sábado, 27 de novembro de 2010

CACHINHOS DOURADOS

Nada como começar um dia com “good news”. Ontem eu já estava atrasada para a primeira reunião do dia. Saí correndo, largando a cama desarrumada, secador de cabelo jogado em cima da pia do banheiro e comendo um bombom de cupuaçu como café da manhã. Entro no meu carro, que estava quase em frente ao prédio, já que aqui não tem garagem, e... o banco de trás estava abaixado. Hum! Não gosto nada disso. Dá aquela sensação estranha de algo fora da ordem. Como se eu fosse um dos três ursos descobrindo que alguém havia mexido no meu mingau. Então eu olhava em volta. A porta fechada, os vidros intactos. Comecei a procurar por algo faltando, porque eu certamente não tinha deixado o banco de trás abaixado. Meu creme de mãos, ok. Álcool em gel, ok. Cinco garrafinhas de água mineral semi bebidas, ok. Caixinha de lenço, ok. Carregador do IPhone... not ok! Putz! Levaram meu carregador. Tudo bem. Eu não ando com nada de valor mesmo no carro, e nem tenho rádio. Só então que me ocorreu que, no porta-malas estava o mega-presente que eu comprei para a Olivia e não tinha levado na casa da MH ainda. Olivia nasceu no feriado de 15 de Novembro e eu tinha comprado um berço dobrável de viagem super legal. Rosa e cinza. Paguei uma grana nele e quase enlouqueci as vendedoras para escolher o melhor. Eu as fiz abrir e montar três berços diferentes até escolher aquele. Ai que raiva viu! O banco de trás abaixado e o porta malas escancarado e vazio. Eles entraram pela porta do passageiro. Entortaram com alguma alavanca. Deixaram um vão barulhento e ótimo para chuva. O que me dá mais raiva não é só a invasão de pensar que alguém andou, ajoelhou, apoiou as mãos em um lugar que é pessoal e onde eu passo tanto tempo do dia. O que me dá mais raiva é ver que, depois de todo o trabalho e risco de entortar a porta, entrar no carro... neguinho vai embora e larga o carro! Como assim minha gente? Já fez o mais difícil, então leva o carro embora. Me deixa receber o dinheiro do seguro que vale mais. Dava para trocar de carro, comprar outro presente para a Olívia e eu ainda saía no lucro. Vou te falar. Não se fazem mais ladrões como antigamente. Eu fiquei grunhindo por um tempo. Ligando para as amigas para compartilhar meu horror com a falta de ética da bandidagem de hoje. Mas dando risada, porque não é esse tipo de coisa que vai abalar meu bom humor no dia. Na hora do almoço fui correndo na funilaria e o moço desentortou a porta em cinco minutinhos. Tudo em ordem, vida normal. Fez um dia lindo. Eu estava usando um macacão de malha ecológica creme novinho que comprei em Belém e todo mundo me dizia que eu estava bonita e elegante. Eu toda pimpona. Muita coisa acontecendo de bom ao meu redor. Não dá para arruinar um dia por causa de um episódio desses. Eu não lembro muito bem como termina a história dos três ursos, mas eu lembro que a cachinhos dourados estava cansada e com fome. Eu até desconfio que a pessoa que entrou no meu carro não tinha cachinhos dourados... mas espero que o berço que eu escolhi com tanto carinho para a Olívia chegue pelo menos a alguma criança que encontre nele mais segurança e conforto.

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