sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

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Levantei cedo para tentar correr, mas parece que o Sol levantou antes. Mesmo assim fiz 6K na orla de Copacabana, entre caminhada e corrida, suando em bicas, mas feliz pacas. Gosto de fazer exercícios ao ar livre. Gosto muito de praticar esportes ao ar livre. Me ajuda a sentir viva. Comprei o jornal e tinha a notícia do homem que roubou a arma de um policial e desencadeou um tiroteio no Reveillon. Parece que a mulher dele, que estava sendo espancada por ele e foi salva pelo policial, o perdoou. Parece que agora a culpa toda é do policial que salvou a vida dela. Impressionante como tem mulher que não tem auto-estima, que se submete a ser tratada como lixo. O ano mal começou e essa é a segunda que vejo. Vontade de dizer “Bem-feito!”. De desejar que ela fique sofrendo com o cafajeste. Mas a coisa não é tão simples assim. Esse tipo de mulher está doente. Não conseguem nem enxergar o quão submissas e patéticas são. Não acham que estão fazendo nada de errado. Essas precisam da nossa ajuda, mais do que qualquer outra. Uma desprogramação machista. Um trabalho de resgate de auto-estima. Fico desanimada quando vejo mulheres que permitem desrespeito, que permitem abuso. Acabam criando um álibi para que canalhas sejam canalhas com todas nós. Tava também no jornal que a praia está poluída, a água turva e com cheiro. Mesmo assim fui à praia, mas só porque Manú disse e garantiu que estaria na Barraca do Baiano. Fui e ainda roubei a prefeitura no Foursquare dela. Não encontrava com a Manú há mais de um ano. O tempo passa rápido e se não ficarmos atentos, nos perdemos. Eu, ela e a Evelyn ficamos horas embaixo de guarda-sóis, falando, rindo e dando força umas para as outras. Torcemos para não pegar micose, desviamos de absorventes na areia da praia, e quando o calor atingiu o pico, corremos para casa fazer lasanha de berinjela e tomar suco de tangerina. Meu incomodo é tão grande que sinto vontade de lamber pedras de gelo o tempo todo. Estou igual ao cachorro da Y. Um Terranova de 60Kg, preto e peludo, que está com insolação. Alguém precisava me jogar pedras de gelo. Se me sobrasse um tequinho de coragem, tinha entrado gritando no Zona Sul fingindo que me roubaram um rim, só para me jogar em uma das caixas de gelo. Rodei cinco padarias do bairro até encontrar um pote de sorvete ded litro. Parece que o Rio de Janeiro inteiro também está sentindo necessidade de lamber gelo. Os sorvetes evaporam das geladeiras. Adoro a sensação de encontrar o que procuro. Também adoro a sensação de pele fresca de banho quando a brisa bate, o frescor das minhas coxas na saia do vestido, e o frescor de descobrir um ar-condicionado. Toda vez que entro em um lugar com ar condicionado me sinto como naqueles filmes de ação, em que o mocinho foge da explosão e fecham a porta de contenção atrás dele bem no momento que o fogo vai atingí-lo. Comi cerejas, um pote de sorvete e terminei a noite  no Carioca da Gema, ouvindo samba da Teresa Cristina e cumprindo a promessa feita à Ana e à Cathy de finalmente sair com elas no Rio. Apesar de eu estar rabugenta e quase odiando o Rio (e eu não quero odiar o Rio), me sinto muito amada aqui. Tenho pessoas aqui. Uma família carioca. Foi o tantinho de bateria que eu precisava carregar para começar esse ano. Quero que ele seja assim: cheio de pequenos prazeres, encontros, pessoas amadas e felicidade.

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