quarta-feira, 11 de agosto de 2010

VIVENDO COMO MAGGIE DICKSON

Vou contar uma história que ouvi ontem. História de uma escocesa chamada Maggie Dickson. Ela era casada com um cara que não dava nenhum valor para ela. Ele era um pescador, foi o que era considerado um bom casamento para a época, e Maggie gostava de verdade do cara. Mas um dia esse cara sumiu. Desapareceu. Escafedeu-se. Largando Maggie desesperada e sem nada. A garota então mudou de cidade e começou a trabalhar em uma estalagem. Acontece que o dono dessa estalagem tinha um filho, e os dois se apaixonaram perdidamente. Amor à primeira vista. Um amor tão forte e tão intenso, que ignoraram todas as circusntâncias e depois de um tempo aconteceu o inevitável. Maggie ficou grávida. Como a situação seria um escândalo, já que ela ainda era casada, Maggie resolveu esconder a gravidez. Disfarçava com roupas, vestidos mais largos. Tanto que ninguém, nem mesmo o dono da estalagem descobriu. Maggie teve um parto prematuro e seu filho nasceu morto. Arrasada, Maggie pega o corpinho de seu filho e enterra na margem de um rio. Alguns dias depois descobrem o corpo e acabam chegando até Maggie. Ela estava encrencada. Não porque teve um filho de outro homem quando ainda era casada. Nem por ter sido acusada de matar o próprio filho. Nem mesmo por ter enterrado a criança na margem do rio. Maggie foi acusada de esconder a gravidez. Naquela época uma mulher que escondesse sua gravidez da sociedade era acusada de crime grave e condenada à forca. Foi exatamente isso que aconteceu com Maggie. Ela foi trazida para Edinburgh e enforcada em 1728 no Grassmarket. Lugar onde ficava o cadafalso e onde eram feitas todas as execuções da Escócia na época. Depois dos sete minutos habituais o corpo de Maggie foi retirado da forca, ela foi declarada oficialmente morta e colocada em um caixão para ser levada de volta a sua cidade e ser enterrada. Só que, no caminho de volta, Maggie acorda e começa a bater no caixão. Os cocheiros ficam assustados, abrem o caixão e se deparam com Maggie vivinha da silva! A única coisa que poderiam fazer era trazer Maggie de volta à Edinburgh para ser enforcada novamente (e dessa vez de maneira eficiente). Então Maggie é levada de novo para o Grassmarket, é colocada no cadafalso e quando está prestes a ser enforcada pela segunda vez no mesmo dia, alguém na multidão intervém. “Ei! Espere um pouco! Margareth Dickson foi executada e declarada morta de acordo com as leis escocesas, pelo crime de ter escondido sua gravidez.” Correto. “Só que, de acordo com essas mesmas leis, uma pessoa não pode ser condenada e executada duas vezes pelo mesmo crime.” Hummmm... Correto. Isso se chama Double Jeopardy. Então as autoridades foram obrigadas a libertar Maggie e deixá-la ir. E como ela havia sido considerada morta e as leis matrimoniais exigiam fidelidade “até que a morte os separe”, Maggie Dickson conseguiu cancelar seu casamento, se casou com o filho do dono da estalagem e eles foram felizes para sempre. Eles mudaram para Edinburgh, compraram um apartamento no Grassmarket, bem de frente ao cadafalso. Todas as vezes que ia haver alguma execução, Maggie sentava na janela para assistir. E quando o condenado tinha a corda envolta ao pescoço, ela se debruçava e gritava: “Não é tão ruim quanto parece. Eu passei por isso e SOBREVIVI!”.
Eu sou louca por histórias de mulheres. Por história de mulheres fortes. De mulheres ousadas. Principalmente de mulheres inteiras. Às vezes a melhor solução é entregar para o astral. A gente está envolvido demais para achar as melhores soluções para nós mesmos. Não importa que a gente esteja literalmente com “a corda no pescoço”. O universo sempre vai achar uma maneira simples, óbvia, fantástica para nos garantir um final feliz.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tô gostando de ver, você deu uma turbinada depois da Complicated Life dos campos... Muito bom.
Curta mesmo, já te falei, as Highlands são o máximo.
Conselho (não, não é ruim) amigo:
Lembre de jantar até 20 hs, tudo fecha muito cedo, e você corre o risco de ficar com fome à noite, enquanto não escurece e o estômago ainda não pensa em comer.
Bjão,
Eva.