sábado, 14 de agosto de 2010

APAIXONADA

Estou apaixonada pela Escócia. Isso sim foi uma coisa surpreendente. Escócia nem fazia muito parte dos meus planos iniciais. Acabei vindo porque precisava dar um tempo fora da Comunidade Européia então, olhando no mapa... Hum! Tem a Escócia ali em cima. Se é para conhecer a Escócia, que seja no verão pelo menos. Hum! E tem o festival em Edinburgh. Hum! Então tá. Vim para a Escócia. Na verdade pensava em passar só um par de dias e ir para outro lugar. A gente nunca ouve falar muito de Escócia (e é praticamente um alívio de turistas brazileiros por aqui). Acho que é mais legal quando a gente se apaixona do nada. Sem esperar. Sem nenhuma expectativa. As Highlands Escocesas são supreendentemente verdes. Verdes, vivas e vibrantes. Eu achei que ia me deparar com uma paisagem muito mais próxima daquele comercial da Johnny Walker com o Robert Carlyle. Alguma vantagem deve ter tanta chuva. Temos dirigido de cidade em cidade. As paisagens são breathless! Montanhas surreais que se desdobram umas atrás das outras. Lagos e mais lagos de águas cristalinas. Rochas que parecem estar aqui há milênios. Uma imensidão de paz e silêncio. Começo a entender um pouco do povo escocês. Uma nação que não é nação. Que ganhou um parlamento há pouco mais de 15 anos. Que é um país, mas vive sob o poder da Rainha de um outro país. Que tem o mesmo dinheiro, mas imprime suas próprias cédulas. Quando cheguei em Edinburgh no começo da semana achei que isso tudo era submissão. Achei que os escoceses tinham um quê de covardia. Mas água e óleo não se misturam, e o que faz de um povo, povo, é muito mais do que as leis escritas e assinadas por alguns homens em salas cheias de pompa e pedaços de papel. É o país que eles respiram. A língua que falam. (Tem o gaélico, mas mesmo o inglês é praticamente incompreensível com o sotaque deles). Andando por esse país, pela imensidão e grandiosidade desse país, a gente começa a acreditar em Deus. Em uma força mais absoluta do que todos nós. Na imensurável fragilidade humana. A vida é só uma paisagem. De tirar o fôlego. Eu tenho experimentado momentos de grande euforia. De uma felicidade que quase não cabe no peito. Seguidos de alguns momentos de instrospecção. De olhar para mim e para onde eu estou. Grata, imensamente grata por estar na segurança da companhia da minha amiga. É longe. Mas é lar. Meu lar vai comigo onde vou. Eu sinto o vento gelado emaranhando meus cabelos. O cheiro fresco de vida. A grande imensidão deste mundo, tão antigo e tão aparentemente intocado. Então eu suspiro baixinho “Obrigada! Obrigada!”. Esperando que essa força maior (O astral? Deus?) me ouça e entenda. Estou tão apaixonada pelo mundo.

Um comentário:

Carla disse...

uau! nada como não limitar o olhar e se deixar levar. assim acontecem os melhores encontros. curta o seu!