sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A CORREDORA NOS CAMPOS DE TRIGO

O campo de trigo por onde eu corria.. até hoje!

É minha gente! Último dia de Helpx na Farmville. Passou mais rápido do que eu pensava. Porque houve um momento em que eu pensei que não ia passar nunca. Não pela experiência em si, mas por tudo o que eu passei enquanto aqui. Hoje acordei, ou melhor. Madruguei, como todos os outros dias. Saí no frio ingrato que faz aqui todas as manhãs e fui dar minha corridinha. Eu já estava acostumando com o caminho. Desço pela rua, até a estradinha. Vou por ela até o morro, de onde se vê os trilhos do Eurostar saindo do túnel e entrando na Inglaterra. Terra louca essa Inglaterra. Uma ilha gelada e úmida. Como uma gruta. O Sol quase nunca sai. Quando sai não esquenta nada. Chove. Sempre. Todos os dias têm cara de depressão. (Y vai ter espasmos de felicidade com essa agora) Não moraria aqui por nada. Volto um milhão de vezes, mas não pra morar. Deve ser desesperador pensar que as estações vão mudar, o Sol vai se aproximar e se afastar. E você vai contar nos dedos da mão (do Lula!) quantos dias de calor verdadeiro você vai ter no ano. Eu procuro mais do que isso. Procuro algo um pouco mais extraordinário do que isso. E agora eu não estou falando do clima. Vou tentar explicar, sem falar. Eu me adaptei ao caminho. Todo dia (quase todo dia...) acordo e corre esse caminho. Às vezes Jesse me acompanha e vai correndo na frente. Outro dia tentou caçar uma raposa. As duas se enfiaram no meio da plantação de trigo. Eu vou correndo, ouvindo meu set list “Running Girl”. Já me perguntaram se eu corro ouvindo sempre o mesmo set list. Sim! Eu gosto de saber o que vem depois. Gosto de ir reconhecendo o caminho. Então fica ainda mais fácil ir se adaptando ao caminho. O ser humano é um bichinho bem curioso. Se adapta a tudo. Sem menosprezar as virtudes todas da coisa. É uma vista linda! Quando sai um solzinho gelado, o campo fica todo dourado. Como um tapete rústico, imóvel a minha volta. Me invade uma sensação de liberdade. De correr em um lugar que se estende pelos horizontes, cruza um mar, acaba longe. Sou eu, a estrada. Parece que, por eu estar correndo o campo respira. Mas isso sou eu. Sou eu correndo. O campo é só um campo. Um campo de trigo baixo. Todo molhado da chuva diária. Com um Sol de verão que não seria ameaça nem para um albino. É frio. É gelado. Sem nenhum calor humano. E eu não sou mulher para me contentar só com isso. A gente é capaz de se adaptar a qualquer coisa. Tem muita gente que vive aqui. Que ama viver aqui. Tem gente até que faz de tudo para mudar para cá! Mas para mim, é muito frio. É muito pouco. Eu estou em busca de algo que seja mais extraordinário do que isso. E novamente, não estou falando do clima. Então hoje eu corri pelos campos de trigo pela última vez. Amanhã pego minha mochila e vou para London, segunda-feira Edinburgh. Ainda frio, verdade. Mas agora estou falando do clima. Eu sou uma corredora. Vou em busca de algo extraordinário. Meu set list “Running Girl” não muda, mas os campos de trigo... esses não vão na minha bagagem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que bacana! Edimburgh é o máximo, chiquérrima! Andando no Royal Mile vc vai se sentir a própria rainha. Amo aquela cidade.
Não espere calor, mas dá-se um jeito. E se puder ir pras Highlands, vá. Inclusive pra Ilha de Skye, que é mágica. E nesta época nem escurece totalmente à noite (pelo menos num junho, quando fui, não escurecia, ficava no máximo azul royal). Tem montes de BB ótimos. Sinta os celtas....
Beijão,
Eva.