quarta-feira, 5 de novembro de 2014

FOCA EM GRU!


Eu não tenho aqueles empregos convencionais. Desses com fundo de garantia, décimo terceiro e férias + 1/3. O que é um problema, porque quando se resolve viajar, saber que vem aí férias remuneradas + 1/3 é um negócio legal pacas! Também não tenho ninguém cobrindo minhas férias. Sei que para muita gente tirar férias significa já ir pegando leve na semana antes de sair. Na última sexta-feira pré-férias fazer um almoço longo com os colegas, naquela cantina italiana perto da firma, tomar um vinho e emendar com o happy-hour de despedida. A pessoa deixa programado uma resposta automática no webmail da empresa (Estarei fora do escritório entre os dias X e X. Em caso de emergência favor contatar Fulana pelo email...). E Fulana dá conta da bronca enquanto você pede mais uma marguerita em alguma praia de Punta Cana. 

Pois é. Mas quando eu tiro férias não é assim. Eu sou freelancer, o que significa que não tenho nenhum privilégio de CLT. Nada de fundo de garantia, nem de férias remuneradas. Muito menos +1/3! Quando eu quero tirar férias eu preciso dar conta do trabalho todo sozinha, porque não dá para colocar a Fulana quando eu estiver fora. Mas nem tudo são espinhos na vida do home-office. As vantagens já começam por aí: home-office. O que significa que eu tenho mais flexibilidade de horários, e posso tirar uma tarde para pesquisar preços de hotéis, sem ficar com medo do chefe me pegar no flagra. Também posso deixar metade da papelada, minha mochila e meu saco de dormir esticados no meio do escritório até ter tempo de arrumar a bagagem, pois a única pessoa que vai achar ruim é a Jô. As gatas estão se divertindo. Mas além de todas as vantagens e a flexibilidade de, praticamente, trabalhar quando e como eu quiser, o que mais gosto dessa minha vida autônoma é que, posso até não ter CLT, mas também não tenho apenas 30 dias de férias por ano. 

Esse é um dos maiores segredos de se poder cair na estrada várias vezes ao ano: não estar engessada em um formato tradicional de emprego. Claro que isso demanda mais disciplina e organização. Tem dias que eu tenho que trabalhar dobrado. Épocas de pegar todos os jobs que te oferecem. Bursite no ombro, olheiras de noites mal-dormidas. A máxima vale: no pain, no gain. Acredito que tudo nessa vida é merecimento. Quando quero tirar uns dias para viajar, eu construo o meu. 

Minha programação nessa véspera de viagem inclui deixar todo o trabalho encaminhado, para que ninguém note minha falta nos 15 dias que ficarei fora. Também para que eu possa ter tranquilidade para aproveitar de fato, e não ficar surtada resolvendo problemas de longe. Agendei algumas reuniões essa semana, para manter os clientes em follow up. E tenho 15 dias de programação para deixar adiantada. Hoje consegui fechar a semana. Até domingo tenho que fechar a programação até o dia 24. 

Eu mantenho uma “Foca List” ao lado do computador. Separo todas as pendências nas listas de cada dia e o segredo é focar. Dá vontade de ficar vendo o vídeo fofinho que alguém postou na internet, ou esticar um almoço mais preguiçoso no meio da tarde, mas não pode tirar o olho da bola. No meu caso, a bola é chegar tranquila e pronta no Terminal de Embarque de Guarulhos na terça de manhã. Eu foco em GRU! Pego um item da lista, sento e trabalho até terminar e riscar a foca da lista. Hoje dei conta de 14 itens da minha lista. Foquinhas todas riscadas! 


Amanhã tenho que fechar a programação da viagem. Confirmar as últimas pendências, comprar dólares e imprimir todos os tickets e vouchers. Mas o maior desafio tem sido manter o treinamento de corrida no meio dessa pauleira. Normalmente eu abandonaria o treino, mas a trilha vai exigir bastante condicionamento físico e eu não estou muito bem nesse quesito. Na verdade, essa é a minha maior preocupação agora. Ontem e hoje não corri. Acho que vou pegar minha “Foca List” a abrir logo com a corrida amanhã. Olho na bola, foco e disciplina! 

(Essa é minha "Foca List" de amanhã. Se eu conseguir manter a organização, não tem como dar errado.) 

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