O único motivo de eu estar (enfim) escrevendo aqui é que eu estou 5 horas na frente no fuso horário. São 2h da manhã em Cape Town e, sim, estou estou na estrada de novo. Em síntese, foi uma loucura que eu e a Manu fizemos. Nós estamos viciadas em promoções de internet e sempre que a gente esbarra em algo interessante, colocamos o cartão de crédito em ação. Completamente descontroladas, é verdade. Foi assim com Fernando de Noronha (pois é, fui para Noronha e fiz meu check out de mergulho lá... pois é, agora sou uma mergulhadora!), e agora com Cape Town. Acontece que cheguei hoje a noite aqui sozinha. Manu esqueceu a carteirinha internacional de vacinação (no comments) e não pode embarcar. Mandei ela dormir em casa e vim. Ela chega amanhã na hora do almoço. Vou falar que não é das viagens mais confortáveis do mundo. São muitas horas até Johannesburg e depois mais duas horas até Cape Town. Saí de São Paulo às 1h30 da madrugada de domingo para segunda e cheguei já era tarde da noite. Perdi um dia inteiro espremida nas poltronas da classe econômica. Maldita hora que comecei a voar na classe executiva! Agora me acho velha demais para a econômica. Sinto dores reais em todas as juntas. Mas justiça seja feita. Depois de TAM e GOL jogarem a qualidade dos assentos econômicos a níveis desumanos, a South African Airways parecia a primeira classe das brasileiras. O assento realmente baixava (e não ia de 45 para 90 graus como é na Gol) e o serviço de bordo era comida de verdade, nada de amendoim ou barrinha de cereal. Os comissários todos muito simpáticos e teria sido perfeito se não fosse o pequeno incidente da comida vegetariana. Eu sempre tenho um incidente de comida vegetariana. Primeiro porque eles nunca agendam meu pedido na hora da emissão da passagem, e quando chega a hora do vôo ninguém tava nem sabendo sobre a alimentação especial, então ficam olhando para minha cara esperando que eu escolha entre frango ou carne. Mas dessa vez havia a comida vegetariana. Pasta. É consenso universal, quando se fala em comida vegetariana alguém te serve macarrão com molho de tomate. Só que nesse caso a comida vegetariana era um ravioli... recheado com presunto. Sério. Abri o ravioli e chamei o comissário. Ele insistiu: “Essa é a opção vegetariana.” Eu tentei explicar que presunto era bicho, que eu não comia bicho, que vegetarianos não comem bichos e presunto é bicho. “Não, não, não. Isso é pasta. É vegetariana.” Eu queria saber quem foi que declarou que pasta é prato vegetariano. Sou capaz de enumerar pelo menos umas 20 receitas de pastas que não são nada vegetarianas, isso sem precisar entrar nas versões recheadas como o ravioli que me serviram. Foram cinco minutos do cara tentando me convencer que o presunto na minha frente era automaticamente vegetariano por estar dentro de um ravioli, até que eu desisti e agradeci o prato e resolvi não comer nada. Então ele voltou com um prato de canelloni recheado de queijo e ervas com aspargos da primeira classe. Falei que eu estou velha para a classe econômica. Tem um grupo até considerável no avião que também veio com a mesma promoção Peixe Urbano. Cape Town, uma semana, hotel com café da manhã, passagens aéreas, transfer e city tour, pela bagatela de R$2.000,00 parcelados em 12x. Amo parcelinhas Casas Bahia! Mas tenho pavor de excursões CVC e classe média empolgada viajando. Sem nenhum medo de parecer pedante aqui, não faço a menor questão de socializar. Eles ficaram fazendo piadas sobre uma família mulçumana que passou no desembarque porque as mulheres estavam de burca carregando o carrinho de malas, e os homens iam a frente conversando. Sei lá. Tenho minhas convicções feministas, mas aprendi a não julgar as culturas diferentes da minha. Ema, ema, ema. O hotel é ótimo, quarto espaçoso, limpo, confortável. Tem tv e banheira. Travei uma batalha de 40 minutos para configurar o wi-fi, mas depois deu certo. Saí às 23h30 para procurar algo para comer e só tinha a loja de conveniência do posto de gasolina. Parece aquelas cidades de subúrbio americanas. Os prédios são bem acabados, as redes de comércio bem abastecidas e confortáveis. Passamos por 4 favelas do aeroporto até o hotel. Nem tudo é cidade modelo, e a “sujeira” fica em volta do tapete. Começo a achar um padrão nos BRICS. (Não conheço o resto, mas quem sabe não pode ser uma temática para as próximas viagens.) Nesse lado de cá da cidade, África do Sul dá de 10 a zero no Brasil, isso mesmo se considerarmos a “Manhattan” onde eu moro em São Paulo. O aeroporto é impecável. Grande, limpo, moderno. Existe ordem e infra-estrutura. Já estou achando uma pena ficar só essa semana (aproveitando o feriadim de Corpus Christi, né!?). O importante é que mais uma figurinha foi adicionada ao álbum. UHUU! \o/ Agora, o que eu não vou contar para a Manu, é que na hora de carimbar meu passaporte eu sorri para o moço, ele abriu um sorrisão de dentes brancos, e nem me pediu a carteirinha de vacinação.
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