"...estou procurando, estou procurando. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi." (Clarice Lispector - Paixão Segundo GH)
sexta-feira, 18 de junho de 2010
VENEZA
Ok, parem de suspirar. Todo mundo fala de Veneza, de como é romântica, de como é isso e aquilo. Mas para ser sincera eu ainda não sei o que achar dela. Minha experiência de Veneza é bem surrealista para falar a verdade. Aquele amontoado de becos e ruelinhas labirinticas, os canais para todos os lados, os preços astronômicos. Às vezes eu me derretia com a paisagem, outras me sentia em um hotel temático de Las Vegas. Tivemos chuva quase todos os dias. Consegui um tempo de Sol ontem para aproveitar a cidade, me perder pelas ruas e conversar com as pessoas. S. ficou trabalhando no Hotel quase o dia todo. Fizemos um acordo logo de cara. Como os dois trabalham virtualmente, e precisam de sua própria dose de silêncio e privacidade, combinamos que teríamos nosso tempo para ficar sozinhos e evitar que um mate o outro antes de chegar em Paris. Isso é uma coisa legal que nós temos. A capacidade de ficar em silêncio juntos. De respeitar a individualidade do outro. Assim posso trabalhar nos posts do blog, me perder tirando fotos por horas, escrever, ler; sem me preocupar em como ele se sente em relação a isso. Mesmo porque S. detesta se perder, e eu adoro. Ontem voltando para o hotel, depois de termos tido a "brilhante" idéia de tomar cerveja com um grupo de 20 e poucos anos, ficamos quase uma hora subindo e descendo escadas de canais e sem ter a menor idéia de onde estávamos. Até eu, que sou mais desencanada para esse tipo de coisa, estava stressada. Cansada, com frio, vontade de fazer xixi. Até entendo que a cidade foi projetada assim exatamente para confundir os invasores, mas poxa! Eu queria matar quem teve a idéia. E não sei quem disse que é um bom lugar para passar Lua de Mel. Após pagar uma obsenidade por um passeio de gôndola e se perder naquelas ruelinhas sem fim, mesmo com os inúteis mapas, tenho a sensação de que qualquer casamento já começa desgastado. Bom que tanto eu quanto S. conseguimos rir de nosso próprio mal-humor. No final Veneza é toda romântica também. A gente se apertava para passar nos becos que se perdiam um atrás do outro, tomamos prosseco em um jantar delicioso a luz de velas em algum restaurante que descobrimos (e provavelmente nunca seremos capazes de voltar), até tentamos pegar um Concerto de "As Quatro Estações" de Vivaldi. Mas como não conseguimos achar o teatro no meio de tanto canal, sentamos em um bar e assistimos ao jogo de França x México. E voltando para o hotel, perdidos e bêbados. Quando enfim aliviados nos descobrimos no meio da Piazza S. Marco, S. me tirou para dançar. No meio da madrugada, do nada, sem música. Lógico que na vida real a gente mais tropeçou e pisou um no pé do outro do que qualquer outra coisa. Ainda assim, era noite em Veneza, e o garoto que eu tô afim me tirou para dançar.
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3 comentários:
que delicia. espero que o garoto que vc está a fim, te faça muito feliz
Eu também não acho Veneza legal pra uma lua de mel. Toscana ganha... rs
Mas nada como se perder pelas vielas, becos, pontes... (até cansar e começar a ficar irritada!)
agora, descobrir um restaurante gostoso para um jantar romântico e dançar ao som da noite na S. Marco, só lá!
E como vc ainda diz que Veneza não é romântica?!?! Veneza desperta em nossas almas algo inexplicável, que faz com que fiquemos tanto tempo perdidos entre suas ruelas, que qdo finalmente nos encontramos, a felicidade brota de algum lugar lá no fundo e faz com que não tenhamos atitudes inesperadas e inesquecíveis!!! Ai Veneza!!!
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