domingo, 22 de abril de 2012

O DIA DA TIA DRI


Ontem fiz o “Dia da Tia Dri” com meus sobrinhos porque minha irmã e meu cunhado foram para um congresso em MG. Dormi na casa deles na sexta à noite. Eles sempre pedem para eu dormir lá. Adoram ter a tia acampada no quarto deles. No sábado me acordaram super cedo. Depois do café da manhã, fizemos cupcakes decorados (que ficaram um desastre), brincamos de fazer cabaninha na sala. Fomos almoçar no shopping. Eles queriam McDonald´s, mas eu fiz um terrorismo sobre como aquilo não é comida e que existe até veneno na carne do hambúrguer, e que se eles comessem iam morrer, então eles escolheram outro tipo de fast food menos nocivo. Bonitinho o mais novinho que ficava assim para mim:

- Tia Dri, McDonald´s é veneno, né!?
- É! Tudo veneno. Se comer muito, você morre.
- Minha mãe não quer que eu morra!
- Viu só! Eu também não quero que você morra.

Adoro a lógica infantil! Depois do almoço pseudo-saudável, fomos assistir “Espelho, Espelho Meu”, que acabou se mostrando mais divertido do que eu esperava, e ainda os levei até a Adventure Sports Fair na Bienal. Cheio de coisas que eu adoro. Encontrei um guia para me levar até o topo do Aconcágua (agora é fazer o preparo físico), descolei um curso de mergulho com descontão, e as crianças enlouqueceram. Viram carros fazendo trilha de 4x4, pessoal descendo uma pista artificial de snowboard, parede de alpinismo, tanque de mergulho, raia com caiaque. Minha sobrinha até arriscou cruzar o vão da Bienal em uma teia de homem-aranha. Ganharam adesivos, subiram em barracas de safáris e fizemos planos e sonhos de aventuras que cada um gostaria de fazer. Para ganhar o título irrevogável de “tia favorita do ano” ainda encarei a fila horrorosa para jantarmos no Outback. Um lugar onde eu só como a cebola gordurosa. Voltamos todos exaustos e barrigudos. Dei banho no menor, coloquei os três na cama e esperei minha irmã voltar e ainda ficamos batendo papo por uma boa hora na sala. Já era meia-noite quando saí de lá. Cheguei em casa cansada, com saudades da minha gata. Abri a porta e chamei a Holly e nada. Ouvi um miado fino, bem distante, quase falhando. Fui em busca do miado no andar de cima, e como ela não aparecia comecei a me preocupar. Imaginei se tivesse caído, se estava atrás de alguma porta. Só então descubro que a gata estava fechada dentro do guarda-roupas. Quando saí na sexta a Jô estava passando roupas. Deve ter subido para guardar, a gata entrou, ela não viu, fechou a porta e foi embora. Lá estava Holly em pânico. Pulou no meu colo e grudou na minha blusa sem parar de miar. Foram 30 horas presa no armário. Eu apertava ela e chorava, me sentindo a dona mais irresponsável do mundo. Levei até a vasilha de comida. Ela comia esganada, enquanto miava e olhava para minha cara. Se eu tentasse sair de perto, largava tudo e corria atrás de mim miando. Voltei. Só comia se eu estivesse do lado. Tive de ficar 20 minutos sentada no chão da cozinha até que ela terminasse de comer. Depois abracei, enchi de beijo e carinho. Mas ela continuou. Tremendo, miando, e se aninhando no meu colo, quase em cima da minha cabeça. Me lambia a cara inteira. Hoje ainda está um pouco manhosa. Passou a manhã dormindo nas minhas pernas enquanto eu escrevia, e agora deu para pedir colo. Vem correndo, sobe no sofá e estica as patinhas para que eu a pegue. Não sei se é trauma ou só manha, porque assim que abri a porta do guarda-roupa de novo, lá foi ela entrar e explorar minhas coisas. Uma bota de camurça foi arruinada, ela fez de caixinha de areia. Em um mesmo dia eu fui de “melhor tia do mundo” para “pior dona da história”. Sem escalas. Por isso que a gente não pode ficar se achando muito. Sempre vai ter alguma coisa lembrando que as falhas acontecem, elas são humanas. O segredo é sobreviver a elas. (Ou garantir que seus bichinhos de estimação sobrevivam!)

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