terça-feira, 28 de janeiro de 2014

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Essa semana estou fazendo um Workshop de Edição Literária no Espaço Cult, com o André Conti. O André é editor da Cia. das Letras. Eu achava que ele fosse bem mais velho. Afinal existem meia dúzia de editores no Brasil e eles ficam mudando de uma editora para outra. E os outros são donos das editoras. Então eu tinha essa imagem de que ele seria um senhor, fumando cachimbo, no estilo do Pondé. O André é na verdade mais novo do que eu, e parece muito, muito, MUITO com o Dri, meu melhor amigo. O jeito de falar, a mania de fazer vozes para ilustrar as histórias que conta. Acho muito divertido quando a gente encontrar pessoas duplicadas na vida. Dá uma sensação de familiaridade e a gente já se sente íntima, mesmo sem a pessoa saber. O workshop está sendo bem interessante, para me ajudar a deixar as ideias mais claras e definir melhor o que estou procurando. A turma, todavia, foi um pouco decepcionante. Não consegui entender muito bem quem eram aquelas pessoas e porque estavam ali. Sempre tem alguém que está mais interessado em cavar uma vaga de emprego ou deixar um manuscrito na mão do professor, em vez de aproveitar a oportunidade para conhecer melhor sobre a função, entender como a coisa funciona. Por isso a sessão de perguntas ficou parecendo o grupo de orientação vocacional que eu tinha no colegial. É essa cultura do relacionamento competitivo, do networking, que existe nessa cidade. As pessoas estão sempre agressivamente se relacionando. Existe uma persona que deve-se assumir em festas, cursos, vernissagens, reuniões, lançamentos. Essa persona deve ter um toque de blasé, um calculado falso interesse no outro e a objetiva manipulação dos assuntos para caminharem aos seus interesses particulares. Antigamente eu me irritava com esse tipo de comportamento, é um dos maiores motivos de eu ter fugido do meio artístico. Hoje acho um desperdício apenas. Um desperdício de tempo onde se poderia criar vínculos e laços muito mais interessantes do que a troca de influência, e um desperdício de gente. Tão melhor conhecer as pessoas de verdade, sem essas personas na frente deixando tudo artificial e irreal. 

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