"Pois diga que irá
Irajá, Irajá
Eu sempre gostei de Gil. Mentira. Eu sempre amei Gil. E se o Gil mandou ir para Marajó, a gente vai e não discute, certo!? Acordei 5h30 na segunda-feira. Tempo só de me arrumar e fechar a mala, e Taís já estava interfonando para o meu quarto avisando que aguardava na recepção. Taís era a guia responsável pelo receptivo até a pousada em Marajó. Uma garota nos seus 20 e tantos anos, sorridente, e com o delicioso sotaque paraense. Ela tem aquele jeito de quem adora o que faz, embora deva ter algumas limitações de formação. Ela tinha um energia e uma paciência descomunal para responder todas as perguntas, dar dicas e sugestões para as 13 pessoas que também estão fazendo o roteiro "Belém e Marajó Maravilhosos". O grupo é formado em sua maioria por mulheres, senhoras viajando com as amigas e dois casais de meia idade. Eu ganhei o troféu caçula sem nem precisar mostrar a identidade. São Paulo (capital e interior), Rio e Minas. O Sudeste em peso viaja. Ainda acho que somos a locomotiva e mais uns 5 vagões desse país. Uma van nos levou até o porto e lá vamos nós balançar 3h30 em um barco até Marajó. Mal pisamos na ilha e já fomos jogados dentro de uma van com ar condicionado que nos trouxe até a Pousada dos Guarás. Nem toquei na minha mala. Tinha sempre alguém carregando daqui, levando dali, e eu me sentindo inútil no meio de tudo. Se eu não tenho de carregar minha própria bagagem, qual é mesmo minha função nisso tudo? Cheia de adesivos do Guia 4 Rodas na porta de entrada e reproduções de reportagens nas paredes, a Pousada é uma área enorme com chalés espalhados em um gramado entre coqueiros, piscinas, trilha de arvorismo e uma praia particular de frente para o Rio Pará. No meio do gramado alguns cavalos mirrados olhando a vida e até búfalos (a criação de búfalos é uma das principais atividades econômicas do arquipélago). Quartos simples e confortáveis. Uma das tops de Marajó. Tivemos um tempo livre, que eu sabiamente usei para tomar uma caipirinha na beira da piscina e mandar bala no livro que estou lendo e amando. Almocei um Frango no tucupi delicioso e segui para o passeio programado à tarde. Vila de Joanes, onde a promessa era visitar "ruínas das antigas missões jesuítas", que se traduziram em duas paredes resistentes em cima de um penhasco. Vista bonita, mas nada muito emocionante. Como a gente é carente de história e conservação de patrimônio, não? Na volta passamos pelo centro de Salvaterra, o município que estamos hospedados. Acho que era Happy Hour então as ruas e bares estavam cheios, meninas arrumadas com roupas provocantes e salto. Os rapazes exibindo os biceps e as motocicletas. Ah, isso é universal. A tal da dança do acasalamento. O ônibus estacionou e o guia nos deu 20 minutos para "explorar" o lugar. Vinte minutos. Hum. Saí do ar condicionado para o bafo quente da rua. Parei em uma barraquinha de calçada e tomei um Tacacá. Prato típico no Pará que as pessoas costumam tomar no final da tarde como um aperitivo para abrir o apetite para o jantar. Um caldo de tucupi bem temperado que recebe goma quente (um derivado da mandioca), jambu (uma erva verde escura com poderes anestésicos) e camarão seco. Você vai tomando o caldo em uma cuia que se mistura à goma e, com um palitinho de dente, espeta o jambu e os camarões. Delícia, mas mega forte. Quem disse que dá para jantar depois de um prato desses está louco. Eu fechei a noite naquilo mesmo. Voltei para a pousada com uma mega dor de cabeça e uma sensação meio ridícula de ter passado tanto tempo dentro de um ônibus. Eu sei que esses pacotes turísticos dão oportunidades para uma fatia enorme da população de viajar e conhecer lugares e culturas diferentes. Mas eu não consigo me livrar da impressão de que estou apenas cumprindo um protocolo. De que falta um bocadinho ainda para chegar na Marajó de verdade. Talvez eu esteja mal acostumada. De qualquer forma, preciso moderar minha mania de querer controlar e ter expectativas de tudo. As coisas são como são. Pode não ser o meu ideal de viagem, mas é uma forma de viajar. Legal experimentar outros formatos para variar. Melhor mesmo é aceitar e tirar proveito ao máximo. Quem sabe amanhã eu não puxe "O jeep do padre fez um furo no pneu" dentro do ônibus para animar a galera!?
Pronde eu só veja você
Você veja a mim só
Marajó, Marajó"
Eu sempre gostei de Gil. Mentira. Eu sempre amei Gil. E se o Gil mandou ir para Marajó, a gente vai e não discute, certo!? Acordei 5h30 na segunda-feira. Tempo só de me arrumar e fechar a mala, e Taís já estava interfonando para o meu quarto avisando que aguardava na recepção. Taís era a guia responsável pelo receptivo até a pousada em Marajó. Uma garota nos seus 20 e tantos anos, sorridente, e com o delicioso sotaque paraense. Ela tem aquele jeito de quem adora o que faz, embora deva ter algumas limitações de formação. Ela tinha um energia e uma paciência descomunal para responder todas as perguntas, dar dicas e sugestões para as 13 pessoas que também estão fazendo o roteiro "Belém e Marajó Maravilhosos". O grupo é formado em sua maioria por mulheres, senhoras viajando com as amigas e dois casais de meia idade. Eu ganhei o troféu caçula sem nem precisar mostrar a identidade. São Paulo (capital e interior), Rio e Minas. O Sudeste em peso viaja. Ainda acho que somos a locomotiva e mais uns 5 vagões desse país. Uma van nos levou até o porto e lá vamos nós balançar 3h30 em um barco até Marajó. Mal pisamos na ilha e já fomos jogados dentro de uma van com ar condicionado que nos trouxe até a Pousada dos Guarás. Nem toquei na minha mala. Tinha sempre alguém carregando daqui, levando dali, e eu me sentindo inútil no meio de tudo. Se eu não tenho de carregar minha própria bagagem, qual é mesmo minha função nisso tudo? Cheia de adesivos do Guia 4 Rodas na porta de entrada e reproduções de reportagens nas paredes, a Pousada é uma área enorme com chalés espalhados em um gramado entre coqueiros, piscinas, trilha de arvorismo e uma praia particular de frente para o Rio Pará. No meio do gramado alguns cavalos mirrados olhando a vida e até búfalos (a criação de búfalos é uma das principais atividades econômicas do arquipélago). Quartos simples e confortáveis. Uma das tops de Marajó. Tivemos um tempo livre, que eu sabiamente usei para tomar uma caipirinha na beira da piscina e mandar bala no livro que estou lendo e amando. Almocei um Frango no tucupi delicioso e segui para o passeio programado à tarde. Vila de Joanes, onde a promessa era visitar "ruínas das antigas missões jesuítas", que se traduziram em duas paredes resistentes em cima de um penhasco. Vista bonita, mas nada muito emocionante. Como a gente é carente de história e conservação de patrimônio, não? Na volta passamos pelo centro de Salvaterra, o município que estamos hospedados. Acho que era Happy Hour então as ruas e bares estavam cheios, meninas arrumadas com roupas provocantes e salto. Os rapazes exibindo os biceps e as motocicletas. Ah, isso é universal. A tal da dança do acasalamento. O ônibus estacionou e o guia nos deu 20 minutos para "explorar" o lugar. Vinte minutos. Hum. Saí do ar condicionado para o bafo quente da rua. Parei em uma barraquinha de calçada e tomei um Tacacá. Prato típico no Pará que as pessoas costumam tomar no final da tarde como um aperitivo para abrir o apetite para o jantar. Um caldo de tucupi bem temperado que recebe goma quente (um derivado da mandioca), jambu (uma erva verde escura com poderes anestésicos) e camarão seco. Você vai tomando o caldo em uma cuia que se mistura à goma e, com um palitinho de dente, espeta o jambu e os camarões. Delícia, mas mega forte. Quem disse que dá para jantar depois de um prato desses está louco. Eu fechei a noite naquilo mesmo. Voltei para a pousada com uma mega dor de cabeça e uma sensação meio ridícula de ter passado tanto tempo dentro de um ônibus. Eu sei que esses pacotes turísticos dão oportunidades para uma fatia enorme da população de viajar e conhecer lugares e culturas diferentes. Mas eu não consigo me livrar da impressão de que estou apenas cumprindo um protocolo. De que falta um bocadinho ainda para chegar na Marajó de verdade. Talvez eu esteja mal acostumada. De qualquer forma, preciso moderar minha mania de querer controlar e ter expectativas de tudo. As coisas são como são. Pode não ser o meu ideal de viagem, mas é uma forma de viajar. Legal experimentar outros formatos para variar. Melhor mesmo é aceitar e tirar proveito ao máximo. Quem sabe amanhã eu não puxe "O jeep do padre fez um furo no pneu" dentro do ônibus para animar a galera!?
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