sexta-feira, 7 de maio de 2010

IN THE EDGE

Se eu disser que estou confusa, talvez seja pouco. Mas estou bem, estou plena e muito feliz. Sem que eu tivesse feito nenhum planejamento especial, essa primeira parte da minha jornada foi um mergulho no escuro do meu passado. Nas coisas que ainda estavam nas sombras. Acabei encontrando pessoas que me espelharam cada lugar pelo qual eu passei até chegar no ponto que estou hoje. Parece que alguém lá em cima é muito melhor roteirista do que eu. Agora que estou solta. Estou completamente sem pendências. Desci para o Sul da Espanha para, enfim, encontrar a Espanha que sempre povoou meu imaginário. Ruas labirínticas, vozes fortes de flamenco perdidas no meio da madrugada. Um gosto forte de vinho e rabada. O espanhol começa a se desvendar como língua, tenho me arriscado em conversas. Fui encantada por Sevilla. E surpreendida. Completamente desprevinida.  O que inquieta meu coração agora (ou talvez não inquiete, mas maravilhe) foi a surpresa de conhecer alguém com tanto em comum. Me fez pensar que alguém estava lendo meus sentimentos mais profundos e secretos. (Dá uma sensação de nudez, eu confesso.) Isso foi um susto. Não estava preparada. Difícil está sendo não me apavorar. Alguém já viu aquele filme "Antes do Amanhecer"? Foi igualzinho. Mas pelas ruas de Sevilla. Com a diferença de que, em vez de nos despedirmos na estação de trem, ele mudou os planos e me seguiu até Granada. E está agora ao meu lado, enquanto eu estou colocando esse post-sinal-de-fumaça, só para lembrar que ainda existo. Granada é a terra do meu bisavô. Ainda não assimilei nada desse calderão de surpresas, resgates e raízes. No horizonte somos maravilhados pelas superficie sempre branca de Sierra Nievada, e nos perdemos horas pelos jardins de Alhambra. Eu que me achava uma grande encrenca, começo a pensar em me dar um desconto. Pensando se pulo, me jogo, ou saio correndo. Mas como boa procrastinadora, vou deixar esse tipo de escolha para depois. Quando enfim nos despedirmos na estação.

Um comentário:

Unknown disse...

Querida, não precisa pular, se jogar e muito menos sair correndo... simplesmente sinta e aproveite cada momento desse presente que lhe foi dado por alguém que sabe muito mais do que todos nós... Divirta-se! Lembra de nossa conversa no ônibus de Malahide para o Centro de Dublin?? Vc me disse que ainda acreditava em "princípe encantado"... seja feliz!! Depois quero saber tudo e o futuro não pertence a nós... Bjnhos