segunda-feira, 18 de março de 2013

COMO ENTENDI QUE O APEGO É MINHA MAIOR FORÇA



Em dezembro o João Luiz Vieira me convidou para escrever para o Paupraqualquerobra.com.br. O site é um projeto antigo dele, um portal que fala sobre sexo, relacionamento, comportamento e direitos de gênero. A princípio fiquei com medo, porque tenho uma pegada bem careta e tradicional. Meu texto é de mulherzinha. Mas era exatamente isso que ele procurava, então lá fui eu, achando que seria bombardeada. Em três meses o site alcançou 50mil acessos diários. É um fenômeno. E minha coluna, que entra todos os sábados, é super bem recebida. Virou uma diversão procurar assuntos e temas para a coluna da semana. Fuço pela internet, converso com amigos, ouço histórias. Às vezes o tema cresce sozinho e a coluna repercuti muito bem. Outras nem tanto. Mas é assim mesmo que funciona. Estou me divertindo tanto com a nova temática que tenho feito muitas pesquisas bibliográficas. Uma vez por semana dou um pulo na livraria e ataco a sessão de livros de “autoajuda”. Ali a gente encontra 90% do que está errado nas expectativas de relacionamentos das pessoas. Ainda se acredita que um relacionamento interpessoal pode ser conduzido como receita de bolo. Faça isso, não faça aquilo. Sem levar minimamente em consideração as nuances de personalidade de cada pessoa, suas necessidades emocionais, sua base afetiva. Ler livros do naipe de “Como fisgar um homem em 50 lições”, ou “Tudo o que você queria saber sobre as mulheres (mas nunca teve coragem de perguntar)” me ajuda a entender e conversar na coluna sobre as angustias dos relacionamentos. No geral somo todas pessoas carentes, querendo encontrar o amor de alguma forma. Sempre acreditei nisso. Mas nem sempre essas referências bibliográfica são pataquadas caça-níqueis. Vez ou outra eu esbarro com um livro que realmente aborda questões pertinentes sobre relacionamentos e sobre a forma das pessoas se relacionarem. Semana passada esbarrei em um livro que me trouxe luz e clareza sobre as necessidades de apego (sobre as minhas inclusive): Apegados - Um Guia Prático e Agradável para Estabelecer Relacionamentos Românticos Recompensadores, de Amir Levine e Rachel S. F. Heller. A dupla de psicólogos pegou a teoria do apego desenvolvida nos anos 50 por John Bowlby e passou a aplicar estudos com esse foto em relacionamentos românticos. O resultado é fascinante, entendendo as maneiras de se relacionar de forma autêntica e colocando por terra todas as teorias de regras para estabelecimento de intimidade e comprometimento. Eu particularmente adorei o estudo, porque coloca por terra a eficiência dos joguinhos românticos. Odeio jogos e nunca fui praticante, mas já tive dúvidas sobre se não deveria praticá-los. Se eu não deveria me mostrar menos disponível, ou “me fazer de difícil”. Se eu não deveria evitar manifestar minhas necessidades emocionais, porque não queria ser considerada frágil. São crenças cada vez mais em voga na nossa sociedade, que exalta a autossuficiência como um grande mérito. E vai acabar levando uma geração inteira a envelhecer solitária e infeliz. Eu sempre achei que a força vem da união, da capacidade de se entregar, de se submeter, de criar intimidade e vínculos profundos com outra pessoa. A maior descoberta para mim, no entando, foi finalmente entender que, para algumas pessoas, isso é completamente impossível. Que a intimidade é violenta e sufocante para algumas pessoas e elas terão muitas dificuldades para realmente construir uma relação de cumplicidade e apoio mútuo, constantemente criando armadilhas inconscientes para afastar o outro. Daí vem a infindável gama de relações infelizes que vemos por aí, onde pessoas se sentem sufocadas, ou frustradas, inseguras, carentes. É tudo uma questão de saber entender a linguagem afetiva do outro e assumir se somos capazes de falar a mesma língua. 

Um comentário:

Elis Batina disse...

Adorei a dica do livro e a reflexão que você fez sobre relacionamento.
Sabe, eu acredito que a felicidade de cada um está, também, naquilo que não admitimos, nem pra nós mesmos, que queremos. Nos aceitar como realmente somos numa sociedade cheia de imposições e modelos pré-estabelecidos da perfeição, para se alcançar a felicidade, é muito difícil.
E você disse uma coisa, muito interessante, que aprendi com meu último relacionamento: aceitar a maneira que o seu(sua) companheiro(a) quer viver.
E se não quiser viver da mesma maneira abra espaço para a pessoa ser feliz.

Obrigada por compartilhar, gostei MUITO de ler tudo isso. :)

Beijos.