sexta-feira, 31 de outubro de 2014

AH, O VERÃO...


Falta mais de um mês para o verão, mas o clima aqui em casa já está na minha estação favorita do ano. Minto. Segunda estação favorita do ano. (Outono sempre vai ser outono!).  O que isso significa? Chás gelados pelas tardes preguiçosas? Manhãs na beira da piscina respondendo emails pelo celular? Vestidinhos esvoaçantes para tomar sorvete aproveitando o horário de verão? Nada disso! Significa que as gatas estão soltando mais pelos do que elas tem nos corpos, e uma vez por dia temos a sessão “Chamem a Sociedade Protetora dos Animais, porque estão nos matando!”. Uma vez por dia eu preciso travar uma batalha hércula para escovar as gatas e aliviar a quantidade de pelos pela casa. Holly é a mais escandalosa. Grita, mia, chora, esperneia, tenta me morder. Arranhões nos braços, camisetas rasgadas. E lá se vai um chumaço de pelos. O tempo todo tenho que controlar a Sabrina também, que fica pulando na minha cabeça, tentando salvar a irmã - e, invariavelmente, comendo os chumaços de pelos que saem da escova. Depois é a vez de Sabrina, que é mais passiva. Sabrina não resiste à nada, e tem sido um grande aprendizado. Ela simplesmente se deixa escovar. Se submete. Do mesmo jeito que se deixa abraçar, apertar, beijar, virar de ponta-cabeça. Depois ela apronta e faz tudo do jeito dela. Acho uma grande lição de vida, não resistir. Mas, em sua não resistência budista, Sabrina ainda protesta pelas escovadas. Mia, um miado agudo em apinéia. Arrastado ao longo das passadas da escova. Um lamúrio pela entrega de seus pelos descartados. Então vem a parte da alergia. Rinite ataca, crise de asma. Allegra, bombinha, colírio. Banho. Passar luvas de borracha sobre as roupas, as almofadas, os travesseiros da cama. Mais chumaços. Antes a gente pudesse tosar gatos como fazem com cachorros. Deixá-los aterrorizantemente pelados. Penso de que forma isso destruiria o orgulho de Holly. Sabrina certamente se submeteria a virar um Sphynx. Mas eu amo as duas do jeito que são. Vomitando bolas de pelos, desencadeando crises de asma, fazendo escândalo para os vizinhos. O que vale mesmo a pena na vida são as coisas que dão trabalho. Aquelas que a gente incorpora na rotina. 

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Essa coisa de política está passando dos limites. Olha o diálogo que tive hoje cedo com a Jô.

Jô, secando as luvas de borracha na lavanderia:

- Dri, você é esquerda, né!?
- Eu?
- É. Você é esquerda.
- Olha, Jô, para falar a verdade não sou. Me vejo mais como centro. Tem coisas que me irritam tanto na esquerda como na direita, e para ser sincera, não acho que tenhamos uma esquerda de verdade no Brasil...

Ela levanta a luva.

- Tô falando da luva. Você usou só a esquerda. Você é esquerda.

Arregalo minhas olheiras:

- Hum! Eu sou destra, Jô. É que eu fui tirar os pêlos das gatas das almofadas ontem e peguei a primeira que estava à mão. Por acaso era a esquerda...

Vídeos de gatinhos, minha gente! Vamos compartilhar mais vídeos de gatinhos, por favor!!!!

AMIGOS, IDAS, VINDAS E MENSAGENS NA CAIXA DO FB



Hoje eu recebi uma mensagem muito inesperada no FB. Alguém que saiu da minha vida. Fiquei pensando nas pessoas que entram e saem da nossa vida, e depois tentam entrar de novo. Eu não acredito muito em coisas definitivas. Existem pessoas que acabaram saindo da minha vida por desavenças, por estarmos em momentos diferentes, em buscas diferentes. Existem pessoas que eu excluí da minha vida por escolha. Algumas para me proteger, outras por considerar que o ciclo já havia terminado. Sem julgamentos. Acho normal pessoas entrarem e saírem. A vida é feita disso. Das experiências que temos e das pessoas que encontramos no caminho. Sou muito grata pela vida ter sido muito generosa nesses dois quesitos. Vivo experiências incríveis e conheço muita gente legal, por mais que às vezes a decisão seja por me afastar delas depois de um tempo. Quando paro para pensar, minhas amigas mais queridas tiveram ciclos. Até minha irmã de infância, a Carol, ficamos 16 anos sem nos ver até que eu fui para Portugal em 2010. Coisas de quem cresceu antes do advento da internet e da criação do Orkut. O K ficou “de mal” de mim por um ano. Só me desbloqueou no FB no meu aniversário, agora em agosto. Houve um tempo em que isso me afetava. Eu ficava arrasada e não entendia a falta. Ficava pior ainda quando era eu a me afastar. Carregava a culpa de me sentir intransigente, sem paciência. Hoje recebo isso com mais naturalidade. Como parte da vida. Tem gente que vai, tem gente que volta. E tem gente que nunca vai voltar. E está tudo bem. Eu celebro o tempo em que essas pessoas estiveram em minha vida, e sou grata e feliz pela amizade, o carinho, e tudo o que aprendi com eles. Então hoje, quase perdida na minha caixa de mensagens, um enorme pedido de desculpas de uma pessoa com quem tive um vínculo muito legal de amizade, de carinho; mas que acabou misturando as coisas e pisando na bola. Foi uma surpresa enorme, não apenas porque eu considerava essa uma pessoa que tinha ido e não voltaria, mas pela percepção que ele tinha. Nem sempre as pessoas reconhecem que pisaram na bola, e mais raramente ainda elas tem coragem de admitir seus erros e pedir desculpas. Acho que em outra época eu teria ignorado a mensagem. Talvez respondido secamente, só para ser educada. Pior, eu teria sido bem arrogante e reforçado o erro dele e minha super-razão. Hoje enxerguei nessa mensagem uma oportunidade de praticar generosidade e o apreço ao outro. Quem sou eu para julgar quem pisa na bola!? Eu já pisei na bola um milhão de vezes, com diversas pessoas. Eu já pisei na bola feio! Quando estava passando por momentos bem difíceis pessoais e acabei oferecendo o pior de mim. O fato de alguém me dar o seu pior em um momento não significa que não exista muita coisa de boa ainda ali. Eu escolho ficar com o que as pessoas tem de bom, mesmo que elas demorem anos para me oferecer. E quando alguém nos oferece algo de bom, nós aceitamos, e agradecemos, e perdoamos, e abrimos nosso coração para mais experiências.