domingo, 7 de fevereiro de 2010

PEQUENO TOUR PELO SAARA - PARTE 2

Cont...

Consegui chegar ao Shopping depois de derreter alguns gramas no trânsito. Faz parte da tentativa de cumprir todos os compromissos antes da chuva. Shoppings (embora bastante impessoais) são ótimos centros de serviços. Corri para um temaki, imaginando que seria uma refeição rápida. Hora do almoço em Shopping, tive de me acotovelar com uma pati-adolescente-recém-saída-da-academia, e um casal de yuppies no balcão enquanto era muito mal atendida e derrubava shoyo pelos fundos do meu temaki em todo guardanapo. Depois disso passei no Sem Parar para cancelar meu aparelho do carro (e obviamente não consegui), e procurei a loja da TIM para desbloquear meu aparelho. Achei que esse seria o ponto mais estressante da minha existência na Terra. Tentar conseguir alguma coisa, qualquer coisa, de uma operadora de telefonia. Mas a vida é uma caixa de bombons, já diria Forrest Gump. Quando cheguei à loja da TIM, um delicioso ar condicionado, pessoas sorridentes me ajudando. Peguei minha senha, sentei em um sofá bem confortável e me servi da máquina de café espresso. Quando me chamaram, o atendimento foi rápido. Não desbloquearam meu aparelho. Simples assim. Mas eu estava tão feliz de ter sentado, tomado café, e descansado em uma temperatura agradável que eu nem liguei. Acho que pode ser legal ter de voltar à loja da TIM na semana que vem para tentar inutilmente conseguir alguma coisa que seja legalmente um direito meu de uma operadora de telefonia novamente. Saí pelo Shopping, andei por uns três pisos diferentes procurando presentes diferentes para três pessoas diferentes. Na Saraiva, uma fila enorme para pagar. Parece que a Saraiva se orgulha de ter a menor quantidade de caixas (e os mais lentos também) de toda São Paulo. Atrás de mim tinha um tipo bem grosseiro. Sabe aquelas pessoas que ficam falando alto, deixa um número deselegante de botões da camisa desabotoados e chama os funcionários de “xará”? Desse tipo mesmo. Ele era bem pançudo, e estava acompanhado de um outro tipo bem pançudo também. Então ele olha para a capa de uma dessas revistas que falam de celebridades (e pseudo-celebridades) onde Paola Oliveira sorria de rainha de algum Carnaval e solta em alto e bom som: “Essa Paola está muito gorda. Olha só! Que horror! O pior é que ela era tão bonita há uns quatro anos atrás, mas agora está um bujão. É só vê ela na novela, gorda, toda largada. Pelo amor de Deus! Essa aí agora só se mandar pra Sadia. Não serve pra mais nada. Tem que vender pra Sadia.” E ele olhava para os lados para ver se o comentário havia gerado simpatia em algum outro babaca no recinto. Achei aquilo de uma agressividade tão feia. Deus! Se Paola Oliveira deve ser vendida pra Sadia, sobra o que para mim? A Purina? Entendo porque as adolescentes escrevem blogs pró-ana* e pró-mia*. O mundo está repleto de pessoas escrotas e é impossível atingir seus padrões absurdos de estética e beleza. Sem contar que é desrespeitoso e machista ficar berrando esse tipo de opinião em público, ainda mais na presença de outras mulheres. Eu paguei o livro que estava comprando e fui embora me sentindo muito mal por não ter respondido nada humilhante para aquele ser humano. Depois fiquei pensando e acho que esse tipo de pessoa não mereça nenhum tipo de resposta mesmo. Passei no supermercado em seguida. Quinze corredores até encontrar os produtos de limpeza de que eu precisava e sacos de lixo gigantes para separar roupas para doação. Mais uma fila interminável para pagar (curiosamente todos os caixas desse Shopping são bem lentos). Há essa altura do championship meu pé já estava machucando, as sacolas derretiam e deixavam marcas no meu braço, voltei para o carro e para a caravana de calor até em casa. Cancelei um café com a Mari. Estacionei correndo na garagem e tranquei a porta atrás de mim pontualmente às 16h. Nem tudo resolvido, mas segura, aguardando a chuva despencar. Aguardei a chuva despencar e nada. 17h, 18h. Antes que eu pudesse sentir que todos meus esforços do dia haviam sido em vão... Às 19h a chuva despencou. No Saara é sempre assim. Pelo menos a chuva não falha. Nunca.

*Pró-ana é uma abreviação para designar opiniões à favor da anorexia. Pró-mia à favor da bulimia.

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