quarta-feira, 10 de agosto de 2011

SOBRE BOTAR A BOCA NO TROMBONE E MEU VISLUMBRE DE UMA REVOLUÇÃO

Eu sou uma consumidora chata. Não que eu saiba de pronto todo o código do consumidor, na verdade eu nunca o li. Mas eu conheço mercado e acho que quem manda é o consumidor. Então se o serviço ou o produto não está sendo vendido da maneira que é prometida e cobrada, eu reclamo. E reclamo mesmo. Eu entendo que as empresas criem diversas regras e procedimentos para suas próprias saúdes financeiras, mas eu aprendi na faculdade que uma empresa bem sucedida tem seu foco no cliente, e cobro isso de todas. Principalmente agora que a nova internet e as mídias sociais estão dando tanta voz ao indivíduo. Antigamente eu ficava puta com algum serviço ou produto, reclamava para meia dúzia de amigos e era isso. As empresas podiam ser bem folgadas porque os danos eram mínimos, controlados. O quanto uma única pessoa podia prejudicar uma empresa? Hoje é diferente. Eu por exemplo. Tenho 730 contatos no Facebook, 68 seguidores no Twitter, e esse blog. Não é muito, mas é infinitamente maior do que as meia dúzias de pessoas para quem eu reclamaria normalmente. Com um agravante. Qualquer reclamação que eu faça com o nome de alguma empresa em minhas mídias sociais pode ser duplicada, compartilhada ou retuitada por qualquer um dos meus contatos, e pelos contatos deles, e assim por diante. Uma vez na internet minhas opiniões ficam gravadas e podem ser acessadas por qualquer um através de uma simples busca Google. Existem cases de departamentos de marketing perdendo o sono por causa de virais assim. A Arezzo deve bater com a cabeça na parede até hoje depois do episódio dos sapatos com peles de animais do começo do ano. O consumidor nunca teve voz tão ativa quanto hoje, e não vai adiantar contratar uma top model por uma fortuna para vender seu produto como a coisa mais chic do mundo se o seu produto fere valores que muitos consumidores consideram essenciais. Eles vão colocar a boca no Twitter e derrubar sua coleção. Eu tenho utilizado esse meios para resolver situações que antes me deixavam nervosa. Outro dia comprei um aquecedor a gás pelo Clickon, site de compra coletiva. Sou viciada em site de compra coletiva e acho uma grande revolução nas relações de compras. (Principalmente com os valores insanos que têm sido cobrados em São Paulo ultimamente). Acontece que não me entregaram o aquecedor e quando eu comecei a estranhar a demora, descobri que o cupom estava cancelado. A promoção havia sido expirada. Primeiro entrei em contato com o SAC. Péssimo! Me enrolaram com uma resposta padrão e não resolveram nada. Tentei novamente e a mesma resposta padrão. Parti para o site Reclameaqui (formidável BTW). Mesma resposta padrão do tipo “botar panos quentes”. Não apresentam solução ou opção para solução. Para mim era muito simples. Eu paguei e não recebi. Ou me entregam o produto, ou me devolvem o dinheiro. Simples não? Não para empresas burras. Eles não entendem que é mais simples não discutir ou enervar o consumidor, atender prontamente uma solicitação justa e perder essa compra, do que causar um dano maior e uma repulsa contra a empresa que dificilmente será revertida e impossibilitará diversas compras futuras. Pois eles continuaram se isentando de qualquer responsabilidade e fingindo não entender como resolver meu problema. Meu próximo passo foi escrever um longo email muito revoltado e entupir a caixa de mensagens do  SAC deles. Sentei uma noite e Copie e Colei a mensagem em uns 50 emails. Na manhã seguinte me responderam vagamente com certa educação irritada. Parti para a Fan Page do Clickon no Facebook. Escrevi comentários alertando os demais consumidores, postei reclamações no mural. Eles iam apagando enquanto eu postava (olha o absurdo!), mas eu copiava e colava inúmeras vezes. Em 15 minutos recebi um email avisando que eles haviam feito estorno da compra e que o valor em créditos estava na minha conta da Clickon. Fiquei feliz? Claro que não! Eu nunca mais quero consumir da Clickon. Nunca mais quero qualquer relação comercial com uma empresa mesquinha e desrespeitosa. Me devolver uma compra que eu fiz em dinheiro por um produto específico, em créditos é me obrigar a continuar a comprar com eles. E eu não sou obrigada a comprar nunca mais com eles. Então enviei um novo email ao SAC dizendo, educadamente, que uma vez que eles não tinham como entregar o produto que eu desejava comprar, e esse produto havia sido comprado em dinheiro, eu só aceitaria o estorno em dinheiro e não em créditos. (Tipo, o troco pode ser em bala? Não, não pode. Eu vim comprar pão, não balas.). Nem preciso dizer que foi inútil. Fiz um novo ataque no email do SAC e no Facebook, e enfim tive o reembolso da minha compra. Tem gente que pensa que é muito trabalho. Pode até ser. Mas eu não suporto injustiça, e detesto me sentir tapeada. Tive uma situação parecida com a Peixe Urbano que foi impecável. No primeiro contato com o SAC responderam prontamente, fizeram o reembolso sem discussão ou perguntas. É meu direito e acabou. Viraram meu site de compra coletiva favorita desde então. Difícil para eles? Nada. Tiveram um décimo do trabalho que eu dei ao Clickon e fidelizaram uma cliente. À Clickon, eu desejo que apodreça e entre em falência. (Aliás eles são donos do site Uva Rosa também, que merece boicote.) Aconselho todo mundo a utilizar mídias sociais para expor suas opiniões. Não apenas esses pequenos contratempos de consumo. Sobre tudo. O efeito dominó nos ministérios, a fragilidade de visão global dos governantes americanos, as crianças definhando na Somália, o restaurante que te tratou mal, o dia de Sol lindo que amanheceu, o casal de mocinhos chatos da novela, a revolta contra a homofobia ou contra o orgulho hétero. Reclamem, registrem, compartilhem. Estamos entrando em um novo paradigma, estamos tendo o privilégio de viver o nascer de uma revolução nas relações mundiais. Eu realmente acredito nisso. Ainda é tímido, mas muitas coisas vão mudar nos próximos 10-20 anos. As bolsas estão quebrando, as potências estão morrendo. E 140 caracteres escritos por uma pessoa qualquer podem ser capazes de mudar o mundo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Dri vc sabe sou igualzinha a vc, odeio injustiça e pior ainda me sentir sendo chamada de otária! Recentemente, tive um problema com o Clube do Desconto. História bem parecida com a sua. Após 3 meses de bombardeios no SAC deles, reclame aqui e etc, obtive o eatorno em meu cartão de credito. Claro q nunca maiscompro nada com eles. Também tive um problema com a Vivo, q me prometeu um valor de conta ao ser contratado e depois não cumpriu. Qdo disse q queria a gr. ação da ligação (é nosso direito) eles disseram q não encontraram. Mandei um problema é de vcs! Denunciei na Anatel, eles fecharam a solicitação na Anatel como atendida, eu entrava e reabria. Denunciei no Reclame Aqui, até q após 1 mês consegui o desconto prometido e um pouco mais. Justo!!
Minha irmã tb teve um problema com o estabelecimento D'Pil. No tratamento queirmaram a perna dela e não queriam pagar o tratamento. Ela foi ao IML fazer corpo delito e um BO. Com isso em mãos poderia abrir um processo, então eles decidiram fazer um acordo. Também utilizei o Foursquare para colocar minha opinião sobre o estabelecimento e contar a história.
É isso aí, não podemos ser lesados e acostuma dos a sermos "roubados"!!

Anônimo disse...

Dri, é a Vanessa. Não consegui publicar sem ser anônimo!!! rsrs