu vejo alguém da minha idade grávida ou construindo o padrão básico de família, eu fico silenciosamente me questionando: será que eu não devia estar fazendo isso também? Então duas coisas ficam muito claras para mim. A primeira é que eu não quero ter filhos. Não que eu não queira de jeito nenhum, mas que, na minha lista de prioridades, ter filhos está atrás de tantas outras coisas. E não existe uma só pessoa no mundo que realmente queira alguma coisa  e não consiga. Nenhuma! Nessa regra não existe exceção. Se você quer ter um filho, você tem. Se você quer casar, constituir família. Você faz isso. Se você quer viajar o mundo, você viaja o mundo. Se você quer ser uma vítima, você é uma vítima. Se você quer virar uma super executiva, você vira uma super executiva. Nesse sentido a vida é ridiculamente simples e pragmática. Quando você sabe o que quer, você vai lá e trabalha por isso. Conquista isso. Agora se você diz que quer casar e ter filhos, mas está beijando moleques na balada, trabalhando 12 horas por dia, tendo casos com homens casados; então está na hora de parar de se enganar e assumir suas escolhas. E quando eu paro para pensar eu vejo que eu estou colecionando carimbos no meu passaporte, eu adoro minha rotina de solteira, eu estou batalhando minha empresa. E não construindo relacionamentos sérios e planejando famílias. Então é claro que ter filhos não é o tipo de coisa que eu tenho buscado na minha vida. Não julgo ninguém. Toda vez que vou à casa da minha irmã ficou louca com a vida de mãe de três filhos dela. Amo os meus sobrinhos e poderia ficar dias com eles, fazendo de tudo. Mas não é minha escolha de vida, e eu tenho muita sorte de poder ser tia. Acho legal a escolha da minha irmã, porque ela realmente queria isso. Depois cheguei ao aniversário da Jô e a primeira pessoa que eu vi foi a MH, com a Olivia. A MH é outra pessoa que fez uma escolha e teve o que quis. Ela queria ser mãe e formar uma família. Ela casou com um cara muito legal, teve uma filha linda, e eu pude brincar de tia mais uma vez. Deixar Olivia usar meu colar, correr, carregar no colo, apertar. E depois que a Olívia foi embora, porque as escolhas da mãe dela são outras, eu fiquei conversando com as meninas e o assunto que surgiu foi de como a gente acaba se sentindo pressionada a seguir esses padrões. Ou porque você está solteira aos 35 anos e sem um pingo de vontade de namorar com ninguém. Ou porque você casou, mas não quer necessariamente ter filhos. Ou porque você mora junto com o seu namorado e agora se espera que você cresça e multiplique-se como diz a Bíblia. Nessas horas é muito fácil perder o foco das coisas que você realmente quer e, assim como muita gente acaba dando atenção para carreira e baladas quando no fundo realmente gostaria de estar formando uma família, outras acabam cedendo às pressões de famílias e amigos e construindo uma família (que até vai ser amada) mas está muito longe de ser ambicionada. Então chego a segunda conclusão sobre o assunto. Eu não “devo” nada. Eu não deveria estar namorando, ou casada ou tendo filhos. Eu não tenho obrigação de seguir nenhum padrão ou plano de vida. Porque a vida é minha e sou eu quem vai viver essa história. E quanto mais pouco convencional for suas escolhas, mais difícil de se manter no foco. Os períodos de insegurança e dúvidas são muitos, afinal tem um batalhão lá fora dizendo explícita ou subliminarmente o que se “deve” fazer. Quando eu fico muito entediada eu tendo a pensar em parar com tudo, casar e ter filhos. Mas isso é interessante! Eu nunca penso nessas coisas como um grande sonho ou objetivo. Mas como um “prêmio de consolação” da vida quando eu estou preguiçosa demais. Então é isso. Seja lá qual for a sua escolha, e em que termos, a sua vida é exatamente o resultado dela. Fazer escolhas por achar que deve ou por algum sentimento de obrigação é uma das coisas mais estúpidas que existe. Ao final da jornada a única pessoa que pode se arrepender de alguma coisa é você mesma.