quinta-feira, 27 de maio de 2010

PIANO!

Adivinha só? Estou apaixonada! Completamente, irrestritivamente apaixonada. Por Roma! É tudo sobre beleza, e vida. Me sinto tão viva que tenho medo de sair daqui e nunca mais respirar. Amanhã vou para Nápoles. Passar o final de semana, tentar otimizar meu tempo na Itália. Mas preciso ficar me convencendo de hora em hora que é a melhor coisa a se fazer, porque minha vontade mesmo é otimizar Roma no meu tempo. Ou talvez eu devesse simplesmente desistir de Nápoles e ficar por aqui fazendo exatamente isso. Hummm... Escrevendo isso agora, parece a melhor opção. Uma coisa que estava me incomodando muito com o ritmo da viagem é que, embora eu adore estar em trânsito e conhecer um monte de lugares e pessoas, eu sentia sempre falta de me aprofundar. Tudo acabava virando números, alguns contatos de facebook e pronto. Ficava tudo na superfície. E eu ia embora com a sensação de não ter sentido de verdade, não ter vivido de verdade. Sempre com a sensação de “um dia eu volto com tempo”. Fazendo agora uma semana de Roma é que eu começo a sentir melhor a cidade. Criar vínculos com as pessoas, trocar confidências, conhecer histórias. Cada dia mais quero as coisas inteiras. Quero ir até o osso, me afogar até perder o fôlego. Coisas intensas precisam de tempo. E talvez eu devesse me dar mais tempo para as coisas. Meu grupo de italiano é só de mulheres. Entre 30 e 45 anos. Três suíças, uma alemã, uma neo-zelandesa, uma holandesa, uma coreana e uma inglesa. Fiquei muito grata de não ter caído em um grupo cheio de adolescentes cantando Lady Gaga (tenho uma preguiça muito grande de adolescentes!!!). E nós estamos todas nos dando muito bem, realmente temos um laço de boa vontade e amizade em comum. Todas as aulas damos muitas risadas, e contamos histórias de amor e descemos todas para almoçar juntas. Muitas vezes não entendemos o que cada uma quer dizer em sua própria versão de Italiano Tarzan (e depois do horário de aulas, reina o inglês absoluto!!!), mas é uma delícia ir descobrindo e se comunicando além da língua, da cultura, da bagagem de cada uma. Combinamos coisinhas divertidas para fazer à noite também. Hoje vamos todas nos arriscar a assistir um filme italiano no cinema, com direito a pipoca e M&Ms. Ontem rolei de rir em um clube de salsa. Uma das meninas andou fazendo umas aulas de salsa por aí e queria colocar em prática. Fomos todas dar apoio moral e beber mojitos (Mojiiiiiitosssss!!!). Sinto falta das conversas “mulherzinhas” com minhas amigas. Teclar no msn é bem menos eficiente do que sentar em um restaurante, enxugar uma garrafa de vinho, e ouvir de uma amiga que ela também rói as unhas e fica angustiada checando a caixa de emails à cada meia hora. Talvez eu devesse desistir de seguir meus planos tão à risca e aproveitar novas portas que a vida está colocando a minha frente. Respirar. Ir com calma. Eu quero sempre tudo, ao mesmo tempo, agora. E acabo sempre com a sensação de que não tenho nada. Talvez eu devesse pegar uma única coisa e ir até o fundo, mesmo que eu perca milhões de outras na troca. Estou fazendo 3 meses de estrada. Três meses, uma saudade danada, uma verdadeira maratona. Mas se eu quero chegar até o fim (e como ainda tem muito mais caminho para percorrer do que o percorrido), o ritmo precisa mudar. Como diz Francesca, minha professora de italiano: “Piano, Piano, Piano!”

2 comentários:

Renatinha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renatinha disse...

Nossa Adriana,
Que delícia te ler e viajar com vc...
Escrevi outro comentário horrível aqui, pois ainda não acordei e fui com vc distraida para Roma neste texto leve e solto...
Adorei...
beijos