sábado, 8 de janeiro de 2011

GUATEMALA - DIA 5 E SÁBADO

Sobrevivi à primeira semana. Engraçado que faz tão pouco tempo que estou aqui, e parece uma vida. Estou completamente integrada na rotina, e as crianças... Ah! Como é que a gente pode criar afeto tão rápido? Eu me lembro no primeiro dia quando cheguei. Phoebe me fez uma apresentação do projeto, dizendo as regras que devíamos seguir. Uma das regras é que nós não podemos abraçar ou manifestar afeto pelas crianças na rua da comunidade. Não são hábitos da cultura indígena deles. “Mas quando estamos dentro do projeto, nós podemos abraçar, beijar, apertar.” Eu ouvi aquilo, e eu não me imaginava fazendo essas coisas com crianças completamente desconhecidas. Esse é o tipo de coisa que eu faço com os meus sobrinhos e só. E mesmo assim eles fogem de mim. Todavia, assim que cheguei no projeto foi uma explosão. Existe uma energia tão incrível, tão magnífica. Tudo o que eu queria fazer era abraçar, beijar, apertar aquelas crianças. Fico ansiosa de manhã esperando o momento de fazer isso. E elas se escancaram, pulam no seu colo, te beijo. Ontem, Maylin, uma aluna minha do período da manhã (bem inteligente por sinal) me abraçou no final da aula e disse “Estoy feliz, maestra. Estoy feliz que esteja aquí.”  Me apertou tão forte e disse “Te amo, seño!”. Deus! E para tanta gente é tão difícil dizer “Eu te amo”. Dizem inclusive que se você disser “eu te amo” para um cara, você provavelmente nunca mais vai vê-lo na vida (em compensação, se disser “eu te odeio”, vai ter o melhor sexo da sua vida...).Ontem foi também o último dia de Lyn e Alec. Lá estava eu chorando como uma bundona novamente. Eu e Alec, enquanto as crianças iam uma a uma se despedindo dele. No almoço rolou homenagem e discurso. A hora q Alec começou a falar, a voz embargada (porque ele é bundão como eu) eu já virei e avisei “If you cry, I cry”. E não deu outra. À noite fui com Martin (cino-inglês, também voluntário), Kim (australiano e doidinho, voluntário) e Hannah (escocesa, do staff da GVI e minha nova paixão aqui. Ela é demais!) comer uma pizza para nos despedirmos de Alec e Lyn. Um restaurante italiano de um americano (gato), mas o chef e o barman eram italianos (Gatos. Bem gatos.) A promoção era “Peça dois cocktails e ganhe uma pizza”. Eu e Hannah fomos de Apple Martinis. Quando o  barman soube que eu era brasileira e não tinha pedido caipirinha se sentiu ofendido. Mandou uma caipirinha mega caprichada para eu provar como cortesia da casa (Isso é para eu nunca dizer que nenhum gato pagou um drink para mim!). Depois de dois martinis e uma caipirinha, fomos dançar e tomar cervejas no La Sin Ventura. O lugar é aqueles tipos de infernos que eu só fui porque já estava altinha, não estou no meu país e a compania era boa. Imagina o pior do pop fm. Agora imagina isso em espanhol. Yeah, baby, yeah! Poperô guatemalteco. Acabou sendo divertidíssimo. Kim estava impossível, pulando de um lado para o outro e dançando. Martin estava mais no meu mood de tomar cerveja encostado em um canto. E Hannah desapareceu. Foi abduzida. (Ela está aqui há quase um ano. Completamente integrada a cultura local.) Cada música tinha seu respectivo videoclip exibido no telão... aquela coisa de um cara fazendo pose de mal com óculos escuros enquanto um par de gostosa rebola e faz cara de tesão atrás. Entre um poperô e outro rolava salsa. Kim me encheu tanto que eu fui dançar salsa com ele. Ou melhor, eu fui conduzí-lo na salsa.Tomei minha cerveja. Então um cara me tirou para dançar, a gente arrasou na salsa. Mais cerveja. Tentei ir ao banheiro. Mais cerveja. Resumo da ópera: eu já estava amiga do DJ, pulando igual louca ao som de “I´ve gotta feeling” dos Black Eyed Peas, Hannah rolava de rir e Martin incrédulo. Balada guatemalteca. Com a vantagem que não dá para correr o risco de amanhecer comendo sanduiche de pernil do Estadão porque tudo fecha a 1h. Por lei. Voltei para casa ameaçando Martin de morte caso ele falasse alguma coisa para alguém e acordei hoje às 9h. Quase uma benção depois dessa semana. O café da manhã tinha pasta de feijão e ovo frito de novo, mas dessa vez foi perfeito. Ótimo cardápio para ressaca. Encontrei com Martin e Hannah no Raibow Café (que é um charme. Tem um sebo e um pátio delícia.) e a gente passou o dia como lagartixas tomando Long Island Iced Teas e brigando com a conexão de internet que caía a cada 15 minutos. Quando a luz do Sol baixou Martin foi comido no mercado tirar fotos. O Mercado é como uma feira fixa a céu aberto. Meio como um camelódromo. Praticamente uma Disneyland para fotógrafos. Fiquei doida. Esse país é tão perfeito para fotografar. A luz, as cores, as pessoas. Estou totalemnte apaixonada. Amanhã acordo mega cedo. Saio às 5h para o Lago Atitlán. Mais mega fotos. Quem diria? Eu que não esperava nada!

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