domingo, 9 de janeiro de 2011

LAGO ATITLAN

O despertador tocou às 4h20 da manhã. Sabe o que é isso? 4h20!!! Meu corpo estava até achando que era pegadinha. Aquela sensação de que eu nem tinha pegado no sono e já tinha acordado. A van passou para me pegar 4h45. Entrei, sentei no lugar que me pareceu mais confortável e dormi. Fui a primeira a ser pega, então ainda rolou um pinga-pinga para pegar turistas em seus hotéis. Todos, todos mochileiros de 20 e poucos. Eu vou apenas até Panajachel que fica umas 2h30 de Antigua. Eles todos estavam indo para a fronteira. Seguindo a mochilada para o México. Do meu lado sentou uma garota inglesa que estava mochilando a América Latina há seis meses (e eu desconfio que a última vez que ela tomou um banho foi na Inglaterra). Detesto intimidade! Achei que seria melhor dormir. E dormi. Minha programação era chegar por volta de 7h30 em Panajachel e tomar café da manhã com calma. Era o programado. Só que as duas topeiras que estavam dirigindo a van fizeram tanta confusão com os turistas, se perderam, que eu só cheguei às 8h40. A saída para o tour de barco era às 9h. Me deram um lunch box e já tive de sair correndo até o barco. Eu necessitada de um café. Engraçado que a Guatemala é uma grande produtora de café, mas eles aqui tomam fraco e instantâneo. Imagina? Um dos melhores cafés do mundo e todo mundo tomando Nescafé. Eu achando que ia me esbaldar aqui, tenho muita dificuldade de encontrar um lugar que tire um bom espresso. Mesmo em Antigua que é bem turística. Anyway. Depois que entrei no barco a coisa acalmou. Eu detesto fazer coisas correndo, então o epísódio todo podia ter me deixado de muito mal humor. Mas eu não estava afim de estragar meu domingo. Tirei minha máquina fotográfica da mochila e relaxei. Um dia inteiro de fotografias. Viu como eu sou uma criança fácil de ser agradada? O Lago Atitlan é gigantesco, rodeado por três vulcões extintos. De manhãzinha tinha uma névoa beirando o lago, a luz estava azulada que nem dava para acreditar. Olhei aquilo e pensei “Olha só o quadro da minha sala!”. Ajustei a câmera com um ponto subexposta e... LINDO! Depois tirei mais umas 15 fotos dos vulcões e do lago. Brinquei com diferentes ajustes e exposições. Mas aquela primeira foto... Aquela vai ser ampliada e virar um quadro azul na minha sala (o dia que eu tiver uma). O lago é todo rodeado por povoados. São 12 no total. Cada um recebe o nome de um apóstolo. Visitei primeiro San Marcos Laguna, depois San Pedro Laguna e por último Santiago Laguna, onde ficamos mais tempo e almocei. Uma pena, porque meu favorito foi San Pedro. Super informal, repleto de cafés, restaurantes, spas de massagem e aulas de yoga. Até conheci um filipino-holandês que dá aulas de meditação e respiração em Antigua. (Adoro a globalização! Essa coisa de “sangue puro” é tão last season...) Peguei o contato dele e acho que vou fazer. Vai ser no mínimo divertido. No final do dia ainda tive um tempinho para explorar um pouco o mercado de Panajachel, mas eu estava tão cansada que já não tinha muitas forças para fotografar. Não saíram tão legais. Mas foi um bom dia. Saldo super positivo. Eu não sei se é por exaustão, ou porque esse é o tempo da coisa mesmo, mas parece que está tudo mais calmo. Como se o meu vulcão estivesse extinto. Sinto progresso na minha técnica de fotografar. Ando calma e minha cabecinha não criou abobrinhas nem uma vez. Parece que tudo está perfeito e que eu estou exatamente onde eu devia estar a cada segundo do dia. Não estou falando de estar na Guatemala, ou em São Paulo, ou no mundo. Estou falando de viver o presente e sentir que ele realmente está acontecendo nesse exato momento. Sem passado, sem futuro. Sem projeção do que poderia ter sido. Estou só eu. Sendo. Um vulcão adormecido na beira de um espantoso lago azul. Acho que é isso. Acho que sou eu. Como a foto aqui embaixo, que vai decorar a sala da minha casa. Se algum dia eu tiver casa.

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