Às vezes tenho a sensação de estar no meio de uma tormenta. Acho que viajo tanto para conseguir tomar ar na superfície. No geral a vida me deixa mareada. Sempre balançando, tirando meu senso de equilíbrio. E quando eu tomo um tanto de ar, vem uma onda gigante e me derruba. Então eu me arrependo de ter tomado um pouco de ar, porque afinal de contas, eu deveria ficar na superfície, esperando a tempestade passar. Arrumando as coisas destroçadas do barco. Quando eu vejo, já se forma 70 dias e eu ainda não vivi minha vida direito. Verdade que acabei de voltar de uma viagem incrível. Mas ela já parece um sonho. Não tem mais muita concretude. Eu estou pagando débitos. Foi só o que fiz hoje. Correr atrás de coisas atrasadas. Fui em banco, paguei contas. Resolvi pendências. Passei horas arrumando o home-office (de novo!) e trabalhando. Estou um mês e meio atrasada com um ghostwritting. Morrendo de vergonha do cliente. No meio do livro ainda. O problema é exatamente esse. Me falta fôlego. É preciso fôlego para terminar tudo o que eu comecei, porque eu não quero virar a pessoa que não termina as coisas a que se propões. Não quero me tornar a pessoa cheia de boas intenções e projetos interminados, naufragados. Pessoa incompleta. Eu me atropelo, porque quero que a parte boa da vida aconteça. Quero a viagem planejada, a tranquilidade presumida, o amor da minha vida. Só que eu estou no meio de uma droga de tormenta, e o vislumbre de calmaria foi adiado. Eu agora só saio do barco quando tudo isso acabar. Respira.
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