segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

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Eu nadei muito na adolescência. Participava de competições. Ganhei até algumas medalhas! Nada muito importante, mas era meu esporte, junto com o handbol. Os treinos eram longos. Saía da piscina faminta e atacava dois cachorros quentes de uma vez. Era uma fome sem fim. Ainda assim não engordava um grama. Eu era tão seca que meu apelido era “saracura”, por causa das minhas pernas compridas e finas. Aos 15 anos abandonei a natação. Meus ombros começaram a desenvolver, e eu ficava com vergonha. Vê se pode! Vergonha da postura linda de nadadora! Coisa de adolescente. Ah, se a gente soubesse naquele tempo o que a gente sabe hoje. E cá estou eu me flagrando com as mesmas reclamações que todas as gerações antes de mim também tiveram. Quando mudei para esse apê onde moro, olhei para a raia da piscina do prédio e prometi: vou nadar todos os dias. Na verdade nadei apenas um dia. Desci de maio, toquinha de silicone e óculos. Muito mais lenta do que há 20 anos, obviamente, mas a técnica ainda intacta. Fiz os quatro estilos, só para provar a mim mesma que ainda posso. Depois esqueci, e não nadei mais. Hoje, com essa nova fase de trabalhar na piscina, resolvi descer de maio, toquinha e óculos. Entre uma bateria de texto e a programação das mídias sociais, aquele tempo em que antes eu tomava um café e fumava um cigarrinho (já que agora eu não fumo mais), pulei na piscina e dei umas braçadas de crawl. Fantástico! A cabeça fica calma, meus ombros (que sempre doem e ficam tensos do computador) relaxaram e ficaram mais flexíveis, a endorfina se espalhou pelo meu corpo e eu senti aquela maravilhosa sensação de total bem-estar. Voltei para o computador e produzi o dobro! Depois de algum tempo, mais uma pausa. Mais algumas piscinas. Então eu descobri que a natação é minha companheira de qualidade de vida. Ela é o ponto de equilíbrio para eu produzir mais. Como é que eu fiquei tanto tempo sem nadar? Ainda mais morando há 3 anos em um prédio com piscina e com raia? É bom poder resgatar qualquer coisa, seja o tempo que tenha passado. Pode-se sempre recomeçar, refazer. Consertar as decisões bobas feitas lá atrás. A piscina é externa. Ainda não sei como vou fazer no inverno. Mas até lá, ainda tem tempo de muitas braçadas. 

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