"...estou procurando, estou procurando. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi." (Clarice Lispector - Paixão Segundo GH)
sexta-feira, 9 de julho de 2010
BORBOLETAS EM PARIS
Me joguei em Paris. De alma aberta. Respirando, sentindo, cheirando. Fizemos o Free Tour como introdução. Eu tinha feito em Dublin, e as maiores cidades sempre têm. O Free Tour é um bom jeito de se introduzir a uma cidade com tantas coisas. Como o próprio nome diz, é um tour gratuito. O guias trabalham apenas pelas gorjetas dadas ao final. Geralmente são universitários, descolados, gentis e engraçados, que saem andando com um grupo pela cidade e contando curiosidades, fatos históricos e todos os detalhes de cada monumento. E ainda te dão um monte de dicas, como por exemplo, uma entradinha secreta para o Louvre para evitar as filas, ou os lugares onde os parisienses fazem picnic durante a semana. O verão chegou com tudo aqui na França. Foram 3h30 de free tour embaixo de um Sol de rachar! Depois sentamos em um café (também sugestão da guia, onde dava para tomar vinho e comer queijinhos por um valor acessível no coração de Paris) e ficamos conversando com algumas outras pessoas do tour. De lá, fui fazer a coisa mais obrigatória em Paris. Eu sei. É coisa de gafanhoto, chega até ser cafona de tão óbvio, mas eu fiz S me levar até a Torre Eiffel. Na verdade ele estava mais empolgado do que eu. Tinha me proibido de subir na Torre sem ele. Primeiro compramos um vinho rosé gelado e uma caixa de framboesas. Deitamos no gramado e improvisamos um picnic nos pés da Torre. Depois subimos. À pé. Pelas escadas. Porque a gente acha que não tem graça nenhuma vir à Torre Eiffel e não subir pelas escadas, não sentir embaixo dos pés cada centímetro daquela maravilha. Tiramos fotos fazendo caretas, fizemos um monte de piadas. Depois corremos para o telão que fica em frente e tem passado todos os jogos da Copa. Eu que disse que não ia mais ver Copa, acabei gritando e torcendo com um monte de espanhóis, só porque foi na Espanha que eu e S nos conhecemos. E de lá, a gente se perdeu. Ficamos igual bobos olhando a Torre iluminada, linda, brilhando. E nos perdemos pelas ruas, virando pelas esquinas charmosas. Pelas mesas dos cafés, todas nas calçadas. Pela magnitude do Arco do Triunfo alaranjado de luz. Caimos não sei como em um restaurante tailandês. Comendo maravilhosamente, trocando algumas confidências e descobrindo que nossos passados também têm muito em comum. Que éramos adolescentes bem parecidos, e talvez seja uma pena não termos estudado na mesma escola... Dá um frio na barriga. Um pouco de medo de me perder. A gente tem tanta coisa diferente, mas tanto mais em comum... Eu, que estava durona, que estava até cética com esse Test Drive. Cheguei à Paris achando que não havia muito mais o que descobrir. Mas Paris é tudo, menos óbvia. Menos cética. Menos dura. Eu que procurava tanto as borboletas, resolvi naquela noite. Sentada em um restaurante tailandês. Que não era frio o que eu sentia na barriga. Eram elas mesmas. Estou em Paris, e estou pulando de cabeça.
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Um comentário:
É uma delícia quando percebemos que o que queremos, mesmo muito, já faz parte da nossa vida :)) As vezes temos que nos permitir descobrir, perceber e dar nome as sensações!!
Com já sabes, eu continuo aqui, SEMPRE torcendo por ti e acompanhando - em forma de energia - toda esta tua jornada!!
Be Happy :))
love u
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