sábado, 19 de junho de 2010

VENTIMIGLIA


Ventimiglia é a cidade que fica na fronteira da Itália com a França. Na verdade na fronteira com Mônaco, mas a gente sabe que é tudo a mesma coisa. Como eu vim parar aqui? Bom, na verdade a gente estava procurando um jeito de sair de Veneza e chegar na França. Em Nice, mais especificamente, que é a maior cidade francesa logo próxima à Itália. Acontece que Veneza é do outro lado do país. Fazendo costa com outro oceano. Depois de pesquisar por horas e sites e possibilidades sem fim, descobri que a melhor maneira para chegar em Nice seria de trem. Aliás, de vários trens. Um até Milão. Um até Ventimiglia. E um até, enfim, Nice. Como nenhum dos dois aqui está com pressa (já que eu não tenho mais data para estar em Londres), resolvemos fazer uma quebra nessa, que seria uma torturante viagem de trem de mais de 10 horas. Ontem pegamos o trem de Veneza para Milão e outro até Ventimiglia. E reservamos um hotel aqui na intenção de seguir para Nice no dia seguinte. Acontece que Ventimiglia acabou sendo uma deliciosa surpresa. Se eu for contar, a cidade não tem nada de nada. Cidade pequena litorânea. Uma extensa praia de pedras, cercada por um encosta montanhosa. Como se fosse um aperitivo de tudo o que vamos encontrar em Cotê D´Azur. S. e eu decidimos em uníssono que seria uma boa idéa desempacotar as mochilas e esticar por aqui mais uns três dias. Estou grata. Fico angustiada de pensar que vou ter de pular igual macaco por cidades denovo. Quero fazer as coisas devagar, saborear melhor cada pedaço. E S. está na mesma vibe. Hoje fiquei andando pela cidade, me derretendo por cada cachorro que eu cruzava (Sim! Vários Cavaliers por aqui!!!). Depois coloquei meu biquini e fiquei um tempão deitada nas pedras da praia, assistindo o dia e me perdendo em pensamentos de céu, mar, estradas que desaparecem em montanhas. Depois encontrei S. e fomos até o Mercado Central (que fica algumas quadras do nosso hotel). Compramos frutas, alguns queijos, pão e suco. Sentamos na praia e fizemos picnic até começar a chover. Esfriou e chove por todo o Norte da Itália. Eu estava ouvindo nas notícias hoje que a culpa é da chegada do Verão. Com chuva e friozinho, nos trancamos no hotel. É sempre muito bom ficar na cama com o barulho de chuva na janela. Agora parece que não chove mais. Abrimos a janela e deixamos o som das ondas entrar e dormir com a gente. Hoje durante o jantar, na varanda de um restaurante a beira mar bem charmoso, soltavam fogos de artifício. S. disse que essa cidade o lembra um pouco de New Jersey Shore. Me lembra um pouco também alguma coisa de casa. Embora eu nunca tenha morado em praia... Talvez porque aqui não há gafanhotos, e seja cheia de pessoas simples, que vivem suas vidas de maneira autêntica todos os dias. Eu poderia morar em uma cidade assim por um tempo. Sinto inclusive que precisava morar em uma cidade assim por um tempo. Enquanto eu suspirava pela pracinha central, e pensava em como eu estava apaixonada por essa cidade. Surpreendida, encantada, sem ter colocado a menor das expectativas; S. vira para mim e diz “I really like this city!”. Eu soltei um sorriso de “Eu também” e segurei sua mão. Eu sei que a gente devia procurar ver os defeitos. É a tolerância a eles que vai nos fazer ficar juntos. Mas fica impossível não sucumbir quando a gente continua encontrando as coisas em comum.

2 comentários:

MH disse...

Que delícia, cherie!

E não precisa procurar os defeitos não. Nem pense nisso. Eles vão aparecendo aos poucos, quando as lentes dos óculos vão ficando menos cor-de-rosa e voltam a mostrar o mundo mais perto do real. E vem devagarinho, pra gente ir acostumando e aceitando. Só falhas de caráter muito monumentais aparecem de repente e com força. Mas os defeitos normais, aqueles que a gente também tem, aparecem com o tempo, aos pouquinhos. Por enquanto, relaxa e aproveita...

Ingrid M. disse...

Estou pensando em fazer o mesmo trajeto: Ventimiglia - Nice. Existe um trem que faça esse caminho? de qual companhia? Obrigada =)