segunda-feira, 29 de julho de 2013

EU, VOCÊ E TODOS OS OUTROS



Ontem fez um domingo lindo de Sol. Ainda está muito frio em São Paulo, mas o Sol faz o dia ficar mais bonito. Adoro esses domingos de inverno. Correr no parque de moletom, comprar o jornal e tomar chá bem quente com leite. Já falei em outros posts o quanto adoro correr no Ibirapuera. Tenho uma relação bem intensa com esse parque. Sinto saudades de morar mais perto, poder ir ao parque todos os dias. Respirar as árvores, olhar as pessoas. Organizar meus pensamentos e viver mais essa cidade ao ar livre. Agora morando em Pinheiros as corridas matinais passaram a ser na academia do prédio. O parque só mesmo aos finais de semana. Quando eu me junto à população que vem dos bairros e ocupam o parque, cada tribo ao seu estilo. Ontem o parque não parecia domingo. Sem aquela movimentação frenética, alamedas cheias, ciclovia lotada. Apenas os frequentadores de sempre, praticando esporte, passeando com suas famílias, entretendo os cachorros. Me faz tão bem estar no meio da natureza, a energia de quem se gosta e cuida de si. Eu chamo isso de qualidade de vida, e me sinto bem privilegiada de poder ter isso na minha cidade. Enquanto eu corria ia observando as pessoas. Pessoas são curiosas. São lindas. E no parque vemos pessoas de todos os jeitos. Altas, magras, tortas, atarracadas, carecas, cheias de pêlos, atléticas, siliconadas, sorridentes, carrancudas, pessoas perfeitas, assoberbadas, deficientes, obesas, apaixonadas, sozinhas, comunitárias. São tantos tipos de pessoas, e o mais maravilhoso, não existe nenhuma igual a outra. Acho isso algo realmente formidável. Em todo o mundo, de todas as pessoas que já nasceram, morreram e ainda vão nascer, não existe ninguém igual a nós. Somos únicos, irrepetíveis. Pensando assim é sempre uma benção conhecer alguém. É a única oportunidade em toda a história da humanidade de você conhecer alguém como aquela pessoa. Talvez se tivéssemos mais consciência do quão raras as pessoas são, não desperdiçaríamos um segundo do privilégio de tê-las. Vale para nós também. Eu sou uma pessoa única, exclusiva. Nunca existirá ninguém no mundo com as minhas característica físicas e psicológicas, e o privilégio de me ter, de ter a minha companhia é raro e exclusivo para essa vida, para esse lugar em que estou. Engraçado como, apesar de desfrutarmos dessa vantagem valiosíssima, nos esforçamos tanto para camuflar exatamente o que nos torna especiais. Fazemos tanta força para nos tornar mais um, iguais. Usamos as mesmas roupas, mudamos a cor e a textura dos cabelos, adquirimos vícios de linguagem. Até que nos tornemos cópias mal-feitas uns dos outros. Até que nossas essências pessoais desapareçam no perfume de uma imagem social pré-estabelecida. Porque fazemos isso? Porque é tão apavorante sermos únicos? Porque temos tanta necessidade de mudar o que somos para parecermos o que não somos? Eu me entedio com o óbvio. Me entedio com a imagem produção em série. A beleza se revela na diversidade, na diferença. Naquilo que temos e ninguém mais tem. Então a gente pega todas essas coisas maravilhosas, únicas e exclusivas que temos, e levamos para correr no parque, para passear por aí. Por mais que os olhos hoje busquem a maquiagem genérica da mesmice, ainda acredito em olhos ávidos por aquilo que é raro e belo de verdade. 

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