terça-feira, 10 de maio de 2011

DRY BY DRI


Eu sou da opinião de que Champagne deveria ser item de cesta básica. Adoro! Por mim todo dia era brunch. Ovos Benedict e flute de Champagne. Adoro o formato das taças. Adoro as bolhinhas fazendo cócegas no nariz. O entorpecimento e as cores que a vida só ganha quando tomamos champagne. Winston Churchill (talvez o único político que eu respeite de toda história) dizia: “Champagne should be cold, dry and free.” A Kika foi para Berlin e me trouxe um imã de geladeira que diz exatamente isso. Achamos que Sir Churchill roubou isso de mim.  Verdade que champagne é um Channel. Clássico. Universal. Mas eu tenho também um outro drink de paixão. Eu costumava consumi-lo com mais freqüência antigamente. Em tardes preguiçosas ou acompanhando conversas e bolinhos de arroz no Ritz junto com o Alê. Dry Martini! O drink do James Bond (que cometia o sacrilégio de pedir batido e não mexido). Foi o Alê que me ensinou a pedir Dry Martinis com duas (Três pode Arnaldo?) azeitonas. Segundo ele o gin faz com que a pressão caia levemente, e a azeitona no fundo da taça triangular é como um pequeno orgasmo, salgadinha, dando um up e fazendo o mundo brilhar. Dry Martinis com orgasmos duplos. Sou muito a favor. Acabo não pedindo tantos Dry Martinis quando saio por uma razão muito triste na verdade. Em uma época em que a moda é colocar adolescentes de avental atrás dos balcões, difícil mesmo é encontrar um Dry bem feito em São Paulo. Alguns endereços mantém barmen a peso de ouro. Apesar de muito simples em conteúdo, o Dry Martini é o drink mais difícil de ser executado corretamente. O gin é uma bebida muito suceptível às ações do ambiente. Temperatura, trepidações. Tudo altera seu sabor. O vermuth é quase nada. É ele quem dá o “dry”, e se não for adequadamente acrescentado, pode resultar em um drink intragável. Fora isso existe uma combinação de tempo e destreza do barman em gelar o copo, passar o gin na coqueteleira em tempo de não derreter o gelo, besuntar a taça com vermuth. Acrescentar rapidamente o gin e, enfim, pingar a azeitona. Ou melhor, as azeitonas. Eu aprendi os segredos para se fazer um bom Dry, segredos esses que definem a mão de um bom barman, por um date. O date foi um fracasso. Ele era um rapaz adorável, mas que infelizmente não me atraía em nada. Mas era também campeão brasileiro de coquetelaria (é assim que fala?), e me ensinou cada passinho para servir um Dry de fazer Ian Flemming tirar o chapéu. No final de semana eu comprei tacinhas triangulares. Mesmo que for para tomar chá gelado, tacinhas triangulares são um charme. Hoje eu arregacei as mangas e fiz meu primeiro Dry Martini do ano. Geladinho, seco, e com orgasmo triplo. Para comemorar um dia lindo, produtivo e cheio de oportunidades. Pode ser um pouco alcoólatra chegar em casa e fazer drinks... mas eu fiquei me sentindo, desfilando pela sala com a tacinha triangular.

2 comentários:

Ligia disse...

E agora tá explicado pq não apareceu no curso: orgasmo triplo. Justificável.
Mas fez falta.

Fernando Paz disse...

Dry Martini é tão bom quanto polêmico. O Ernest Hemingway dizia, em outras palavras: se um dia você se perder na selva africana, não se preocupe. Vá até a pedra mais próxima e prepare um Dry Martini. Em cinco minutos aparece alguém para dizer que não é assim que se faz! Gostei da homenagem, Dri, e vou confessar: eu também tomo em casa e, se preciso, sozinho. Bj!