terça-feira, 9 de agosto de 2011

PRIVACIDADE

Hoje é o aniversário do meu Dutch Prince. Quando deu meia-noite lá na Holanda eu mandei um email fantasiada de Marilyn e cantando “Happy Birthday Mr. Dutch Prince” para ele. Tudo virtual e em palavras, mas essas são as maravilhas da internet. A gente pode levar um relacionamento a 10 mil Km de distância e participar ativamente da vida um do outro. Engraçado que eu me sinto muito mais segura do que eu me sentia em relacionamentos em que o cara morava no mesmo bairro. Estou completa. Não sinto vontade de conhecer outras pessoas, de flertar. Sinto tranqüilidade e estabilidade. Acho que isso tem a ver com caráter também. Não apenas o meu, mas principalmente o dele. Ele é um cara sólido. Inteiro. E adorável. Então, quando uma garota encontra um cara como ele, não importa se ele está do outro lado do oceano, é como se estivesse tudo certo. Tudo se encaixa. O resto a gente vai administrando. Temos o skype, que é a décima primeira maravilha do mundo (perde para o rímel, o corretivo e o scarpin!). Graças ao skype eu posso ter horas de conversas como se ele estivesse do meu ladinho, assim como posso assistir novela com a Y que é uma das minhas melhores amigas e mora em Fortaleza. Temos os sagrados emails diários. SMS. Facebook. Hoje é tão mais possível  ficar perto sem estar presente. Quando a Y e eu fizemos intercâmbio juntas na adolescência, por exemplo, ela morava em Curitiba. A gente mandava cartas que demoravam um mês para serem enviadas, e outro mês para serem devolvidas. Hoje muitas vezes ela é a primeira que recebe notícias que estão acontecendo no mesmo instante comigo. Acho lindo isso. O presente dele ainda foi por Correios. Uma fortuna que vai chegar mais próximo ao meu aniversário do que do dele. Mas eu fui a primeira a cantar “Happy Birthday” hoje, e ele me agradeceu enquanto eu ainda dormia e ele tomava café da manhã. É como um tempo paralelo. Existe eu no Brasil, ele na Holanda, e nós nesse tempo virtual que é só nosso. Eu sei que existem todas as coisas que podem dar errado em qualquer relacionamento, e que esse se der certo vai passar por muitas outras provas. Mas eu me sinto abençoada por viver nessa época de tanta interação, de tanta possibilidade de conexão, de comunicação e interatividade. Há quem diga que é o fim da privacidade. Eu discordo. Nunca estive tão reclusa e caseira, e tão no mundo ao mesmo tempo. Eu acho maravilhoso. Compartilho, curto, blogo, escrevo, posto, tuito, o que escolho. Mas ainda tenho minha privacidade absolutamente intocada. E mesmo quando eu abro aqui, um pouco da comemoração de aniversário do meu Dutch Prince, é uma escolha preservada. Com um oceano inteiro entre a gente, só mesmo nós dois sabemos o que um “Happy Birthday Mr. Dutch Prince” representa.

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