Yeahhhh! Ontem foi um daqueles dias que fazem tudo valer a pena. Nada de especial. Mas tudo ao mesmo tempo. Minhas turmas estavam incríveis. Alegres, ativas, super participativas. A gente fez um projeto de arte que ficou um arraso. Decoramos copinhos de iorgute com vários tipos de materiais. Papéis picados, lantejoulas, glitter, penas, cascas de lápis. Depois colocamos algodão dentro e plantamos grãos de feijão. Estudamos plantas essas semana. Ficaram lindos, e as crianças piraram. Fora isso foi uma carga de amor tão grande que eu tinha vontade só de congelar o momento e viver ali para sempre. Irma estava meio doentinha, sentou no meu colo e ficou um tempão olhando nos meus olhos e acariciando meu braço. Danilo ficava pulando e esticando os braços para agarrar meu pescoço e me dar beijos. Esbin veio em segredo e me deu um anel de presente. Um desses aneis de brinquedo que vinham nos doces quando eu era pequena. E Hector como sempre me dizendo o tempo todo “És buena, seño. És buena.” Tanto amor. Tanto. Eu fico pensando se é por isso o que os professores passam em suas rotinas. Dias em que a gente pensa que é um fracasso, para se seguir outro em que nos sentimos a última bolacha Bono do pacote. Existe uma satisfação e uma completude em ensinar que eu não sei muito bem como descrever. Quando você consegue acessar uma criança, quando você consegue ver nos seus olhinhos o pensamento se formando, o ensinamento assimilado. A maneira como o rosto de uma criança se ilumina quando ela aprende algo é de uma satisfação viciante. Melhor do que comprar uma carteira nova da Prada, melhor do que comer sorvete de Macadâmia da Haggen-Dans ou tomar caipirinha de Lichia do Balcão. Melhor do que sessão de massagem e ofurô. Ouso a dizer até que é melhor do que comprar 5 pares de sapatos de uma vez. Ok, estou usando as futilidades como piada. Mas deu para entender. As crianças estavam todas encucadas, porque Jack (o novo voluntário) começou com a gente essa semana e geralmente isso significa que o antigo voluntário vai embora. Então todos estavam apreensivos em saber se eu estaria lá na Segunda-Feira. Sim, eu estarei. Mas é a última semana. Não gosto nem de pensar. Está aí uma coisa que vai ser difícil. Me despedir dessas crianças na Sexta-Feira. Só de escrever aqui meu coração já se contrai todo. Como é que é possível? As coisas serem tão intensas em tão pouco tempo? Depois do dia maravilhoso de ontem fui com meus dois melhores amigos daqui, Martin e Hannah, jantar. Chamamos Lucy, minha roomie, também. Tivemos um jantar divino em um restaurante argentino daqui. Carne de primeira, regada a um maravilhoso Malbec de Mendoza. Diz aí? A vida não é uma coisa boa? Esticamos para um bar onde encontramos os outros voluntários. Dei tanta risada. Dias incríveis esses. Ah, claro que preciso contar. Finalmente fiz minha primeira viagem de Tuk-Tuk na Guatemala! Eu gritava de emoção dentro e Martin só balançava a cabeça. Tuk-Tuk é um meio de transporte bem popular por aqui. É um triciclo motorizado com uma carroceiria e eles estão por todos os lados. Sou apaixonada por eles. Toda vez que vejo um tiro uma foto. Já tenho centenas, mas continuo fotografando só porque não consigo evitar uma excitação totalmente infantil quando vejo um. Eles dirigem como loucos pelas ruas de paralelepípedos de Antigua. Não é muito difícil ser atropelado por um. Ontem a gente pegou para chegar até o restaurante porque Martin estava perdido e fazendo Lucy e eu andar em círculos e definhar de fome. O negócio balança tanto. Mas tanto. Me senti em um pau-de-arara (não que eu tenha andado em um alguma vez). Mas foi a mesma sensação de quando eu fugi de Jericoacoara na carroceria de um caminhão pelas dunas. Eu tenho achado minha vida du caralho! Vulcões, tuk-tuks e crianças remelentas que dizem que me amam. Vou até colocar uma foto aqui embaixo das minhas paixões motorizadas. Se eu morasse aqui, compraria um só para me exibir todos os dias.
Um comentário:
Ótima a foto! Espero que não seja "a última bolacha bono do pacote", mas a 18a de milhares. Thanks.
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