sexta-feira, 14 de novembro de 2014

LIMA, DE UMA VEZ


Hoje estou encerrando minha pequena temporada na capital peruana. Surpreendida positivamente com a cidade, as pessoas, a atmosfera. Antes de seguir viagem para Cusco, vamos a um post grandão com tudo sobre Lima.


BAIRROS


Eu, nas ruínas de Huaca Pucclana. Um sítio arquiológico bem no meio da cidade. 

Bonecos ilustrando como o espaço era usado nas ruínas.

Lima é uma metrópole, que cresce vertiginosamente. Uma cidade bem espalhada, com gente e carros para todos os lados, e você não vai (nem quer) conhecer cada cantinho para conhecer Lima. O importante é se concentrar onde estão as atrações e onde se pode ler melhor a cidade, como fazemos em qualquer cidade cosmopolita. 




Miraflores é o bairro mais central, não geograficamente, mas da vida urbana de Lima. É onde se concentram a maior parte dos hotéis e restaurantes. Muitas casas de câmbio, embaixadas e consulados, lojas, escolas, empresas, tudo o que você precisa. É de longe o bairro mais conveniente de Lima, e de fácil acesso para tudo o mais que você quiser visitar. Abundância de taxis e transporte, mas não é um bairro charmoso em si. Exatamente por ser tão central, concentra um fluxo intenso de pessoas de todas as partes de Lima, turistas, gringos e vendedores. É em Miraflores que fica uma das melhores atrações de Lima: Huaca Pucclana. Uma pirâmide pré-inca utilizada como centro de rituais religiosos e cerimônias funerárias. O passeio é muito legal. Os peruanos tem uma coisa de ilustrar os sítios arqueológicos então colocam bonecos e réplicas para encenar os hábitos e costumes da época no lugar. O tour dura pouco mais de 1 hora, os guias são muito bem informados e parecem gostar muito do que fazem. Tem até uma horta e criadoro de animais para exemplificar a dieta dos povos que viviam ali. Vi cuys, lhamas e o raro cão sem pelo peruano. Acho fascinante estar em um sítio arqueológico vivo. Ao mesmo tempo que você vê um grupo de crianças uniformizadas subir a pirâmide em excursão, do outro lado há uma barraca com arqueólogos ainda trabalhando nas escavações. No pequeno museu há até uma múmia. De frente para as escavações funciona um restaurante bem sofisticado. Pode-se jantar olhando as ruínas iluminadas. Descendo até o mar, tem um calçadão sobre as falésias de onde se pode saltar de parapente também. As pessoas sobrevoam os carros congestionados no final do dia.

Salão do Malabar. Sofisticado e maravilhoso.


San Isidro é o bairro mais sofisticado de Lima. Casarões, prédios de luxo, lojas de grife e restaurantes requintadíssimos. Tem algumas amostras interessantes de arquitetura, praças muito charmosas e bem cuidadas, e um enorme golf club. Ótimo para bater pernas, tomar um café em alguma das cafeterias chics e terminar o dia no Malabar, por exemplo, e ter uma super experiência gastronômica. 

Praça central de Pueblo Libre. 

Pueblo Libre é o bairro do Museu Larco, do qual já falei no post abaixo. Um bairro de classe média, legal para sentir como é a vida do limenho médio. Muitas escolas, comércio e opções de restaurantes legais e baratos. Só a “caça ao tesouro” entre um museu e outro já vale a diversão de um dia inteiro. 

Entrada do Bairro Chino. 



O Centro é o lugar de Lima onde se pode sentir mais o período colonial e a influência arquitetônica espanhola. É onde fica também a sede do governo peruano. Um tanto decadente e bem perigoso, tomando os devidos cuidados é um bairro bem interessante. Aqui você vai encontrar o peruano de verdade, o povo que batalha, trabalha e pega as conduções lotadas. Restaurantes simples e baratos, lojas populares, prédios decadentes e pequenas jóias históricas esquecidas entre placas de promoções de roupas chinesas e autofalantes de músicas duvidosas. O fluxo de pessoas é intenso. As duas praças principais são vestígios de um tempo em que Lima foi a capital espanhola da América Latina, e tem troca de guarda em frente ao palácio do Governo todos os dias às 12h. Não dá para ficar explorando as ruas aleatoriamente. Saindo das vias mais turísticas, o centro pode ser bem violento. Ficam ali perto o MALI, Museu de Arte de Lima, com exposições temporárias de arte peruana e um café/restaurante bem charmoso e barato. E o imperdível Museu da Inquisição, ao lado do Congresso. É um casarão onde funcionava a inquisição espanhola. O tour conta a história, anda pelas catacumbas onde (de novo) bonequinhos ilustram pagãos sendo torturados. Divertidíssimo! Vale também entrar no Barrío Chino, a Chinatown limenha. Como uma 25 de março apinhada em véspera de Natal, as ruas são fechadas para carros e o mar de pessoas circulam entre lojas baratas, camelôs e restaurantes tradicionais e generosos. Comi maravilhosamente ao lado de um aquário que exibia o Nemo, a Dory e dois peixes-leões. 

Tortura ilustrada com bonequinhos no Museu da Inquisição.

Ainda, bem perto de Miraflores, mas sem entrar muito no bairro, vale um pulo em Surquillo para visitar o Mercado. Flores, frutas, grãos e pedaços de animais pendurados ficam em barraquinhas ao redor desse pequeno mercado. Pode comer ceviche fresco feito com peixes e frutos do mar que você escolhe na hora na banca, e comprar frutas que as mulheres descascam e vendem em sacos. Paguei R$2 por meio quilo de morangos muito doces. Tentaram me vender corações de alcachofra também, limpinhos e cortados. 

Mercado de Surquillo.

Abaixo de San Isidro, caminhando em direção da praia, fica Magdalena del Mar. Não há nada nesse bairro para ver, mas eu me arrependi de não ter ido todos os dias tomar café da manhã na El Pain de la Chola. Uma padaria super modernosa e descolada. Fazem pães integrais de casca dura e fermentação natural e servem cafés orgânicos amazonenses com técnica barista perfeita e de latte arte. O público é alternativo, muita gente descolada, muitas bikes, roupas de ginástica, computadores e kindles. Dá para sentar nas mesas e escrever um livro inteiro. 


Amor à primeira vista pelo El Pan de la Chola!


Por último, mas não menos importante, o meu favorito bairro: Barranco. Se eu voltar a Lima um dia, esse seria o bairro que eu escolheria para me hospedar. Cheio de restaurantes alternativos e galerias de arte adaptadas em antigos casarões, o bairro é um charme e uma atração por si só. As ruelinhas tem um ar de balneário mediterrâneo. Muitas escolas de arte, teatros, música ao vivo e livrarias. Ah, gente linda para todos os lados. 

O fofo bairro de Barranco. Cara de baneário mediterrâneo. 

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