domingo, 18 de julho de 2010

LONDON, LONDON

Às vezes a gente precisa dar uma volta inteira para ver como nossa percepção de nós mesmos mudou. Explico. A primeira vez que eu estive em London foi logo no começo da jornada. Eu tinha passado um tempo com minha irmãzinha Carol, viajado um pouco por Portugal, e estava começando a me colocar no ritmo da jornada. Quem já teve gato vai entender o que eu estou falando. Quando você muda de casa e leva um gato para uma casa nova ele demora um tempo para se soltar. Cachorros não. Cachorros saem correndo para todos os lados, se batendo, babando, cheirando, fazendo xixi nos cantos. Mesmo porque eles nem fazem muita idéia de onde estão ou porque. Gatos são diferentes. Gatos se escondem em um canto em que se sentem seguros e ficam observando o espaço por um tempo. Depois eles arriscam atravessar o cômodo. Ainda encolhidinhos, até alcançar algum outro buraco. O importante para eles é que estejam em lugares que se sintam protegidos. “Entocados”. Até se sentirem seguros no ambiente novo, eles arregalam os olhos e ficam atentos. Só depois de terem certeza de que estão em casa é que começam a circular alegremente de um lado para outro. Eu sou uma cat person. Eu me entoquei, e quando eu vim para London foi quando eu comecei a circular de um lado para o outro. E London teve cara de casa. Porque me trazia tanto de São Paulo. Porque é uma cidade grande, cosmopolita. Sem o trânsito caótico. Com tanto mais acesso e civilização. Com mais respeito nas ruas. Sem tantos dos defeitos que dava dó em São Paulo. Então eu viajei. Fui para Dublin, voltei para Portugal. Fui para Espanha. Tive a experiência fantástica de Marrocos. Então Itália, e tanto amor na Itália. O test-drive na França, (que só chegando aqui é que eu fui me dar conta de que foi um turbilhão, e foi intenso, e me afetou muito mais do que eu estava imaginando). Então chegar em London foi como voltar para casa. O problema é que eu não quero voltar para casa. Mesmo melhorada. Mesmo sem tantos defeitos. Londres é uma cidade grande. Maravilhosa, irresistível, cosmopolita. Tudo o que São Paulo também é. Mas é também uma Plaza de Toros. E eu já falei aqui como estava saindo das Plazas de Toros. Não existe nada lá fora que eu não conheça. Nada que possa me maravilhar. Não da maneira que eu quero ser maravilhada. Hoje combinei de almoçar com a Flo. Estou aqui enrolando para tomar um banho depois da corridinha. Tenho taquicardia de pensar no tube. Ontem fui comprar camisetas de manga comprida para o friozinho que tem feito. Oxford Street e eu com vontade de chorar. Nem consegui comer o resto do dia. Eu sei, é até pecado. Me sinto no fundinho um pouco culpada. Estou em uma das cidades mais incríveis do mundo, e eu não quero ficar aqui. Ainda bem que já comprei minha passagem. Amanhã pego o tube pela última vez. Para uma estação de trem.

Um comentário:

MH disse...

Foi pra ondeeeeee????