sexta-feira, 21 de setembro de 2012

FUCKING SPECIAL

Hoje a música Creep do Radiohead faz 20 anos. Uau! 20 anos. É um pouco assustador pensar que eu já me conhecia por gente e já era neurastênica 20 anos atrás. Eu tenho uma relação de muita completude com essa música. Pensa só: eu tinha 16 anos. Gostava de um garoto que não me dava bola. Sonhava em escrever cinema. Detestava meu cabelo. Usava camisas de flanela xadrez bem grandonas que cobriam meu corpo até legalzinho, de quem jogava handbol e praticava natação. E tudo o que eu queria era me sentir especial. Daí vem esse cara, cantando com vozinha rouca no microfone, que também gostaria de se sentir espeical, mas que ele é um estranho, um esquisito e que não se sente parte daqui. Bum! Tudo fez sentido. Eu não era a única. Até hoje quando ouço essa música parece que alguém escreveu lendo bem pertinho o que falava meu coração. É verdade também que se sentir estranho e esquisito era uma epidemia quando eu tinha 16 anos, (e definiu todo o movimento grunge, do qual tenho muito orgulho de ser filha e testemunha). Ok, eu sei que todo adolescente se sente estranho e esquisito, é o imperativo. Só que Creep foi escrita uma única vez e somente há 20 anos atrás. Desde então não vi outras coisas calando fundo como essa música. Estou bem longe de ser crítica musical, então não é o caso de dissertar sobre a qualidade musical ou técnica do Radiohead. Só sei que, ainda hoje, quando ouço essa música, minha alma assenta. 20 anos depois eu ainda sinto que não faço parte, e começo a desconfiar de que todos meus contemporâneos acabaram encontrando um caminho para "a perfect body, a perfect soul". Pior, começo a desconfiar de que, talvez, eu nunca vá ouvir essa música como uma balada apenas. Ela vai sempre me descrever... Ainda bem!

Aqui vai uma seleção minha das diferentes vezes que essa música espremeu meu coração.

O clipe oficial com o Thom Yorke merecendo um colo.





Essa é a fofa cena de "And they lived happily ever after" com Johnny Depp e Charlotte Gainsbourg, (os creepies mais descolados do cinema).




Uma animação linda feita com a versão acústica da música.




Maravilhosa em coro, com os suécos do Vega Choir. (Está na trilha sonora de "The Social Network").




E essa é minha favorita: o mendigo Mustard, que ficou famoso cantando Creep nas ruas do Village. (Irônico, não!?) Gosto de pensar que, tanto eu (uma pseudo-perua paulistana) quanto ele podemos nos sentir da mesma forma com uma música. :-)




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