Eu não respondo
comentários, raramente respondo emails sobre o blog. Vira e mexe alguém dialoga
com o meu post, porque geralmente eu escrevo buscando algum diálogo. É
paradoxal mesmo, eu busco diálogo e não respondo. Simone de Beauvoir dizia que
o silêncio é uma forma de diálogo. Hoje resolvi publicar uma carta linda que
recebi da minha irmãzinha Carol, que é minha pessoa no mundo. Nunca a incluo
quando falo que me sinto abandonada ou solitária. Mesmo os anos em que perdemos
contato uma da outra, entre a infância e a idade adulta, nunca deixamos de nos
pertencer, e ela me arranca lágrimas e entende minha alma, porque nossas almas
são irmãs. O que respondi a ela, em síntese, é que não menosprezo o amor que
tenho, mas não consigo evitar me ressentir pelo amor que me foi tirado. Pelas
pessoas que eu amo e que me abandonaram. Ainda não consigo. Estou trabalhando o
desapego, estou meditando entender que pessoas vem e vão. E quando dói muito,
deságuo no blog. Só porque acho que é melhor vazar em algum lugar do que fingir
que não está lá. Não me ressinto por estar triste. Agradeço a tristeza
pungente. Sem ela acho que nunca terminaria meu livro. Estou me alimentando
dessa tristeza, fazendo do limão, caipirinha.
Minha
querida Dri,
Acredito que de quando em quando temos que
reforçar as opiniões e admirações que temos pelos "Nosso Seres no
Mundo". Em todas as conversas que temos, criamos o hábito da sinceridade e
da troca de elogios (que no fundo são só verbalizações da admiração que nutrimos
uma pela outra). Como não temos nos encontrado muito on-line resolvi
escrever-te uma mensagem. Curiosamente li, há pouco, o teu blog e resolvi
alterar um pouquinho esta mensagem. Ao invés de ser uma mensagem “conversa”,
farei dela uma mensagem EXCLUSIVA de elogios e miminhos.
Desde que te conheci admirei sempre a tua força
de vontade, apesar de estares (acredito que seja mais o teu ditador interno)
sempre a se auto-recriminar de começares algo e não chegares ao fim. Como uma
amiga de muitos anos que sou, tenho que discordar de ti. Podes “desistir” de algumas
coisas, porém não desistes NUNCA daquilo que é importante para ti e que
acreditas que seja verdade e correcto para ti e para o mundo. É a mesma força
de vontade que eu conheci há mais de 20 anos atrás, que eu continuo a ver hoje
em ti.
Tens um coração de mãe, sempre tem espaço para
mais um… mais um beijo, um abraço, uma conversa, uma pitada a mais de
sinceridade, um amor, mais um carinho, uma atenção especial, uma amizade.
Tens coragem de enfrentar a mais dura viagem –
que é importante reforçar aqui, que é a viagem mais evitada pelos seres humanos
– que é a viagem interna do conhecimento, sem anular o meio que te rodeia.
Tivestes coragem de “largar” o conforto da tua vida, para partir numa busca
pelo teu interior, percorrendo o mundo. Te enriquecendo de outras culturas e
aprendendo o que te é mais importante e querido na tua própria cultura, estando
longe – arrisco até a dizer “imparcialmente – da tua, podendo analisar a ti
mesma como pessoa. Saiba que a maioria sucumbi a estas tentativas, e tu não
sucumbiste. Trilhaste o teu caminho inteiro e para isto é preciso muita
coragem!
Em todos os lugares por onde passas, deixas
amigos, conhecidos e pessoas que não conseguem ser catalogadas, que são aquelas
que te acompanharão por toda a tua vida, por muito que nunca mais as encontre.
Isso significa, empatia, amizade e um coração cheio de amor. Há pessoas que nos
acompanham fisicamente durante a maior parte da nossa vida, há pessoas que nos
acompanham durante pouco tempo e há mais tantas outras que nos aparecem em
momentos específicos da nossa história, que nos fazem sentir as mais diversas
sensações e apresentam uma infinita panóplia de lições. Todas elas fazem parte
da nossa malha de conhecimentos e experiências que formam o nosso carácter. Eu,
tenho muita sorte de ter-te como uma das “minhas pessoas no mundo” e ainda
ter-te na minha malha.
Lembre-se sempre e principalmente nos dias que
precisas de colo e não tenhas ninguém para te o oferecer, que há neste mundo as
“tuas pessoas” que TE AMAM muito e que querem pôr-te em baixo das tuas asas
sempre que precisas. Por muito que muitas delas estejam distante fisicamente,
espiritualmente, energeticamente ou em pensamento, elas estão sempre contigo.
Carregam-te nos corações, carregando-te assim em muitos momentos das suas
vidas, passando-te o carinho que mereces e atenção que a ti é destinado.
Receba um beijo muito carinhoso e abraço
carregado de miminhos e cafunés. Espero que a tua gripe vá embora logo e que
fiques rapidamente melhor.
Love
Um comentário:
Já que você assumiu que não responde, vou escrever sem esperar resposta. E se desta vez você responder, talvez vá me decepcionar. Tenho acompanhado seu blog há muitos meses. Entre um email e outro, uma olhada no face e uma pesquisa qualquer, pelo menos duas vezes por semana abro seu blog, que está na minha barra de favoritos (meu marcador de livros misteriosamente escritos à minha cabeceira). Leio cada publicação e lamento quando não há. Talvez porque sei que você gostaria que houvesse, então vibro quando tem e já não me ocupo em comentá-las. É uma forma de amor à sua escrita, logo uma forma de amor a você. A mim, como leitor, você tem ganho dia a dia. Suas publicações estão melhores, mais enxutas e expressivas. É minha xícara de chá, entre um trabalho e outro. Agora, aguardo o livro. Fisicamente, para levá-lo em minha mochila. E quero estar lá no dia do lançamento. Um forte abraço.
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