terça-feira, 1 de outubro de 2013

CORRA, DRI CORRA



Eu sou da opinião que, cada pessoa deve achar qual o seu esporte. Não que cada pessoa tenha apenas um esporte, mas cada pessoa vai se sentir bem fazendo determinada(s) atividade(s) física(s). Tem gente que gosta de tudo, é verdade. Faz, pula, pinta e borda. Outros já comparam qualquer atividade com uma sessão de tortura chinesa. Mas a verdade é que, quando encontramos alguma atividade que nos dá prazer, a vida fica muito mais gostosa e fácil de se levar. Já vão 10 anos e eu descobri a corrida. É uma das atividades da minha vida. Nesses 10 anos passei por períodos de intensa dedicação, e completa abstinência. Mas sempre corri. O que gosto na corrida? É um esporte independente. Não dependo de ninguém para correr. Sou eu, meu tênis e uma pista. A gente pode correr em qualquer lugar do mundo, qualquer hora do dia. Funciona quase como uma meditação. Enquanto corro sou eu e meus pensamentos, e nós vamos nos organizando conforme meu corpo vai sendo desafiado. Para mim sempre foi um problema, a mente muito ativa e o corpo nunca cansava. Sofri anos de insônia por causa disso. A corrida me ajuda a equilibrar a equação. Me faz um bem danado. Com os acontecimentos dos últimos meses, que me obrigaram a refletir sobre todas as coisas que eu tenho feito na vida, comecei a resgatar o que realmente me é caro. Com isso voltou a corrida à toda. Ainda não recuperei o fôlego dos meus tempos aureos, mas o gostoso de atividade física é que conseguimos ver resultados rápidos, eles são perceptíveis. O fôlego melhorou gigantescamente. E já estou alcançando um ritmo que não dá mais vergonha de contar para os amigos. Para me coroar retomei com tudo as corridas de rua. Esse é um dos meus grande prazeres. Adoro corridas de rua!!! Acho que todo mundo deveria participar de pelo menos uma na vida. É uma atmosfera muito boa, muito positiva, de alegria, dedicação, saúde. Cheia de gente bonita. A gente vai correndo pelas ruas da cidade, enquanto voluntários gritam frases de incentivo e nos aplaudem quando a gente passa. No final a gente ganha um monte de brindes e até uma medalha. Quer coisa mais legal!? Eu sinto falta de companhia para fazer essas coisas. Meus amigos são todos sedentários, e ninguém nunca se anima a me acompanhar. Mas a corrida pode ser assim também. Uma história da gente com a gente mesmo. Esse final de semana fiz dobradinha. Fiz a Fila Night Race e a Etapa Primavera do Circuito das Estações da Adidas. A Fila Night Race foi na USP. Achei um pouco desorganizada. A largada estava quase sendo dada e ainda havia uma fila kilométrica para retirar o chip. Os funcionários sem nada de proatividade. Alguns sem fazer nada, parados, olhando a banda passar, em vez de se prontificarem e ajudarem a distribuir os chips para que todos os corredores pudessem largar com calma. Ainda não entendo porque esse frescura de entregar chip no dia. Antes tivessem entregado já com o kit. Eu gosto bastante de corridas na USP. A USP é como um dos nossos quintais, um lugar tradicional para corredores paulistanos. Também é uma das poucas oportunidades de ir ao campi. Desde que saí da faculdade o universo universitário foi ficando cada vez mais distante. É gostos correr entre as faculdade, beirando a raia. Uma pena que a USP esteja tão abandonada. As ruas estão todas esburacadas, feias, mal tratadas. A prova virou praticamente uma corrida de obstáculos. Desvia do buraco, pula a cratera, e cuidado para não tropeçar no degrau. Fiz 5K assim, passando por todos os obstáculos sem torcer o pé nem uma vez. No domingo foi o dia do Circuito das Estações. Acordei às 5h30 e tava uma chuva forte na janela, o dia todo escuro. Juro que fechei os olhos e considerei por dois minutos a possibilidade de ficar na cama e cabular a corrida. Mas depois resolvi ir, porque correr me faz sentir muito melhor do que ficar na cama. Fui esperando fazer a corrida na chuva. Me agasalhei, coloquei uma camiseta de manga longa por baixo, tênis velho para poder ensopar na chuva e saí toda descabelada, esperando que a chuva desse um jeito na juba. Mas Murphy sabe das coisas. Assim que cheguei no Pacaembu o céu abriu, o tempo esquentou e no primeiro km eu já estava super-aquecida. Tive que perder um tempo parando e tirando a blusa de baixo para continuar a corrida. Essa prova é bem legal. Tem um pouco de altimetria, para aumentar o desafio. A gente sai da Praça Charles Miller, desce a Pacaembu e pega o Minhocão, depois volta pela contramão até a praça de volta. É um circuito gostoso de fazer. Adoro correr no Minhocão. A organização lançou um desfio bem legal. Fez percursos com 1K a mais para quem quisesse se desafiar um pouco mais. Como não aceitar uma proposta dessas!? Claro que fiz 6K, feliz, tranquila. Cheguei descabelada, mas com um sentimento de bastante completude. Depois o tempo fechou de vez, mas daí eu já estava em casa. Pude ficar nas cobertas, trabalhando em um livro o domingo inteiro, sem um pingo de peso na consciência. Achar uma atividade física é um pouco assim, deixa de ser um sacrifício. Passa a ser um suporte para a vida, algo que soma e fortalece os nossos dias. 

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