Vou ser sincera que eu tenho levado a viagem no piloto automático. Sem fazer muito esforço, sem tentar pensar muito. Cheguei em Berlin e me enfiei em vários tours. Um diferente em cada dia. Eu estou tão exausta, que já não tenho mais pique de explorar, conhecer. Fica muito mais fácil quando eu simplesmente chego no ponto de encontro no horário marcado e vou seguindo um guia que me mostra tudo e me enche de informação. Sou bem fã de “walking tours”. Ainda mais em uma cidade com tanta informação como Berlin. Com tanta coisa que já aconteceu aqui, e que tem acontecido. Também não posso negar que uma grande parte de mim está no Brasil. Não sei se é certo ou se não é. Mas é como está sendo. Semana de eleições. Eu fico assistindo tudo daqui, lendo, ouvindo. E dá uma sensação muito grande de impotência. Não que alguma coisa mudaria se eu estivesse no Brasil (não sou tão egocêntrica assim). Mas eu não consigo deixar de sentir que é minha responsabilidade fazer algo pela minha sociedade. Afinal é para essa sociedade que eu vou voltar daqui um mês. Tudo é muito lindo. Tudo tem sido muito lindo. É realmente fascinante fazer essa viagem, andar por onde tenho andando. Conhecer todas as pessoas que tenho conhecido. Mas uma hora vai começar a vida de verdade, e eu não vejo a hora que ela comece. Nas últimas semanas eu tenho me sentido inútil e futil. Isso tem sido muito legal na verdade. Pensando muito no que eu QUERO fazer e não no que eu DEVERIA. Existem muitas expectativas para minha volta, e isso às vezes me deixa angustiada. Às vezes me deixa puta de verdade. Mas uma coisa que para mim está muito clara é que minhas escolhas não serão as mais populares, mas serão as minhas escolhas. Eu tenho estado muito ocupada em um relacionamento nos últimos meses. É um relacionamento muito intenso e de muito amor, e ele é comigo mesma. O tempo esfriou absurdamente aqui. Fico andando decasacão, cachecol e gorrinho. Bem cara do meu inverno esse outono deles. Amanhã vou para Dresden. Beber um pouco mais de tanta história que aqui transborda e em casa às vezes a gente se perde.
Um comentário:
Me identifico perfeitamente com seu sentimento. O engraçado é que a 'vida de verdade' é tanto aqui como em qualquer lugar. Por que então algumas viagens se parecem com um desvio da via principal, quando são a própria, que se desdobra em vias crúcis e delícias? Voltar de longe É difícil. Penso nos fins de semana quando, ainda perto, sentimos que nossa estrada segue longe do nosso caminho.
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