sexta-feira, 27 de setembro de 2013


Acho que se eu for escolher algumas palavras para definir meus últimos meses seriam dor e mudança. Ah sim, e um enorme sentimento de “foda-se”. Uma vontade muito grande de me jogar verticalmente em mim mesma. Já parou para pensar no quanto a gente vive pelos outros. As relações que construímos, as pessoas que amamos, as responsabilidades que assumimos. Quando nos damos conta a vida dos outros nos influencia mais do que nossa própria. E é muito doloroso se desvincular emocionalmente das provações que as pessoas que nós amamos passam. É como diz aquele ditado, aprendemos pelo amor ou pela dor. Para mim a lição veio em uma crise de stress, meia dúzia de consultas médicas, exames, uma doença crônica e uma cirurgia para biopsia. Enquanto eu estou aqui, aguardando o resultado da biopsia e vivendo um pós-operatório chato, com remédios que me enchem de sono, volto a questionar onde está minha vida no meio disso tudo. O que é meu, o que faz parte da minha história, e o que eu peguei emprestado por achar que era responsabilidade minha. Ah, a gente faz terapia a vida inteira e continua errada. Sabe o que tem me feito feliz esses dias? Ser saudável. Gosto muito de ser saudável. De me cuidar. De fazer esportes, correr. Sentir meu sistema cardio-respiratório sendo exigido. Gosto de me alimentar bem. De comer coisas saudáveis. De ver a reação de uma boa nutrição no meu organismo. Gosto de ser vegetariana. Eu gosto de lubrificar a maquininha. Eu estou me pegando no colo. Quando a gente se dissocia do que não nos pertence, parece mais evidente cuidar de quem realmente faz parte da nossa história. Quero me rodear do que é bom. Do que é saudável. Do que faz bem.