sexta-feira, 23 de julho de 2010

MEDO

Eu já falei aqui algumas vezes. De como eu acredito que o único jeito de vencer o medo é através do amor. Nem sempre isso é simples. Deveria ser, mas não é. Às vezes o amor desaparece da minha vida. Fica fraquinho. E o medo toma conta de tudo, como erva daninha. Se alastra. Domina tudo. Então minha vibração vai lá para baixo. Fico obsessiva, chata. Acabo me torturando e me machucando. O problema é que é um círculo vicioso. Ontem fiquei um tempo conversando com o Kallel depois de um dia bem puxado de trabalho. K é a pessoa que mais me ensina amor (e olha que a gente se estapeia de vez em quando). Eu falava para ele onde eu estava (emocionalmente, não fisicamente), de como eu estava ansiosa, em dúvida. E tudo isso tem um só nome. S. Eu me entreguei e agora estou me arrependendo. Com voltade de voltar para o trampolim. O problema é que não se volta para o trampolim sem sair da piscina. Depois que pulou, pulou. Aproveita a água. Ou lambe os azulejos. O que vier primeiro. Meu coração se espreme todo com milhões de questões que a minha cabecinha insiste em correr atrás. Milhões de “e se”. “E se ele conhece outra pessoa?”. “E se ele virar para mim e disser que não está preparado para um relacionamento agora?”. “E se eu pulei, mas ele nem subiu no trampolim?”. “E se eu nunca mais vê-lo?”. “E se...” Tudo o que K me respondia era “Isso não lhe diz respeito”. HEIN!??? Como não? “Se vocês vão ficar juntos , ou não. Não depende de você. Isso é com Deus. Você vive.” Mas eu não quero me machucar. Eu não quero ser abandonada. Eu não quero que doa. “Se doer, é porque tinha que doer. É porque você precisava aprender alguma coisa. Daí você vive a dor e agradece o ensinamento.” Ah, tá bom! Estou cansada de histórias de dor. Gato escaldado... e todo mundo sabe que eu sou uma cat person. K já estava me irritando com esse zen budismo todo, já estava com vontade de tacar o skype na parede. Eu preciso de respostas, de controle... “Você está com medo”. Ahááá!!! Verdade. Estou vivendo medo. Nem vi como ele foi entrar. A pior coisa do medo é que ele deixa nossa alma pequenininha. A gente começa a se debater, tentando controlar as coisas, tentando segurar um rio com a palma da mão. A idéia de controle cria uma ilusão de segurança. Então vem o ciúmes, a auto-estima vai pro chinelo. É nesse ponto em que a gente começa a machucar as pessoas. Principalmente a nós mesmos. Sabe porque a gente pula do trampolim? Porque é gostoso. Porque é um sensação incrível de entrega, de liberdade. Porque é muito triste ver um trampolim e só ficar olhando. Ver um trampolim e não saltar. O medo congela a gente. Nos impede de viver, de aproveitar. Gera intolerância. Gera muito mais dor do que pular em uma piscina vazia. Acredite em mim. Eu tinha feito um trabalho muito bom em tirar o medo da minha vida. Relaxei só um pouquinho e cá está ele de novo. Um deserto de medo, e eu parada bem no meio. Agora é achar um caminho para sair daqui. Achar um caminho que me leve de volta para onde haja amor, aceitação, entendimento (em vez de medo, dúvida, angústia). É difícil. É doloroso. Eu nem sei por onde começar.

Um comentário:

MH disse...

Dear, Kallel tem razão. Você vive. E deixa rolar, com uma certa dose de fé no universo. Gato escaldado se escalda de novo, às vezes, até o dia que não se escalda mais. (que pode já ter chegado, quem sabe?)
Aquela frase clichê de adolescente, melhor ter amado e sofrido que nunca ter amado, é a mais pura verdade. Ou você quer saber quantas vezes eu quebrei a cara (os braços, pernas, costelas) até não quebrar mais? E acha que eu não sei que não existe a menor garantia, que eu ainda posso sim quebrar a cara, todo mundo sempre pode? Só não dá pra viver pensando nisso, porque aí o medo, a paranoia, o pânico, dominam. A nós só cabe viver. Adorei isso...
beijos e respira...