sábado, 27 de fevereiro de 2010

PARADA EM MADRID

Embarquei. Foi meio uma correria em Guarulhos. Check in, troquei mais uns Euros, retirei carteira de vacinação na ANVISA e comi um lanche rápido com minha mãe e minha avó. Uma bela de uma fila na Polícia Federal. Melhor assim. Acredito que se tivéssemos mais 15 minutos, tinha rolado uma cena de choradeira na despedida. E eu consegui evitar esse tipo de coisa em todas as despedidas que fiz. Difícil virar as costas vendo os olhos marejados da minha mãe. Mais difícil ainda foi abraçar minha sobrinha à tarde. Os bracinhos finos dela me segurando por um tempão e ela dizendo no meu ouvido “Vou sentir muitas saudades, Tia Dri.”. Deu vontade de jogar tudo pra cima só para impedir o que aqueles olhinhos me diziam. Ela me olhava um pouco confusa, como se quisesse registrar cada traço do meu rosto para não se esquecer. Como se fosse ficar sem me ver para sempre. E escrevendo isso agora eu choro pela primeira vez. “Porque você quer viajar por tanto tempo, Tia Dri?”. Não sei, Bia. Não faço a mínima idéia. Como em tudo na minha vida. Vou tentar descobrir. O vôo da Iberia atrasou uma hora. A programação de conexão era de apenas uma hora em Madrid, para alfândega e troca de avião. Imaginei que haveria algum problema chegando aqui. Mas as coisas sempre se resolvem, então não estresso. O avião e a tripulação regulavam em idade e tempo de serviço. Aqueles aviões que ainda reservam área de fumantes, assentos extremamente estreitos. Os comissários com idades de serem meus pais. Eu estava tão exausta que dormi. Nem vi o avião decolar. Dormia e acordava em prestações pelas 9h30 que durou o vôo. Acordando de vez em quando por causa da posição desconfortável, ou com os berros de uma passageira ao lado (“Juarez!!! Esse é o melhor chá do mundo.” “Juarez!!! Quero te ter como meu convidado no meu aniversário no Porto”, “Ah Juarez! Não olha assim para mim.”, “Tem gente que encontra sua alma gêmea no avião. Você Juarez, é minha alma oposta!”). Várias pessoas no vôo também fariam a conexão em Madrid para o Porto. Todo mundo correndo quando o avião pousou. Minha bagagem de mão é quase que só livros e o laptop. Apertei o passo e espero ter definido alguns músculos com o carregamento de peso. O aeroporto de Madrid é gigante. Do tamanho de algumas cidades do interior em que já estive. O atraso acabou se tornando um grande aliado. Eu estava bem temerosa em fazer a imigração na Espanha (por causa das histórias que temos ouvido de brasileiros sendo deportados a torto e a direito), mas como eu estava em uma conexão atrasada, ganhei prioridade na fila dos cidadãos da Comunidade Européia, o cara da alfândega mal olhou meu passaporte, carimbou e me liberou. Nem foi preciso as toneladas de documentos que eu havia preparado para comprovar que eu não era uma pé-rapada tentando imigrar para lavar pratos. Depois de um trem, algumas escadas rolantes e muuuitos corredores, cheguei ao portão K , junto com um bando esbaforido que junto comigo descobriu o portão de embarque para o vôo para o Porto recém encerrado. Fui até o balcão de informações e ganhei um novo cartão de embarque para as 15h45. Três horas e meia de espera no aeroporto para seguir viagem. Minha maior preocupação era com a Carol e o Viriato, que deviam estar no aeroporto me esperando. Quando vi que o vôo atrasaria no Brasil, enviei um sms para Carol, mas não tinha certeza se havia chegado. Perdi uns 15 minutos me estapeando com o telefone público para tentar fazer uma ligação internacional. Inutilmente. Então resolvi tomar um espresso, comprar uma água e alguns itens de toilette para me recuperar. O espanhol é uma língua bem estranha para mim. Já fiz algumas aulas, já convivi com espanhóis quando morava em LA, mas nunca entendo nada do que eles falam. Sei da proximidade com o português, claro, mas geralmente quando esse povo abre a boca eu sinto como se estivesse ouvindo malaio, russo ou grego. Então passeei por umas cinco lojas diferentes tentando descobrir como comprar a tal da “tarjeta de telefono”, que foi o que eu havia entendido depois de falar com uns três operadores do orelhão (tentar falar, né). Ao final acabei descobrindo que poderia fazer a ligação com meu cartão de crédito, e fiquei aliviada em avisar Carol que só chegaria no meio da tarde por lá. Agora estou parada em Madrid. Aguardando o vôo para o Porto, que vai partir em uma hora e meia (Espero!). O tempo está fechado. Garoava quando aterrissamos, e olhando lá fora a pista está molhada. Mesmo aqui dentro faz frio. Uma hora e meia, todinha à toa, bem de frente para uma loja do Duty Free. Estou fazendo exercícios de meditação zen para manter meus Euros dentro da carteira.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

GO. GOING. GONE.

Acabou sendo tudo uma grande maratona. Estou muito feliz (muito mesmo) por ter conseguido fazer tudo o que eu queria. Ficou faltando apenas a última sessão de depilação à laser (que tudo bem, não altera em nada a minha vida) e dar um abraço na CarolH, que a gente se desencontrou no meu pseudo-bota-fora (isso sim me faz diferença na vida). Voltei do Carnaval e tudo fluiu rápido e com muita naturalidade. Cada coisinha, cada par de meia, guardada em uma caixa de papelão. Milhões de coisas doadas. Milhões de coisas no lixo. E eu devolvi todas as coisas emprestadas, roubadas, ou que não me pertenciam. Fiquei tão zerada. Tão vazia que está fazendo eco. Tive tempo ainda de passar uma última manhã no Ibira. Com Sol, dia lindo, àgua de côco e grandes reflexões sobre a vida. Me despedi do bairro. O apartamento foi todo evacuado sem que ao menos eu pudesse sentir, e eu passei pela última vez pelo portão do prédio. Nada de nostalgia. Era como se eu saísse para ir ao supermercado como tantas vezes. Parece que é só um pulinho, é logo ali. E desde sábado tenho tido a sorte de ver cada um de meus amigos (dos que são possíveis de encontrar, mesmo que casualmente, mesmo que num susto no meio de uma rua de São Paulo), cada uma das pessoas que me são caras. Pude passar tempo, conversas, amor com cada um deles. Pude ser abraçada e amada. Fui tão amada essa semana. Tive alta da terapia, e saí do consultório sem olhar para trás. Com Victor tb, foi como dar um pulinho no supermercado. É logo ali, eu volto já. Estou exausta. Praticamente não dormi esses dias, para passar o máximo possível com essas pessoas. Cheguei ontem ao consultório da minha dermatologista e a cara de zumbi era tão grande que, antes do peeling, ela me fez dormir por meia horinha na maca da sala dela. Fiquei todos os dias sem celular, acessando segundos de internet uma vez por dia. Tudo parecia tornar os encontros difíceis e quase impossíveis, mas como por magia tudo fluiu. Cada compromisso cumprido. Cada amor beijado e abraçado. Eu sinto cada uma das pessoas que estão comigo. E todas elas me fizeram ir em paz. E fica mais fácil dizer adeus assim. Porque eu sei quais são as pessoas que me pertencem. E elas sabem que eu pertenço a elas. Assim como Carol está do outro lado do Atlântico agora, preparando um quarto para mim, sabendo que a gente se pertenceu durante todos esses 16 anos sem presença física.
Ontem o dia fechou. Parece que a cidade choveu em saudades, sabendo as lágrimas que eu seguro em mim. São Paulo também me abraçou, me amou e vai sentir saudades. Eu queria me livrar de tudo que não fosse eu. E o que sobrou são duas malas e o amor de um monte de gente. Achei um belo de um inventário. Estou segura, satisfeita, grata. Muito grata pela vida que estou começando. Não caiu a ficha ainda. Me despeço das pessoas como se fosse ao supermercado (é logo ali, volto já), porque acredito que almas irmãs ficam sempre perto umas das outras. Mesmo quando um oceano é colocado no meio. Tudo que eu pedi, tudo o que eu queria, eu tenho hoje. Estou grata, leve. Muito grata por tudo.
Agora estou na casa da minha irmã em São Paulo. Ela me hospedou essa semana e abasteceu a geladeira de toddynho e coca zero para me ajudar a ficar melhor. Agora vou para Caieiras, passar a manhã com meus sobrinhos, almoçar com a outra parte da família, fechar as duas malas e partir. Meu vôo parte às 20h30. Amanhã já acordo em outro lugar.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

GO! GO! GO!

Trilha sonora do dia!
Tá difícil postar. Muita coisa acontecendo, muita gente para ver, muita coisa para fazer e muito pouco tempo.
Amanhã faço a mudança e tudo fica mais fácil (assim espero!)
Enquanto isso... GO! GO! GO!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

FALTAM 6 DIAS!!!
A vida está uma loucura. Ando sem tempo para nada, meu apartamento parece campo minado. Caixas, roupas, malas para todos os lados.
Ando em falta com muita gente.

ATENÇÃO!!!

EU ESCREVO POSTS GRANDES.
NÃO GOSTA DE LER, MELHOR PROCURAR OUTRO BLOG.
;-)

ILHA DO CARDOSO

Desde o ano passado a Sel me chama para ir para a Ilha do Cardoso. Ela vai todos os anos, já há 9 anos. Esse Carnaval resolvi ceder aos seus apelos e arrumei o mochilão. Na véspera quase me arrependi, porque o tempo é curto e tenho realmente muuuuita coisa para arrumar, mudança, papéis, documentos, etc. Mas eu não conhecia a Ilha, achei que era uma boa idéia aproveitar um pouco de Brasil e um bom feriado mulherzinha antes de ir. E foi. A Ilha do Cardoso fica na fronteira do estado de São Paulo com o Paraná e se mantém muito preservada, sem as influências da civilização. Um desses poucos casos em que o IBAMA e a FUNAI funcionam. Saímos na sexta cedinho. Eu, Sel, e Paula. e Paula são amigas de Sel, gêmeas, idênticas na aparência, mas completamente diferentes depois que as conhecemos um pouco mais. Queridas, engraçadas, ótimas companhias. E lindas! Então descemos até Cananéia, quatro gostosas em um carro. Em Cananéia pegamos uma escuna até a Ilha. De escuna foram mais de 3 horas por um rio. A paisagem é linda, me lembrou bastante a do Delta do Parnaíba. Alguns botos surgiam na superfície nos acompanhando pelo trajeto e já dando o clima do que seria o feriado. A Ilha em si é bem grande. Quase em sua totalidade preservada pelo IBAMA. Cerca de 50 índios de uma tribo Tupi-Guarani ainda vivem em algum ponto da ilha, mas a visitação é proibida pela FUNAI. Melhor assim. Não gosto da idéia de um bando de gafanhotos trocando espelhos e tirando fotos como urubus em carniça. Melhor deixar os indiozinhos lá em paz. A parte que recebe os turistas é a Vila de Marujá. Vila típica de pescadores, sem quase nada de estrutura. A energia é fornecida por gerador, que só é ligado à noite por algumas horas e de forma bem limitada. Diz a lenda que uma menina drenou toda a energia na ilha uma vez usando o secador de cabelos. A estrutura de hospedagem é básica. Várias pousadinhas adaptadas em casas simples, com quartos cheios de beliches, chuveiros a gás e colchões horríveis. De toda forma existe uma certa dedicação das pessoas às regras básicas de hotelaria. Algo que imagino que foram aprendendo ao longo dos anos. Café da manhã incluso, sabonetinho no banheiro. A ilha toda investe muito no feriado de Carnaval. Ele é bem tradicional e, junto com o Reveillon, representa a única fonte de renda que muitos moradores terão por todo o ano. No resto do ano os turistas minguarão e os homens voltam para a atividade de pesca de peixes e camarão. Com a energia controlada, não existem geladeiras ou outros tipos de eletrodomésticos na Ilha. Logo, gelo é um artigo de luxo. A conservação de alimentos é feita a um custo e uma logística complicada. Um barqueiro chega uma vez por dia com cubos gigantes de gelo que vende para os restaurantes da vila, e os alimentos são mantidos em caixas de isopor. A cerveja é gelada da mesma forma, e não permanece gelada por muito tempo não. Mas isso não impede a legião de turistas, principalmente jovens entre os 20 e 30 anos, que descem de hora em hora das escunas, de passarem os cinco dias e quatro noites do Carnaval completamente embriagados. Ah, sim. A maconha corre a rodo também. Eu como uma careta inveterada (e, cá entre nós, muito distante da faixa etária) prefiro observar e julgar os desmandos da juventude! A comida foi um problema no começo. Ficamos na Pousada da Ilha do Cardoso. Uma casa grande bem em frente ao deck principal da vila. O café da manhã era servido no Restaurante da Valdete, bem ao lado. E era terrível. Pão duro, margarina rançosa, café de serragem. O almoço na mesma Valdete oferecia poucas opções (todas duvidosas) e custava a bagatela de R$29,90 o kilo!!! Até entendo que a comida seja mais cara lá. Custos de frete, a dificuldade de conservação. E entendo também que eles precisem aproveitar o feriado para fazer caixa, mas... Cobrar R$30 o kilo de uma gororoba com cara de merende de escola pública? Ok... Fomos buscar novas opções. Na rua ao lado tinha a lanchonete do Vlad, com lanches bem feitos e gostosos e sucos naturais incríveis. Na trilha para a praia fica uma casa amarela muito gracinha, a Patrícia. Bolos caseiros super fresquinhos, fofos e muito gostosos, salgados também sempre fresquinhos, uma torta de calabresa muito boa e um yakissoba pelo qual o povo fazia fila no final da tarde. A Patrícia foi uma ótima opção de café da manhã também. Pão na chapa, bolo de banana, queijo branco, café bem passadinho, suco. Mas o que nos salvou a vida mesmo foi o Restaurante Abrigo da Ilha. Comida simples, caseira, mas muuuito saborosa à R$15 per capita. Salada por lá nem pensar. O X-Salada, por exemplo, é feito com repolho e cenoura, que são mais resistentes ao calor e possuem maior durabilidade. Alface acho que murcha em algumas horas. Geralmente o que era oferecido como salada eram cenoura, repolho, pepino e tomate picados em uma travessa. (Teve um dia que veio apenas cenoura, tomate e um monte de cebola...) Acho que por isso até, todo mundo que desce das escunas traz um certo estoque de não-perecíveis. O que é um pouco triste porque dá um climão de farofa. A maior parte acampa. Os pescadores alugam os quintais, mas sob controle rigoroso da administração que limita a quantidade de barracas por dia na Ilha. No feriado não havia muita diferença de preço entre acampar e ficar em uma “pousada”. A Ilha também tem um telefone. Só um. Fica em um barraquinho de madeira e um rapaz fica lá o dia todo cuidando do telefone e cobrando as ligações. R$1 o minuto ou R$1 por 5 minutos se a ligação for à cobrar. Fica uma fila o dia todo com pessoas de biquíni esperando para fazer uma ligação, e fica um ouvindo a conversa do outro. Nenhuma separação entre o público e o privado. Aliás, privacidade é artigo tão de luxo quanto gelo. Após algumas horas na Ilha, todo mundo já conhece todo mundo. Então sabem onde você está, o que está fazendo, o que programou para fazer no dia seguinte, etc. Sabem até o funcionamento do seu intestino. Nós ouvíamos todas as noites um casal no quarto ao lado transando. (Bom, as meninas ouviam. Eu capoto e nem um desastre aéreo é capa de me acordar.) À noite todo mundo (e eu digo TODO MUNDO mesmo!) vai para o forró no Beto. Seguindo por uma trilha à esquerda do deck, andamos uns 200m balançando nossas lanternas e chegamos a uma varandona onde bandas tocam forró, e variantes. Aí é terra de ninguém. O foco principal é a paquera, muito mais do que o forró. E muuuito consumo de álcool. Na primeira noite tomei um porre de leve e voltei cedo falando besteiras para a pousada. Nos outros dias ficava só um pouco para socializar e voltava para dormir cedo. Não tinha nenhum gatinho no meu tipo (na Ilha inteira!), então preferi dormir cedo e meditar, à ter de ficar escapando de bêbados a noite inteira. A praia da Ilha é linda. Uma faixa de areia bem longa, na qual se chega por uma trilha de uns 200m na areia também, e o mar limpo e cristalino. Cercada pelas montanhas e vegetação. Toda deserta. À noite fica iluminada pelas estrelas e pode-se ver plânctons na água. (Se eu fosse de ficar chapada iria pirar com os plânctons! Rssss.) Na segunda noite o céu estava absurdo. Parecia um planetário de tão estrelado. Era noite de lua nova, e via-se toda a Via Lactea. Centenas de estrelas cadentes. Acho que foi o céu mais lindo que já vi na minha vida. Indescritível! De manhã, o Sol nascia no mar, e é tão mágico quando ele nasce no mar enchendo de lantejoulas, brilhando, fazendo da água dourada. Eu sentava ouvindo as ondas e meditava, depois saía para correr na longa faixa de areia. Ainda encontrei alguns bêbados esquecidos, dormindo na praia. O Sol se punha no rio, ao lado de um gramado onde todos se sentavam à tarde para ouvir (mais) forró, tomar cerveja e analisar os “alvos” da noite. Dá para agendar alguns passeios durante o dia. Fui em uma cachoeira deliciosa. A gente pega uma voadeira até o ponto da entrada da trilha, sobe uns 800m no meio de mata e muitos mosquitos e se refresca em fosso gelado, de água transparente e pura, cercado de bromélias. As árvores se fecham no alto, fazendo um teto verde e fresco, e a água desce entre as pedras. Lindo. Realmente vivemos em um país muito privilegiado, e eu agradecia o tempo todo por tudo. Aprendi que é preciso aceitar as coisas como elas são, para poder apreciar o que se tem de bom e ruim nas experiências. Carnaval é um ritual pagão de origem. Uma festa profana, onde os homens podem fingir serem deuses por 5 dias. É um feriado onde as pessoas buscam se libertarem, buscam limites, buscam o oposto do que são. Aproveitam o álibi da máscara, da fantasia, para experimentar o que não se pode nos outros 360 dias. Eu tenho buscado o sagrado em mim todos os dias, talvez por isso eu não esteja particularmente sentindo necessidade de extravasar no Carnaval. Acho que usei fantasias por muito tempo. Quero agora experimentar ser eu um pouco. Taí uma fantasia que vai ser uma completa surpresa. Apesar da correria que tem estado minha vida agora, para arrumar a mudança, os últimos detalhes da viagem, a bagagem, me despedir das pessoas queridas. A viagem foi fundamental. Experimentei sentimentos diversos. Me diverti, fiquei mal-humorada. Me queimei, fui mordida por bichos, comi, tive febre. Meditei. Pensei. Pensei muito no que estou fazendo, e acho que só agora estou pronta. Só agora posso enfim por em prática todas as mudanças. Voltei pela estrada pronta. Ávida por empacotar as coisas, encaixotar meus livros, me livrar de roupas. Dizem que no Brasil o ano só começa depois do Carnaval. Para mim foi assim. Meu ano começou na Quarta-feira de Cinzas. E vai ser um ano excepcional.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A BARATA

Hoje resolvi dar uma mega geral no closet. O resultado são 8 sacos de lixo GG repletos de roupas e sapatos que vão para doação, reciclagem, ou qualquer coisa parecida. O importante é fazer a energia fluir. Separei em gavetas as roupas que vão para a Europa. Arrumei minha mochilona que vou levar para a Ilha do Cardoso agora no Carnaval e sair sexta cedinho. Minha geladeira só tem água, manteiga e chá verde. Comprei uma lasanha congelada que fiz agora à pouco, depois da meia-noite, quando já estava sentindo tonturas da hipoglicemia e do calor. Para variar, sentei de volta em frente ao computador para trabalhar em um texto que preciso entregar amanhã. Estou comendo, digitando e me abanando quando noto no meu campo de visão algo se movendo. Sempre tive delírios de que pessoas invadiam minha casa. Quando eu era pequena imaginava que uma segunda família habitava nossa casa secretamente quando saíamos. Já tive pesadelos apavorantes (daqueles que você tenta gritar mas sua voz não sai) aqui nesse apartamento, onde pessoas andavam pelo meu quarto e me observavam dormindo. Então quando senti que algo REALMENTE se movia no mesmo cômodo que eu, tive certeza de que meus delírios se confirmavam. Me virei para o ponto de onde vinha o movimento e me deparei com uma barata. Gigante. Daquelas voadoras. Antenas kilometricas. No meu quarto. Andando pela porta do armário e parando empinada na frente da TV. Eu queria gritar. Queria gritar muito, mas quando se mora sozinha, não há muitas pessoas para quem gritar. Principalmente às 3h da manhã. O problema é que eu tenho pavor de baratas. Verdadeiro pavor. E eu sabia que estava em uma situação em que eu precisava confrontá-la. Quando Julie era viva, ela perseguia e matava as baratas para mim. Julie fazia questão de me proteger. Todavia essa baratona era tão grande, que até ela, como gata e lady que era, ficaria em pânico na frente dela. Desci até a cozinha, nada de inseticida. Voltei com um copo vazio de Nutella. Imaginei que pudesse prendê-la dentro do copo com a tampa, e deixá-la lá até ela perder o fôlego e jogar na lixeira depois. Quando voltei, a barata estava atrás da TV. Fiquei com medo de enfiar a cara e ela pular no meu rosto. ARRRRGHHH! Me arrepia só de imaginar. Quando ela veio para frente ensaiei dar o bote com o copo, mas não tive coragem. Aquela barata era mil vezes maior do que eu, e naquele momento eu sentia que tinha o menor braço do mundo. Nessa altura do championship eu estava chorando, pulando e dando gritinhos baixinhos (porque eu tenho vergonha dos vizinhos), a barata desceu correndo e se escondeu no meio dos meus sacos de roupas que estão no chão. Então eu comecei a tremer. Tremi tanto, de medo, pavor, nojo, impotência. Pensei em ligar para alguém, acordar o zelador. Dormir na casa do Kallel. Qualquer coisa que me tirasse do mesmo lugar onde aquele ser estava entocado. Você deve se perguntar: Porque você não deu uma chinelada na barata? E eu respondo: Porque eu não consigo. Nunca consegui. Morro de medo dela espirrar em mim. Medo dela não morrer. Sou absolutamente incapaz perante uma barata. Mas eu estava sozinha. E não ia dormir com aquela barata zanzando em cima de mim durante a noite (ou o que resta dela). Então peguei um par de chinelos velhos, sentei na beira da cama chorando e fiquei esperando a bicha reaparecer. Ela apareceu. Subiu correndo pela porta do armário. Aquela baratona castanha e cascuda, contrastando com a porta branca. Balançando as antenas com força, cada passada com força. Era a maior barata de São Paulo. Ela voou até o quinto andar, passou pela varanda, entrou pela porta da sala. Deve ter passeado pela beira do sofá, e voou de novo até o segundo andar do loft onde está meu quarto. Ela sabe que, com a temperatura tão elevada, ela é senhora absoluta. Era a barata mais atrevida de São Paulo subindo a porta do meu armário. Eu chorava. Me chacoalhava inteira. Fechei os olhos, lembrei dos treinos de handbol no Colegial. Mirei o chinelo, tomei distância e atirei. Bem em cima da barata. Um golpe apenas. Ela espatifou na superfície branca. Borrou de uma meleca castanha e branca o ponto da porta em que eu a interrompi. Caiu no chão, entre os sacos de roupa, de pernas para cima, totalmente imóvel. As antenas estáticas. Eu a acertei de primeira. Depois de remover o corpo para um funeral dígno na privada e dar descarga. Depois de ficar pulando e gritando (agora de verdade, para os vizinhos ouvirem) até meu corpo parar de arrepiar. Depois de ter lavado as mãos e os punhos até minha pele escamar. Depois de tudo, fui limpar a borra da barata no armário. A gosma que havia se esparramado. Lembrei de Clarice e sua G.H. Lembrei daquela mulher que se completa comendo a barata que escapa do armário da empregada. Pensei que, talvez, eu fosse ter uma epifania. Eu, no meio dos restos da minha vida ensacados no chão. Eu me encontrando perdida em um closet vazio que só guarda agora o que vai para minha vida daqui pra frente. Eu, de malas prontas. A assassina de baratas. Poderia ter uma epifania e comer sua gosma. Sua falta de alma. Foi então que me dei conta, olhando para os restos da barata a minha frente. Clarice estava louca. Completamente perturbada. O que G.H. teve não foi uma epifania. Foi um surto injustificável. Comer uma barata? Nem epifania pra explicar. Nem morta! Passei um papel descartável. Espirrei Veja, álcool, até limpa vidros. Lavei mais umas quinhentas vezes as mãos e os pulsos. O chinelo, achei melhor nem tentar colocar para doação. Foi direto para o lixo.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

PEQUENO TOUR PELO SAARA - PARTE 2

Cont...

Consegui chegar ao Shopping depois de derreter alguns gramas no trânsito. Faz parte da tentativa de cumprir todos os compromissos antes da chuva. Shoppings (embora bastante impessoais) são ótimos centros de serviços. Corri para um temaki, imaginando que seria uma refeição rápida. Hora do almoço em Shopping, tive de me acotovelar com uma pati-adolescente-recém-saída-da-academia, e um casal de yuppies no balcão enquanto era muito mal atendida e derrubava shoyo pelos fundos do meu temaki em todo guardanapo. Depois disso passei no Sem Parar para cancelar meu aparelho do carro (e obviamente não consegui), e procurei a loja da TIM para desbloquear meu aparelho. Achei que esse seria o ponto mais estressante da minha existência na Terra. Tentar conseguir alguma coisa, qualquer coisa, de uma operadora de telefonia. Mas a vida é uma caixa de bombons, já diria Forrest Gump. Quando cheguei à loja da TIM, um delicioso ar condicionado, pessoas sorridentes me ajudando. Peguei minha senha, sentei em um sofá bem confortável e me servi da máquina de café espresso. Quando me chamaram, o atendimento foi rápido. Não desbloquearam meu aparelho. Simples assim. Mas eu estava tão feliz de ter sentado, tomado café, e descansado em uma temperatura agradável que eu nem liguei. Acho que pode ser legal ter de voltar à loja da TIM na semana que vem para tentar inutilmente conseguir alguma coisa que seja legalmente um direito meu de uma operadora de telefonia novamente. Saí pelo Shopping, andei por uns três pisos diferentes procurando presentes diferentes para três pessoas diferentes. Na Saraiva, uma fila enorme para pagar. Parece que a Saraiva se orgulha de ter a menor quantidade de caixas (e os mais lentos também) de toda São Paulo. Atrás de mim tinha um tipo bem grosseiro. Sabe aquelas pessoas que ficam falando alto, deixa um número deselegante de botões da camisa desabotoados e chama os funcionários de “xará”? Desse tipo mesmo. Ele era bem pançudo, e estava acompanhado de um outro tipo bem pançudo também. Então ele olha para a capa de uma dessas revistas que falam de celebridades (e pseudo-celebridades) onde Paola Oliveira sorria de rainha de algum Carnaval e solta em alto e bom som: “Essa Paola está muito gorda. Olha só! Que horror! O pior é que ela era tão bonita há uns quatro anos atrás, mas agora está um bujão. É só vê ela na novela, gorda, toda largada. Pelo amor de Deus! Essa aí agora só se mandar pra Sadia. Não serve pra mais nada. Tem que vender pra Sadia.” E ele olhava para os lados para ver se o comentário havia gerado simpatia em algum outro babaca no recinto. Achei aquilo de uma agressividade tão feia. Deus! Se Paola Oliveira deve ser vendida pra Sadia, sobra o que para mim? A Purina? Entendo porque as adolescentes escrevem blogs pró-ana* e pró-mia*. O mundo está repleto de pessoas escrotas e é impossível atingir seus padrões absurdos de estética e beleza. Sem contar que é desrespeitoso e machista ficar berrando esse tipo de opinião em público, ainda mais na presença de outras mulheres. Eu paguei o livro que estava comprando e fui embora me sentindo muito mal por não ter respondido nada humilhante para aquele ser humano. Depois fiquei pensando e acho que esse tipo de pessoa não mereça nenhum tipo de resposta mesmo. Passei no supermercado em seguida. Quinze corredores até encontrar os produtos de limpeza de que eu precisava e sacos de lixo gigantes para separar roupas para doação. Mais uma fila interminável para pagar (curiosamente todos os caixas desse Shopping são bem lentos). Há essa altura do championship meu pé já estava machucando, as sacolas derretiam e deixavam marcas no meu braço, voltei para o carro e para a caravana de calor até em casa. Cancelei um café com a Mari. Estacionei correndo na garagem e tranquei a porta atrás de mim pontualmente às 16h. Nem tudo resolvido, mas segura, aguardando a chuva despencar. Aguardei a chuva despencar e nada. 17h, 18h. Antes que eu pudesse sentir que todos meus esforços do dia haviam sido em vão... Às 19h a chuva despencou. No Saara é sempre assim. Pelo menos a chuva não falha. Nunca.

*Pró-ana é uma abreviação para designar opiniões à favor da anorexia. Pró-mia à favor da bulimia.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

PEQUENO TOUR PELO SAARA – PARTE 1

Já que ontem foi um dia inútil – e teria sido o mais inútil dos inúteis, se eu não tivesse conseguido pelo menos fazer as unhas da mão à tarde – resolvi implantar uma estratégia de guerrilha para conseguir realizar meus compromissos dentro do caos que tem estado São Paulo no último mês. A idéia é, acordar cedo, fazer tudo o que puder no menor número de lugares possíveis e voltar para casa até às 16h, antes da chuva. Madruguei às 6h e, ao contrário do habitual, não apertei o Snooze quinze vezes. Li jornal, assisti jornal. Trabalhei, telefonei, arrumei papeizinhos, arrumei a cama, me arrumei. Banho, escova, maquiagem. Uma roupa que me fizesse parecer uma mãe bem sucedida, feliz e confiável para o teste que tinha de manhã. Pra variar, eu e meu delírio de Stepford Wife. Então às 9h40 começa a brincadeira. Desço na garagem do prédio e um dos meus pneus está no chão. Ok. Meu pai era uma pessoa horrível e me obrigava treinar trocar pneus dos carros na garagem de casa, então teoricamente eu tenho um treinamento bem traumatizante para a situação. Pensei em subir com o carro até o posto de gasolina ao lado do prédio, mas o pneu estava no chão-no chão mesmo. Chamar o zelador? Nem! Detesto a cara de donzela indefesa com que os homens nos olham quando pedimos ajuda para trocar o pneu. Já estava atrasada, e não seria a primeira vez que eu faria isso sem descer do salto. Lá vou eu trocar pneu do carro, pular em cima da chave para desafrouxar os parafusos, empurrar estepe, rezar para o macaco ficar firme durante a operação. Quando eu já estou pingando em bicas, a franja ensopada e o restante do cabelo parecendo um cogumelo descabelado, aparece aquele vizinho que eu venho paquerando no elevador desde que mudei. Lindo e perfumadinho saindo do elevador. Se oferece para ajudar, mas já estou quase terminando, então eu bufo (denunciando todo meu sedentarismo dos últimos meses) e agradeço, e tento não parecer tão derrotada pelo pneu. Ele insiste, e eu falo algumas coisas desconexas e bobas que me fazem sentir no colegial falando com o gato da escola. Ele vai embora e eu fico juntando o resto das peças e socando tudo no porta-malas. Quando enfim apoio o carro no chão, percebo que o estepe também está murcho. Penso em subir para casa novamente e refazer o banho, a escova, a maquiagem; mas não tenho tempo e ainda tenho de passar no posto ao lado do prédio para calibrar o estepe, e em uma borracharia (antes que o pneu que eu coloquei se desprenda e saia rolando pelo meio da Paulista). Depois de tudo resolvido e alguns longos minutos torrando no trânsito para fazer um caminho ridiculamente curto, chego ao teste na Vila Mariana. Só um parênteses, eu gosto de fazer publicidade. É rápido, fácil, não me atrapalha em escrever, consigo me manter anônima, dá dinheiro, não ocupa quase nada do meu tempo. Não faço mais nem um quinto do que costumava a fazer, mas de vez em quando topo fazer algum teste que tenha um roteiro legal ou que seja discreto (ou seja, vai passar só no Centro-Oeste ou na Guatemala), que não vai divulgar muito minha imagem, e que tenha um cachet legal. Encaro como um extra, não como profissão ou “trabalho-trabalho”. Mas mesmo com esse desprendimento todo, existem alguns dias que sinto vergonha de fazer isso. Fico realmente constrangida (talvez a organização social de um teste de casting mereça um post todo seu um dia). Vocês vão entender por quê. Bom, eu chego ao teste, pego minha ficha, preencho, sorrio, faço a fofa e corro para o banheiro tentar me recompor, lavar minhas mãos que estavam pretas de pneu, e quando olho no espelho tem uma marca preta de fuligem gigante no meu queixo. Me lavo umas vinte vezes, reaplico protetor solar e vou para a sala de maquiagem. A maquiadora mal passa um pincel com pó no meu rosto, e enche meu cabelo com spray, então eu vou para o teste parecendo um guaxinim, com olheiras bem aparentes e o cabelo lambido de lado parecendo um capacete. O teste é um daqueles comerciais cretinos, mas que alguém escreveu e achou que pudesse ser genial. Então eu sou uma dona de casa muito feliz, que chega em casa com as comprar do supermercado. Enquanto eu arrumo as compras, um passarinho bate na janela e eu olho surpresa para ele. Certo? Não dá para inventar muito em cima disso. Mas em publicidade eles adoram tratar tudo como se fosse uma refilmagem quadro a quadro da Escadaria de Odessa (aliás, eles têm certeza de que a importância histórica será a mesma), e a diretora me pede para fazer uns 3 tipos diferentes de “surpresa” ao ver o tal do passarinho, em diferentes intensidades, e depois algumas versões sorrindo para o passarinho. E lá vou eu imaginar que um passarinho está me chamando na janela, e eu fico sorrindo para um pedaço de folha de papel pregado com fita crepe em um tripé, e a diretora fala coisas como “Agora o subtexto é: Que gracinha!”, “Vamos fazer uma ‘surpresa casual’”, “Eu quero que você tire as frutas de modo orgânico”, “Agora olha para o passarinho e fica olhando pra ele”. Eu saí do estúdio com a certeza de que fiz um dos piores testes da minha vida, e me odiando por ter me submetido a esse mico. Voltei para a estufa em que meu carro se transforma quando eu o uso, e enfrentei meia hora de trânsito infernal até chegar a um Shopping e comer alguma coisa. Com o calor, a demora, as buzinas e minha hipoglicemia, eu estava quase desmaiando no meio da Avenida Brasil. Imagina que legal? Passando depois no Jornal da Globo: “Após tempestade de ontem, e no dia mais quente de fevereiro nos últimos 150 anos, trânsito fica inviável depois que mulher desmaia na direção causando acidente e congestionamento eterno.”


Cont...

COMO TUDO É UMA QUESTÃO DE TEMPO

Pois é. Isso não é sexy.

Mas vinte anos depois...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

FOOLISH LOVE


Foolishly Seeking True Love from Jarrett Lee Conaway on Vimeo.

Chumpinhei esse vídeo do blog das meninas do 100ml aí ao lado.
Eu acredito que a gente devia ter direito a esse tipo de amor. Besta, romântico, irresistível de tão ingênuo.
É disso que eu estava falando!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

DO QUE NÃO SE VÊ

De tudo o que eu sei (o que não é muito, e se a gente resolver botar em uma lista, a do supermercado é maior) nada me preparou para o que eu sou hoje. Nada me preparou para o que eu estou me tornando. Apenas a minha própria consciência me salvou. Não estou falando do grilo verde do desenho do Pinnocchio. Falo da capacidade de me perceber. Ela é a que me salva. Existe algo de extraordinário no mundo, e sim, já existe há tempos, mas não, é mais do que isso. Algo de extraordinário, que não faz parte do confortável, do que nos treinamos a enxergar. Sem juízo de valor. Para o bem ou para o mal. Existe algo apenas, e é algo que não posso colocar na lista de coisas que sei. Já começou. Só digo isso. Já começou, mas a gente nunca entende as mudanças quando estamos no meio delas. O que tento dizer, de maneira louca e desconexa, é que o mundo como o conhecemos não vai mais existir. Escolha o que você quer ser, defina o que tem valor (Agarre-se aos seus valores! Você vai precisar deles.), pois o tempo está se esgotando. Não haverá mais chances para o superficial e o banal. Não haverá mais como se arrepender do medíocre. Faça sua escolha e faça suas práticas. As práticas são vitais. Assim como tomar banho e escovar os dentes. Questão de higiene espiritual. É preciso cultivar o amor, o perdão, a generosidade, a compaixão. Tudo o que nos salva como seres humanos. Principalmente consigo mesmo. Um dia você vai acordar e descobrir que tudo que é imagem é irreal. Tudo o que é som, tato, cor; mesmo que ausência, mesmo que inodoro, insípido, inóspito, incolor. Então é bom que você esteja bem feliz com você mesmo. Porque é o que vai sobrar. Ame. É o amor que vai atrair seus aliados. É ele que vai te mostrar os que fizeram as mesmas escolhas que você. Não se apegue a essa realidade, pois ela é ilusão. Vai deixar de ser realidade antes que percebamos. Ame. É a única forma de se libertar.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ando irritada, impaciente e cheia de defeitos que me tornam deselegante com pessoas amadas.
Peço perdão a todos os amigos. Não estou nos melhores dias. Mas tenho praticado. Tenho feito a "prática". Não todos os dias, pois a culpa também é da falta de disciplina. Tenho procurado a compaixão e o silêncio.
Não é nada pessoal. É só esse trecho da trilha que está difícil.

ADORO AS TAÇAS TRIANGULARES...


Dois cocktails hoje à noite e eu já nem acho que estou deprimida.
Fui visitar bar novo. O Gorilla Café, na Melo Alves. Ao lado do da amiga Dida. Uma casa toda transada, super confortável e um cadápio despretencioso que transita pelo oriental e o natureba. Dahl de lentilha, escondidinho de bacalhau, polentinha caprichada, couscouz marroquino vegeta, sanduiches e massinhas criativas. Cachaça orgânica nas caipirinhas e uma sessão só de martinis no cardápio (como não respeitar um bar tão dedicado aos martinis!!?).
Senti vontade de provar todos, mas o Kallel só me deixou provar dois. O Cosmopolitan e o Watermelon (melância e vodka baunilha). Vou voltar para o resto antes de viajar.
Ah! Os donos, umas delícias! Queridos até dizer chega.
Me like it!

Gorilla Café
Rua Melo Alves, 74
fone - 2364.0436