terça-feira, 25 de março de 2014

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Uma coisa que me deixa cansada é histeria. O que é bem complicado, já que estamos vivendo tempos histéricos. As pessoas vomitam suas ideias e opiniões, já repararam. Não existe nenhum nexo ou contexto. É uma coisa meio impulsiva. Sai de dentro, descontroladamente em quem estiver na frente. Jorra para todos os lado, suja o sapato. Mas o importante é ter opinião. É defender seu ponto de vista. É calar a boca do outro. Nisso perde a interlocução, o diálogo, a reflexão. Ganha quem grita mais alto. E estou falando isso com culpa assumida. Já fiz muito disso. Muito mesmo. O importante era esbravejar minhas certezas ao mundo. Ter a última palavra em tudo. Ficava toda pimpona por “vencer” uma discussão. Ainda caio nessa esparrela vez em quando. Mas não me sinto mais vencedora. Saio derrotada. Com a sensação de só ter causado incomodo, dor, desconforto, e não ter mudado nada. Tenho exercitado a arte de largar a batalha no momento em que ela vira exatamente isso: uma batalha. Gosto de conversar e discutir e pensar. Mas a partir do momento que vira batalha, me retiro de campo. Não se discute com quem está vomitando. Acaba-se com os sapatos sujos. Machuca. Não se chega a lugar nenhum. Dou um passinho para trás e silencio, esperando ver o histérico sair de campo com o peito estufado de quem ficou com a última palavra. No final é isso a única coisa que se leva. A última palavra. 

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