Viajar... Não sei se posso chamar de maturidade, ou aquelas mudanças naturais que todos nós passamos na vida, mas minha relação com a estrada vem se transformando. Sinal de evolução, certamente. Ridículo seria continuar a mesma mochileira beirando os 40 anos. Em minhas andanças cruzei com todo tipo de viajante. Tem de tudo por aí. Tem quem viaja muito, quem tá se descobrindo, que faz por necessidade orgância, quem é turista, tem os aventureiros. E tem aqueles que estão perdidos. Irremediavelmente perdidos. Esses nunca mudam. Estão em uma fuga de si mesmos que nem percebem, e acabam morando na mochila eternamente, ignorando o passar do tempo. Sempre tive pavor de virar uma dessas mochileiras. Sentia tanta pena dessas pessoas, que não queria que sentissem o mesmo por mim. Piedade também não é algo legal de se sentir, porque nos coloca em uma posição de superioridade ao outro... mas isso não é o assunto. A questão é: evoluí. Isso me faz feliz. E na verdade não interessa a mais ninguém a minha evolução e a minha felicidade. As coisas que fazemos por nós e fundamentam sentido em nossas vidas, não necessitam de aprovação. São e pronto.
Passei os últimos meses fechando um dos maiores ciclos da minha vida, e as últimas semanas visitando amigos em Portugal, Espanha e NY. Chamei de Babyboom Tour, já que as amigas estão em fase de procriação. Esse tipo de viagem, quando se vai para onde já se conhece, e se vai como se fosse para casa, para encontrar pessoas que amamos, e compartilhar momentos com eles; esse tipo de viagem não tem mais a característica ansiosa da busca pelo maravilhamento catártico que eu buscava antes. Depois de um tempo, seja pela maturidade, pela evolução, ou mesmo pela mutação natural do tempo e da energia que interage e se transforma, o maravilhamento não é mais forçado. Ele é natural, orgânico. Ele se apresenta com suavidade, em ações simples do dia. No olhar que resgata a trajetória da amiga até o momento presente, no reconhecer o outro no filho, nos detalhes e outros sabores dos lugares em que já se esteve. Posso permirtir-me ser mais do que turista, mais do que viajante, e me tornar uma testemunha. Não sou mais a viajante em busca do ineditismo, do extraordinário único e pessoal. Acho que naquela época era importante sentir que eu tinha uma vida mais extraordinária do que as demais. Um pouco patético isso. Hoje é claro para mim que essa necessidade só vem de quem sente sua própria vida banal. De fato, eu a sentia. Mas hoje, com a maturidade, a evolução, a incapacidade de não ser mais quem eu era antes - Ainda bem! - sobra a minha persona inteira, consciente, e uma vontade mais documental de tomar a vida.
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