quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

ZOÉ VALDÉS



Mais uma coisa sobre Cuba. Quando li "Trilogia Suja de Havana" do Pedro Juán Gutierrez fiquei apaixonada por Cuba, pela literatura cubana e por aquele careca de charuto na boca e cara de mau. Inclusive um dos meus planos diabólicos era perseguir o escritor pelas ruas de Havana. Não aconteceu. Ano passado, na FLIP, assisti a mesa em que Zoé Valdés participou com o tema literatura no exílio. Zoé é uma escritora cubana, exilada em Paris. Já achei a garota esperta de imediato. Se é para se exilar, nada de ir para Miami, a cidade mais cafona do mundo. Exile-se em Paris, claro! Comprei o livro dela e deixei procrastinando na prateleira. Quando estava arrumando a mala, pensando qual seria a literatura da viagem, puxei o exemplar de "O Todo Cotidiano".  Na verdade é uma edição de dois livros de Zoé: "O nada cotidiano" de 1995, que narra sua infância e adolescência na ilha; e outro mais recente, de 2010, "O tudo cotidiano", que fala de seu exílio em Paris. Achei que seria uma leitura adequada nesse momento de suposta transição da ilha, ler dois relatos de Cubas diferentes. Acho que eu não podia ter feito escolha melhor de literatura. Zoé é uma escritora punk! Se eu achava Pedro Juán pauleira, nada como ver alguém de saias falando sobre Cuba. Sei que sou suspeita para defender escritoras mulheres, mas acho que quanto mais dolorosa é uma realidade, mais pungente fica a narrativa feita por mãos femininas. Mulheres possuem outra maneira de viver a dor, talvez porque é tão inerente a nossa vida. A fragilidade do sexo, que pode nos tornar cruéis e inocentes ao mesmo tempo. Independente de qualquer sentimento que você possa ter pela ilha, vale a pena ler os livros. Os dois. Um seguido do outro. 


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