sábado, 15 de outubro de 2011

INVEJA É UM PRATO QUE SE COME QUENTE

Eu não sei se antigamente as pessoas eram tão invejosas e agressivas comigo, ou eu passei a enxergar melhor isso. Sexta-feira, no meio de uma discussão surreal de trabalho, com uma maluca colocando o dedo na minha cara e gritando sem que eu nem conseguisse perguntar exatamente o que estava acontecendo, eu cheguei a ouvir com todas as letras. “Mas você foi viajar”. Cuma? Desde quando o que eu faço na minha vida privada é da conta de alguém? Lógico que se a minha viagem tivesse afetado minha vida profissional de alguma forma, ela teria toda razão. Mas não. Não deixei de trabalhar, não deixei de cumprir nenhum compromisso. Me mantive o tempo todo conectada e com o telefone ligado. Não deixei de responder nenhum email ou ligação. Aliás, nem sei como ela sabia que eu estive viajando, sendo que em nada afetou a rotina dela. A única coisa que eu consegui responder foi “Ah, então é isso. Entendi!”. Eu nem acho que minha vida é muito interessante. Passo quase o tempo todo dentro de casa trabalhando. Tento fazer minhas viagenzinhas de vez em quando. Tento aproveitar um pouco das coisas que gosto. Mas é tudo sempre tão pouco, tão simples. Não tem nada de incrível, de mega especial. Nenhuma paixão avassaladora. Nenhum acontecimento inacreditável. Nunca pensei que minha vida pudesse incomodar tanto as pessoas. Acho que antes eu não percebia e acabei desenvolvendo uma personalidade um pouco agressiva até, porque tomava as bordoadas e me sentia culpada. Hoje essas coisas estão claras como cristal. Me saltam aos olhos. Eu tenho escolhido me afastar. Não existe energia pior ou mais corrosiva do que a inveja. Acredito que conseguir identificar já é uma benção. Eu preciso agora aprender a lidar. A não me deixar abalar. A não permitir que isso me torne ressentida, defensiva ou agressiva. Preciso, mais do que tudo, aprender a me preservar. Não que eu vá deixar de viver alguma coisa da minha vida. Mas evitar que pessoas de alma pequena tenham acesso às minhas emoções. Sempre achei que fosse uma grande qualidade ter emoções tão intensas, sempre tão à flor da pele. Hoje começo a achar que não. Na verdade agradeço a maluca de sexta-feira. Pela oportunidade de eu melhorar e entender melhor quem eu sou e qual é a percepção das pessoas por mim. Eu ainda vou precisar de um outro exercício, o de amar e ser gentil com alguém que me bombardeou com uma negatividade assustadora. Ainda não estou pronta para isso. Não estou com essa força. Então essas pessoas eu tenho mantido à distância. Mas é bom saber que vou ter essa oportunidade, quando sentir que o momento é válido.

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