domingo, 18 de abril de 2010

DIVÃ

Ok, vou fazer uma coisa muito íntima e pessoal aqui. Uma coisa que é quase como, fazer xixi de porta aberta na frente de quem entra nesse blog. Ou seja, o cúmulo da íntimidade. Vou postar uma pequena troca de emails que tive com o meu terapeuta hoje. Ex-terapeuta. Whatever. A questão é que, ele foi o cara que me acompanhou nos últimos 7-8 anos, e a quem eu devo a pessoa que eu sou hoje. Virou um amigo e, mesmo não tendo mais minhas sessões semanais, eu ainda abuso à distância (mesmo porque ele está habituado, pegou amor, sabe? A gente não pode cortar a relação assim, do dia para a noite, senão ele pode sofrer...)
Mandei um email essa semana para o Victor, contando de um sonho que eu tive. Victor adora sonhos e eu nunca levava sonhos para a sessão porque tinha preguiça de lembrar. Mas quando ele resolvia trabalhar questões que eu não tinha muito saco para abordar, eu lançava mão de uns sonhos para dar uma distraída na sessão... Bom. Eu tenho alguns sonhos recorrentes.Que sempre aparecem, a mesma temática, mas de diversas maneiras e em diversos momentos da minha vida. Trabalhamos alguns desses sonhos em sessões, que sempre representavam manifestações do meu inconsciente com a minha incapacidade de manifestação de sentimentos, meu pavor de envolvimento emocional, minha visão de relacionamentos como coisas perigosas e ameaçadoras e meu medo de me envolver e me machucar, e blábláblá (Vejam bem, claro que todas essas questões são inconscientes e eu não consigo controlalas racionalmente. Senão eu não precisaria passar quase uma década da minha vida com o Victor me explicando como minha cabecinha trabalha e o porque de eu boicotar tão sistematicamente minha vida.)  Essa semana tive dois desses sonhos seguidos na mesma noite. Mas, pela primeira vez na minha vida, eles tiveram finais diferentes do que sempre tive. Mandei os sonhos toda feliz, assim que acordei, porque entendi que uma vez que os sonhos mudaram, talvez meu inconsciente também tenha mudado a sua forma de trabalhar minha cabecinha zoada.

Victor -
"Eu estava me perguntando qual teria sido o fator capaz de provocar este break-through no teu inconsciente. E foi lendo o teu blog - coisa que não fazia há semanas, admito - que me ocorreu uma pista. Você se sente tão múltipla e indefinida como sempre, mas - tem se sentido amada. Amada por pessoas que não tem nenhum motivo para te amar, mal te conhecem, talvez nem te vejam de novo. Portanto: vc tem provado do chamado amor incondicional, aquela rara matéria-prima que se transforma depois em fé, e em seguida em auto-confiança. Isto é o que tem acontecido com você: nenhuma resposta, mas a certeza de que as perguntas tem valido a pena. E isto quer dizer também: o meu caminho, completa e unicamente meu, valerá a pena. Não preciso me preocupar, não preciso obedecer, não preciso...
Os vínculos familiares sobrevivem, mas vão se tornando menos importantes (é isto que vejo no primeiro sonho). E quanto ao rio pinheiros - bem, lembra-me de sonhos que eu tinha com trombadinhas quando morava por aí. Acho que vc está num momento de afastar-se do Brasil; como se ele fosse ficar guardado numa gaveta, um biquini a ser usado novamente apenas no verão, sei lá.
E as cinzas do vulcão, o que te evocam? o céu está de outra cor?
Grande beijo
V."
 
Eu -
"pois é. acho que agora as "águas" vão clarear tb. ainda me pego, dia sim dia tb, louca para ter algum controle na vida, pensando em me assentar em algum lugar. mas daí fico angustiada e não adianta. dura uma horinha e depois passa. mas estou aprendendo, tentando ser um pouco mais espontânea. não vou te dizer que isso vai acontecer do dia para a noite, mas eu chego lá.
estou achando um barato essa coisa de fumaça de vulcão. um barato mesmo. todo mundo em pânico e milhões de planos destruídos por uma coisa que ninguém pode controlar/prever/culpar/processar. rsssss. é hilário, não é?
estou em oeiras e aqui o céu está limpinho e azul. fui andar hoje à tarde na praia e estava um dia lindo. amanhã vou subir para o porto buscar uma mala na carol, vamos ver se mais para o norte as coisas estão melhores. tenho passagem marcada para dia 27 para a espanha (comprei há um mês em uma tentativa de fazer algum planejamento e ter controle de alguma coisa), acredito que até lá as coisas estejam melhores. dizem que a última erupção durou dois anos. isso sim seria engraçado. dois anos com o espaço aéreo europeu bloqueado. hoje na mina horinha de caos e angústia estava pensando sobre isso. vai que fecham o aeroporto de madrid no dia do meu vôo, e o de roma depois, e todos os mínimos planos que eu tinha feito na tentativa de me organizar um pouco vão-se por água abaixo (olha a água aí). Mas depois pensei direito, e daí? Né. Penso outro lugar para ir. Ou fico aqui. Ou vou de trem. Ou não vou. A verdade é que não existe caos. Quando não é para ser, não é. Nem que um vulcão tenha de ficar em erupção por dois anos. E sim. Estou me sentindo muito amada. E estou vivendo muito amor. E o mais legal. Estou trazendo muito amor e conforto para as pessoas com quem tenho me encontrado, e isso me faz sentir melhor. é aquilo. acordo todo dia tentando ser uma pessoa melhor. no final do dia constato que estou conseguindo. cá entre nós, acho que vou alcançar a iluminação ainda nessa vida!!! hahahahah! mas não espalha, é segredo.
mesmo porque ainda não decidi nem o que vou fazer ao certo depois de amanhã, quanto mais se eu quero mesmo encontrar a iluminação. dá que algum vulcão entra em erupção....

PS.: só para saciar sua curiosidade latente (porque sei da sua alma alcoviteira), ainda não me apaixonei, mas continuo querendo me apaixonar. me apaixonei por dublin, mas acho que isso não conta. acho mesmo que, nesse momento, eu sou uma encrenca. ocupada demais para me apaixonar, e arriscada demais. para se apaixonarem por. mas isso tb, vai mudar. quando não é um vulcão, é tsunami ou furacão. o mundo está cheio de catástrofes naturais. ;-)
te beijo
d."

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