sábado, 27 de março de 2010

SOMERSET HOUSE

A Somerset House é um mega espaço em Covent Garden, à beira do Thames, com várias salas de exposição e museus. No centro do prédio (que é super imponente) tem uma praça super agradável, a courtyard, onde no verão rolam festivais e projeções de filmes; e no inverno eles congelam toda a praça e as pessoas vêm de todos os bairros para patinar no gelo. O que quase ninguém visita é a Courtauld Gallery que fica em um dos pavilhões do prédio. A Família Courtauld era uma família de aristrocratas britânicos no ramo da prataria e da indústria têxtil. O negócio foi fundado pelo pai, mas era dirigido pela esposa, uma coisa muito incomum na época. Ela certamente era uma mulher incrível, e criou seus filhos de maneira a manterem uma linhagem próspera durante décadas e décadas. E acumularam uma impressionante coleção de arte ao longo de todas essas gerações. A galeria expõe esse acervo absurdo, incluindo linhas das pratarias produzidas pelos Courtaulds (baixelas, jogos de café e chá, bandejas; de uma riqueza e uma delicadeza sublimes) e mobiliários raros adquiridos pela família. Os Courtaulds foram, provavelmente, um dos maiores colecionadores de arte particulares, e o "singelo" acervo que está exposto nessa galeria inclui expressivas obras dos principais nomes das artes plásticas desde a Renascência até o Séc. XX. Tudo em um estado de conservação como se tivessem sido produzidos na semana passada. Organizados de forma cronológica e divididos dentro de suas escolas particulares, a gente vai transitando pelas salas e se deparando com Botticelli, Tiepolo, Rubens, diversos Bruegel (que eu particularmene amo). Estão lá "A Bar at the Folies-Bergère" de Manet (que de tão complexo acredito ser possível defender uma tese sobre ele, sobre a composição de cores, o desenho da luz, e as intrigantes relações de seus personagens), "Auto-retrato com a Atadura na Orelha" de Van Gogh (Totally Breathtaking!!!), o caríssimo "La Loge" de Renoir, algumas esculturas de Degas de estudos de suas bailarinas, os boêmios nas portas dos bordéis parisienses de Toulouse-Lautrec, a "Mulher de Kimono" de Matisse e uma sala quase inteira de Gauguin. Especialmente interessante olhar Gauguin, depois de ter visto o auto-retrato de Van Gogh com a evidência da briga dos dois. Ainda Monet, Kandinsky, Seurat, Mondigliani e uma exposição temporária de gravuras de Michelangelo. Eu não gosto de gravuras, mas Michelangelo é Michelangelo. A Courtauld Gallery é tão aconchegante, um museu pequeno, com uma coleção incrível, e, exatamente por não ser tão popular, nenhum gafanhoto (que preferem ficar todos tirando fotos no courtyard da Somerset House).

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