terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A SENSAÇÃO LIBERTADORA DE ACEITAR AS COISAS COMO ELAS SÃO


Christina Hendricks - nenhuma Miss Universo.

Eu queria ter o corpo da Gisele Budchen. Não é clichê não. Queria mesmo. Queria também a conta bancária dela, mas eu até que estou feliz com a minha. Também estou feliz com o meu corpo. É o que temos para hoje, fazer o quê!? Acho que todo mundo tem aquele desejo secreto (ou não tão secreto) de espelhar alguma insatisfação em outra pessoa. A gente queria ter o cabelo da atriz, o corpo da atleta, a inteligência da intelectual, o sucesso da celebridade, a grana da milionária. Como se a solução de todos os problemas do mundo estivessem nessas coisinhas. Nos detalhes que achamos imperfeitos. Só porque em algum momento alguém colocou um padrão e estabeleceu o que era ideal e o que não era. A gente começa a sentir necessidade de coisas que nem sabíamos que precisávamos. No final do ano passado eu tava assistindo ao Miss Universo (é público e notório que amo programas trash de TV) e acompanhando pela minha timeline do twitter. Então alguém retweetou um comentário qualquer em inglês: “Não sei porque fazer um concurso de Miss Universo depois de Christina Hendricks”. Eu sorri. Para quem não conhece, Christina Hendricks é a Joan de Mad Men (minha atual série favorita). Ela é uma bombshell, linda, voluptuosa. Uma unanimidade dentro e fora da trama. A única coisa curiosa é que Christina Hendricks é gorda. Dentro dos atuais padrões de “beleza”, ela é o que chamam de “plus size”. Sempre gostei dela. Gosto da sua interpretação bem discreta e do tom de ruivo do cabelo. Então fui pesquisar e descobri que, com 1,71m e 70Kg, embora seja considerada “melhor do que uma Miss Universo”, Christina Hendricks vive se debatendo com a mídia por causa de suas medidas. E sofreu durante o começo de sua carreira por não atender aos padrões de abdomen negativo exibido pelas Misses no concurso. Não é muito engraçado!? As mulheres que estavam se candidatando a serem as mulheres mais bonitas do universo exibem formas tão artificiais e plásticas que geravam comentários de pena e repulsa, enquanto aquela que era endeusada como uma “Miss universo óbvia”, sofre em sua intimidade porque não tem aquelas formas. Continuando a pesquisar descobri que Mariska Hargitay (a detetive Benson de L&O SVU e filha de Jayne Mainsfield) tem 64Kg. Descobri ainda que Marilyn Monroe tinha praticamente minha altura (1m66 - eu 1m68) e sofria com o efeito sanfona exatamente na mesma abrangência de peso em que eu vivo me debatendo (53-64Kg). Agora pensa aqui comigo, se é para se projetar em alguma imagem de atriz ou celebridade, porque eu queria ter o corpo da Gisele Bundchen, se eu tenho o corpo da Marilyn Monroe, a mulher mais bonita e sexy que já existiu!? Jeniffer Lopes pesa 65Kg e tem 1m64. Kate Winslet pesa 63Kg e tem minha altura, também as mesmas medidas de Marilyn. Não é mais fácil aceitar a coisa do jeito que é!? Aceitar que as pessoas são belas e especiais por serem como são!? É tão libertador aceitar as coisas como são e descobrir a beleza disso. Aceitar que seus amigos são daquele jeito, que nosso nível de genialidade é aquele mesmo. Aceitar que a cidade tem trânsito, e as pessoas não seguem muito bem as regras de civilidade. Aceitar que seus pais vão te enlouquecer de vez em quando, e a empregada nem sempre vai lavar a louça direito. Aceitar que tem dias que o texto não sai muito bem, e a gente fuma um cigarro porque deu vontade. Aceitar que nesse mundo nada é perfeito, e é exatamente na “imperfeição” que ele fica maravilhosa, intrigante, interessante, surpreendente. Brigar para colocar as coisas na idealização de uma expectativa de “perfeição” é inútil, é doloroso. Só traz sofrimento. A gente vive decepcionado. Vive reclamando que a cidade é ruim, que as pessoas são mal educadas, que os amigos pisam na bola. Para quê!? Eles são o que são. E também existe beleza nisso. Às vezes a gente precisa parar de perseguir o corpo da Gisele Bundchen, e aceitar que se tem o da Marilyn Monroe. Vamos todos concordar? A realidade é muito melhor!

3 comentários:

Anônimo disse...

Primeiro de tudo acho que Cristina não é nenhuma unanimidade. Já ví muita gente tacha-la de gorda e eu, particularmente, acho seus seios horrendos. Eles são grandes demais e tiram a beleza de seu corpo.Para mim a beleza está na forma, na harmonia, na proporcionalidade.
Fiquei surpresa com o peso de Jennifer Lopez e não sabia do peso dessa linda e talentosa Mariska Hargitay. Mariska sofre até hoje com o preconceito de muitos por fazer um papel de uma policial durona, que está sempre de calças compridas. Mas quem assiste SVU como eu, já percebeu há tempos que ela é simplesmente bela. Também não é para menos: a mãe foi Jayne Mansfield, um dos maiores símbolos sexuais do cinema e o pai Mickey Hargitay, um ex Mister Universo.
Acho que Gisele é linda como modelo mas não agrada a grande maioria dos homens. A verdade é que eles gostam de quadris, peitos e bundas.( bem proporcionados é claro ).Mas gostei muito do seu texto e concordo. A mulher torna-se realmente bonita quando aceita o seu corpo, sabe conviver com suas limitações. Felicidade e beleza andam juntas, na maioria das vezes.

Ana Carla disse...

Aceitar as coisas como são é abrir mão do controle absoluto sobre a realidade, e escolher ser feliz!

Anônimo disse...

Na realidade, Marilyn Monroe nunca passou dos 54 kilos. Ela nunca foi tão "cheinha" como muitos acreditam e tampouco o melhor exemplo para se dar a alguém "acima" do peso, já que a própria Monroe possuía baixa alto estima. E do que adianta ter um belo corpo e não gostar de si mesmo? Em fim, embora ela tenha sido vítima do efeito sanfona, muitas das suas curvas e o visual "supostamente" voluptuoso, era fruto dos figurinos apertados que valorizavam seu corpo, porque não é possível que uma mulher de 1m e 66cm (ou 1m 68cm) com apenas 54 kg ter este volume fantasioso que dizem que MM teve,ela já foi "gordinha" antes da fama, mas emagreceu muito depois que passou a atuar. Seria porque estaria ela tentando se enquadrar um pouco nos padrões Hollywoodianos?
E outra, Marilyn Monroe só foi considerada a mulher mais sexy ( O que eu não concordo, ela foi sexy sim, mais não a "mais" até porque houveram outras mulheres mil vezes mais sexys no século 20)porque gostava de exibir suas curvas descaradamente, por causa de suas declarações polêmicas e figurinos que expunham ainda mais seu corpo e ser sexy não depende do tamanho ou do formato de seu corpo, depende muito mais de suas atitudes e comportamento do que de fato de sua figura. Bem, o fato de Marilyn Monroe ter tido ou não um belo corpo ou ter sido ou não "plus size", não quer dizer que o "padrão" de beleza Marilyn Monroe seja o correto ou o padrão Gisele também seja. Todos nós temos nosso biotipos, uns não conseguem emagrecer e outros simplesmente não conseguem engordar. Se sentir linda é ótimo e devemos cuidar da nossa aparência sim, pois relaxamento não é aceitar as coisas como elas são, é ser negligente consigo mesmo. Devemos aprender a valorizar as mulheres voluptuosas assim como também devemos valorizar as mulheres magras. Por quantas vezes vemos meninas magras sendo ridicularizadas por não ter curvas ou volumes em seus corpos? Quantas vezes elas se sentiram menosprezadas? Isso também não é triste? Eu poderia ter amado o texto, mas não amei. "Às vezes a gente precisa parar de perseguir o corpo da Gisele Bundchen, e aceitar que se tem o da Marilyn Monroe. Vamos todos concordar? A realidade é muito melhor!" Este trecho me entristece profundamente. Claro que devemos parar de perseguir o corpo da Gisele pois cada organismo uma sentença, se sua alimentação está saudável e você não alcançou este "ideal", ótimo! Mais um motivo para você aceitar seu corpo como ele é, pois toda a pessoa saudável é bonita. Mas dizer que a "realidade" corporal de MM é melhor, é o mesmo que estabelecer um padrão de beleza. É triste saber que o trecho que ressalta a aceitação da "vida" e do corpo que todos temos, perde totalmente o significado. São textos deste tipo que só nos fazem entender que não importa nossos tamanhos, nossa aparência ou a forma como nos comportamos. A humanidade sempre será hipócrita, e que infelizmente todos estamos presos a um padrão de beleza seja ele qual for.