terça-feira, 11 de janeiro de 2011

DIA 6 E 7

Voltei do final de semana tão empolgada. Só que essa semana não está sendo nada fácil. Tanto que nem deu para escrever ontem e hoje vai precisar ser um fast post porque aqui já está bem tarde e amanhã começa bem cedo. Estou afônica. Completamente sem voz. Como isso aconteceu? Um pouquinho de friagem voltando do Lago Atitlán e me mudaram de sala ontem. Semana passada a gente ficava em uma sala que era fechada. A única fechada. Todas as outras funcionam em uma espécie de varandona de madeira com metade da parede aberta. Mudaram minha turma para uma dessas. Por um lado tempos mais espaço, o que é legal porque agora consigo circular entre as carteiras. Mas por outro o barulho é terrível. Vaza barulho da rua, das galinhas do vizinho, das outras turmas, das crianças cantando. Daí é lógico que todo esse universo é mil vezes mais interessando do que eu, tentando falar de sílabas de uma forma meio capenga, hablando meu portuñol na frente da lousa. Então meus alunos viraram uns demônios nesses últimos dois dias. Eu tive de falar muito mais alto do que estou acostumada. Resultado: zero voz! Pior que estou sozinha. Sozinha de marré-marré. Alec foi embora, o novo voluntário só começa semana que vem e está todo mundo tomado com outras turmas. Pois é. Vai ser bem punk dar aula amanhã. Hoje passei em uma farmácia e comprei um spray. (o spray mais horrivel do mundo. Com gosto de aniz, vê se pode! Arrrrgh!). Também estou fazendo exercícios de voz e comprei maçãs. São adstringentes e ótimas para a garganta. Estou aqui torcendo para amanhã ser um outro dia e minha voz estar melhorzinha, porque do jeito que está nesse momento, eu sou uma inútil. Os últimos dois dias foram bem impossíveis. Eu me sentia em uma batalha mesmo com as crianças. Parecia que eles estavam sapateando na minha cabeça. Era tão frustrante. Tentava fazer com que eles prestassem atenção, que fizessem silêncio, mas tinha sempre alguém falando junto, ou fazendo barulho, ou espontaneamente correndo pela sala, ou rolando no chão, ou batendo em alguém, ou mexendo nas minhas coisas, ou roubando algo do armário, ou apagando a lousa, ou fazendo o exercício pelo colega, ou me cutucando e me chamando. Minha sensação era a de que eu estava o tempo todo gritando e pedindo silêncio. “Fuego, porfavor, comporténse” (Fuego é o nome da minha turma. Quer nome mais apropriado?) Pelo estado da minha voz, eu realmente devo ter passado os dois últimos dias gritando. Hoje terminei o dia com a sensação de que eles me odeiam. Todos eles. Que eles não me suportam e me odeiam. Tive um momento de caos pela manhã que precisei segurar para não chorar. Queria tanto chorar. Justo hoje que também resolvi uma coisa super importante. Resolvi ficar aqui mais uma semana. Estou estendendo minha estadia na Guatemala. Hoje cedo emiti a nova passagem de volta e acertei minha estadia no projeto para mais uma semana. Estou criando todo um novo respeito pelos professores (e me sentindo bem culpada por algumas coisas que me lembro de ter feito...) Ok, amanhã é quarta. Vamos virar o jogo. Na sexta à noite já estou combinando. Vamos tomar cerveja e nos esbaldar de dançar (poperô em espanhol no melhor estilo guatemalteco), e no final de semana vou dormir no vulcão. Muitos planos excitantes pela frente. Foco e fazer o possível para chegar inteira até lá.

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