quinta-feira, 18 de abril de 2013

DIÁLOGO

EU - Não estou conseguindo subir a foto. Acho que está muito pesada para o FB.
EDITOR DE ARTE - Qual que você está usando?
EU - Tô usando a _WEB, como a gente falou ontem.
EDITOR DE ARTE - Tá com quanto.
EU - 3,5M... Acho que está muito pesada.
EDITOR DE ARTE - Deve ser sua net.
EU - Mas minha net é 10mega, não pode ser minha n.... Ahhhhh!!! Lembrei! Estou baixando a 1a Temporada inteira de Game of Thrones
EDITOR DE ARTE - É isso!
EU - Sabe como é... sou nerd. Não queria assistir, mas não consegui resistir por muito tempo...
EDITOR DE ARTE - Poxa, eu também! Tanta gente falando. Também não sei se vou resistir...

NERDS. A gente disfarça, mas sempre se entrega. <3

domingo, 7 de abril de 2013

1996 - 2013



1996
Eu tinha 19 anos, estava com o coração partido e fui ao Hollywood Rock ver o show do The Cure. Era uma pessoa ansiosa, queria fazer tantas coisas. Eu não sabia muita coisa da vida naquela época. Não que eu saiba muito mais agora, mas tenho uma visão muito mais real do que é a vida. Muito menos ilusões. Minha bagagem era pequena. Eu tinha muitos sonhos e planos para realizar. Queria viajar. Sonhava em ir para a Índia, mas o máximo que tinha chegado era a Disneyworld. Queria escrever, fazer cinema. Queria fazer trabalho voluntário, ser correspondente de guerra, grande executiva, mudar o mundo. Lia compulsivamente. Ia ao cinema mais compulsivamente ainda. Eu não sabia me expressar direito naquela época. Não sabia falar, opinar. Estava em metamorfose. Eu era magrela, tinha o cabelo armado. Sabia tocar os acordes de “Close to me” no piano (talvez por isso ainda hoje seja minha música favorita deles) e, durante aquele show, me apaixonei. O moço estava fascinado por mim. Era narigudo e tinha um sorriso lindo. Me levantou nos ombros, cantou “Friday, I’m love” no meu ouvido e trocamos de camiseta. Levei para casa a sua da “Física - USP”. Ainda demorei meses em uma paixão platônica até ficar com ele. Depois ficamos, desficamos. Namoramos, brigamos. Eu fui morar nos EUA, voltei. Ele foi morar nos EUA, voltou. Viramos vegetarianos. Fizemos yoga. Namoramos de novo. Até que eu parti o coração dele e ficamos anos sem nos falar. 

2013
Comprei o ingresso no primeiro dia de venda do show do The Cure. Ainda liguei para o moço e rimos como seria divertido irmos juntos nesse show 17 anos depois. Ele hoje é um amigo querido, está no segundo casamento e só não foi ao show porque acabou de ser papai. Eu dessa vez fui tranquila. Com o coração inteiro, sem nada para consertar. A tranquilidade de quem está conseguindo viver a vida que sonhou. Faço o que amo. Moro onde amo. Tenho amigos que amo e conheço muito mais do que a Disneyworld. Sem a energia que eu tinha em 1996, mas a bagagem necessária para assistir 3h30 de show sem nem me abalar. Ou talvez, abalada demais. Foi uma máquina do tempo. Uma viagem por memórias, momentos, sentimentos, tudo o que eu vivi nesse intervalo de 17 anos. Cada música que tocava era como se um flash involuntário na minha mente. Memórias de tantas coisas que fiz e fui. De tantas coisas que amei. Os anos de FAAP. As festas, os porres. As tarde chuvosas ouvindo “Lullaby”. As madrugadas dançando “In between days” e dublando a música com raiva para outro moço. Discussões ao som de “Push”. O carro cheio com as meninas gritando a plenos pulmões pelas janelas “Friday, I’m in love”. Dias preguiçosos no sofá do Alê ouvindo “The Caterpillar”. Estradas que se desenrolaram ao som de “Lovecats”. Sem querer estavam tocando a trilha sonora da minha vida. E foi uma danada de uma vida. “To kill an arab” me lembrando que eu estava sim, viva. Sempre. “Just like heaven”, “A night like this”, “Why can’t I be you”... São tantas, tantas lembranças. A gente sai pela vida com uma camiseta de um curso universitário na mão e anda tanto, faz tanto, que nem lembra onde ela foi parar. De repente, em uma noite, alguém vai jogando luzes em pontos da nossa trajetória e nos lembramos do caminho que percorremos. Do quanto nos transformamos. Aquelas músicas vão tomando um outro significado. Vão ficando impregnadas com nossas vivências. Viram um canal para tudo que construímos e amamos. Assim, quando estamos perdidos no meio de algum país estrangeiro, depois de muitos meses longe de casa e já sem nenhuma referência de quem somos; ouvir “Close to me” faz com que nos resgatemos. Vem com a memória de quem somos. No show, a voz de Robert Smith já não é mais desamparada também. É mais densa, mais encorpada, e ele não é mais capaz dos gritinhos. Mas ainda é doce. Não podemos nunca deixar de ser doces. Então, quando os acordes de “Close to me” tocaram, me dei conta que não os sei mais decór. Ainda não fui para a Índia. Não mudei o mundo. Não estava apaixonada. Ainda assim, tinha construído uma trajetória muito melhor do que tinha imaginado, descoberto novas formas de amar, de tolerar, de viver. Eu estou exatamente onde quero estar e isso me faz sentir inteira. Olhei no telão e ele sorria. De forma inédita, Robert Smith sorria. Ele também talvez não seja mais aquele garoto melancólico. Eu? Eu também sorria. 

terça-feira, 2 de abril de 2013

DIÁLOGOS

Diálogo com meu sobrinho de 11 anos.

"Rafa, você não falou nada sobre o meu novo corte de cabelo."
"Eu sei."
"Hum... Mas e aí? Você gostou?"
"É. Eu vou me acostumar."

Meninos: Fazendo garotas se sentirem inseguras desde a mais tenra idade. 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

MORE BOOKS, LESS LOOKS

O Alê é uma dessas pessoas que eu tenho vontade de bater. Primeiro porque a gente só sente instintos assassinos com pessoas que a gente ama muito. Segundo porque ele é talentoso até dizer chega e não produz um décimo do que deveria. Alê é um dos escritores mais talentosos que já li. Só que ninguém nunca ouviu falar dele porque o moço não publica. Ele foi uma das minhas grandes inspirações a escrever. Desde a época da FAAP, a gente ficava pelos corredores, enfiados na casa um do outro e ele escrevia de um jeito que parecia tão fácil que resolvi também enfrentar o medo. Ele tinha um livro lindo que abandonou no meio. Na época resolvi que era daquele jeito que queria terminar meus dias: escrevendo. Alê é uma dessas forças da natureza, tudo com ele é intenso. Nós tivemos paus homéricos e passamos alguns anos sem nem olhar para cara um do outro. Ele mudou para Barcelona e durante minha mochilada passei alguns dias maravilhosos com ele. Andamos por toda cidade, tomamos muitos drinks, taças de champagne. Foi tudo como nos velhos tempos. Foi lá que disse para ele que não ia esperar o fim dos meus dias para escrever. Que estava mudando tudo na minha vida e que só queria fazer isso agora. Secretamente eu esperava que ele se juntasse a mim. Que não desperdiçasse todo aquele talento somente com emails fechados para amigos. No meu livro tenho diversas homenagens a ele. 
Então ontem recebo um email dele. Que surpresa descobrir que ele está saindo da ostra. Resolveu fazer um Tumblr, e como tudo que ele faz é genial. Ele escreve suas poesias na máquina de escrever e publica as fotos. Bem old school, como só os puristas podem ser. Ainda que de purista o Alê não tenha nada, mas aí é que está sua maior virtude. Sua nada convencional genialidade. Para variar saí inspirada. Vou passar a semana em antiquários buscando uma velha Remington para mim. 
O Tumblr do Alê chama "More books, less looks", e já está nos favoritos.